Bitcoin não é pirâmide, mas ambiente é propício, diz juiz brasileiro

Evento em Minas Gerais ensinou juízes sobre o tema das criptomoedas, penhora de bitcoin e blockchain nesta sexta-feira.

Um juiz brasileiro disse durante um evento nesta sexta-feira (4), em Minas Gerais, que o bitcoin não é um esquema de pirâmide, mas reconheceu que o ambiente onde a moeda digital está inserido é propício para o surgimento de fraudes financeiras.

Promovido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o Seminário de InovAção começou na última quinta-feira (3), com evento presencial para servidores do judiciário, juízes e público externo.

As discussões tinham como objetivo principal capacitar os profissionais em novas tecnologias, sendo uma das palestras sobre o tema de “Blockchain, Criptomoedas e Smart Contracts no âmbito do Poder Judiciário“.

Juiz diz que bitcoin não é pirâmide e pessoas devem entender isso, apesar de ambiente propício

Responsável pela apresentação no TJMG do tema sobre criptomoedas, o juiz do Piauí, Thiago Aleluia Ferreira de Oliveira, Doutorando em Novas Tecnologias pela UERJ, falou sobre o tema da nova economia digital.

Segundo o juiz, o judiciário brasileiro não pode deixar de acompanhar as inovações, visto que muitas disputas são incorporadas ao ambiente judicial, principalmente naqueles casos em que não há regulamentação sobre os assuntos.

O juiz citou um caso onde a justiça mandou apreender uma “hardwallet” de uma pessoa em uma decisão que demonstrava claro desconhecimento sobre os fundamentos das criptomoedas.

Ao explicar sobre o Bitcoin, ele disse que a criptomoeda é semelhante ao real ou o dólar. Bancos como o BTG Pactual já vendem o ativo para seus clientes, lembrou o juiz.

Sobre o bitcoin ser uma pirâmide financeira, o magistrado de Piauí lembrou que temos que acabar com a ideia de fraude quando se pensa no Bitcoin, mesmo que o ambiente seja propício.

“A gente tem que acabar com essa ideia de que o Bitcoin é só pirâmide, é só fraude financeira. Óbvio é ambiente para isso, porque como uma moeda volátil se você comprar o Bitcoin hoje amanhã ele pode se valorizar 10 ou 20%. Isso é um ambiente propício para piramideiros e fraudadores atraírem a atenção da população. Por isso é importante procurar corretoras seguras para operar.”

O juiz piauiense lembrou que qualquer oferta de rendimentos fixos com criptomoedas é uma possível fraude.

Penhora de Bitcoin em corretoras é uma prática que deve ser mais utilizada pela justiça

Sobre a penhora de Bitcoin, o juiz Tiago Aleluia lembrou ser totalmente possível que a justiça envie ofícios para corretoras a fim de buscar esses bens em nome de devedores.

Ele lembrou que quando outras medidas de penhora não se mostram suficientes, a busca por criptomoedas deve ser realizada.

Caso as corretoras encontrem qualquer valor, devem converter as criptomoedas em Real brasileiro e colocar a disposição da justiça. O juiz lembrou que a receita federal já recolhe dados dos investidores e isso pode facilitar em buscas de ativos.

Caso as criptomoedas não sejam encontradas em corretoras, medidas como busca e apreensão para pesquisa de carteiras de criptomoedas também podem resolver os casos.

O magistrado defendeu que os agentes devem estar capacitados  a convencer o réu a revelar a senha da carteira em caso de busca e apreensão.

“Se a pessoa não tiver a senha a gente não consegue acessar.”

“Com a blockchain não precisamos confiar em terceiros, nem mesmo no estado”

A tecnologia blockchain já é considerada por muitos como a mais segura em gestão de dados do mundo atual. Isso porque, quando um determinado dado é registrado, ele ficará guardado para sempre, com transparência e imutabilidade.

Por conta disso, o juiz afirmou que o judiciário deve se atentar para a inovação que já permite inclusive a apresentação de provas robustas, principalmente quando são geradas em meio digital.

Segundo o magistrado, com a tecnologia blockchain não é necessário confiar mais em pessoas, empresas e até no Estado, visto que um registro guardado em blockchain é uma prova irrefutável.

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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