Prometendo ser melhor que o Bitcoin em termos de anonimato, a rede de testes do DarkFi foi lançada na tarde desta sexta-feira (3), podendo ser a próxima dor de cabeça para reguladores de diversos países.
Um dos nomes envolvidos no projeto é Amir Taaki, conhecido por trabalhar como desenvolvedor do Bitcoin quando a criptomoeda valia apenas alguns centavos. Em conversa com o jornal Politico, Taaki afirmou que o DarkFi ajudará as criptomoedas a completarem seu destino.
Enquanto isso, outros especialistas também deixaram sua opinião sobre o projeto. Segundo Matthew Green, um dos fundadores da Zcash (ZEC), “eles parecem estar realmente colocando muito esforço de engenharia nisso.”
“Não é um projeto pequeno. Eles pretendem fazer algo muito, muito poderoso.”
No entanto, o cientista da computação também notou que “construir blockchains privadas que podem fazer coisas como o Ethereum é realmente difícil”, destacando o desafio que a equipe do DarkFi tem pela frente.
Outro que elogiou a criptomoeda durante a conversa com o Politico foi Evan Shapiro, CEO da Mina Foundation, notando que “eles sabem como fazer e estão pensando corretamente.”
No entanto, outros expressaram preocupações maiores. Para Bill Callahan, ex-agente do DEA, caso os desenvolvedores apontem publicamente que desejam usar a criptomoeda para driblar a lei, “isso provavelmente será a primeira prova” contra eles.
“Se eles permitem que isso seja usado por pessoas maliciosas, eles correm o risco de serem responsabilizados.”
Projeto DarkFi nem foi lançado e já está causando reações
Quanto ao seu nome, DarkFi, este tem ligação com expressão “Going Dark”, usada em 2014 por James Comey, diretor do FBI, para explicar como a criptografia estava dificultando o trabalho de seus agentes. Já a segunda parte está relacionada a DeFi, sigla inglesa para Finanças Descentralizadas.
No site do projeto é possível encontrar mais informações sobre o mesmo. Como exemplo, o DarkFi promete pagamentos, swaps, DAOs e até mesmo contratos inteligentes, todos anônimos.
Quanto ao algoritmo de consenso, a equipe decidiu usar o Ouroboros Crypsinous (criado pelos desenvolvedores da Cardano) como base. Portanto, a criptomoeda será um Proof-of-Stake, mas com uma maior privacidade aos validadores.
“Se algo infeliz acontecer a um indivíduo, outro indivíduo tomará seu lugar”, notou Jstark1809, um dos desenvolvedores do DarkFi. “É uma hidra que você não pode matar completamente. Você corta uma cabeça, outra cabeça aparece. Somos impossíveis de parar.”
Segundo Amir Taaki, um dos desenvolvedores, o projeto será bem mais anônimo do que projetos comerciais que não conseguem resistir a pressão governamental.
Portanto, enquanto reguladores ainda não decidiram como controlar as criptomoedas mais antigas do mercado, o DarkFi promete dar mais trabalho aos mesmos. Além disso, também é esperado que novos projetos se inspirem no mesmo, como é comum acontecer no setor.
Os planos dos desenvolvedores
Embora tenha lançado sua rede de testes na tarde desta sexta-feira (3), ainda não há previsão para o lançamento da rede principal. Mesmo assim, no site é possível encontrar os planos dos desenvolvedores, como exemplo:
- Capacidade de implementar contratos inteligentes personalizados
- Consenso Khonsu como um contrato inteligente WASM atualizável
- Rede DHT para armazenamento de arquivos e metadados
- Wiki, contabilidade e tarefas descentralizadas
- Proteção contra spam para protocolos anônimos
- Serviço de gateway Nym
- NFTs anônimos
- DEX anônima
- Ponte com Ethereum
Por fim, vale lembrar que muitos projetos focados em privacidade falharam. Como exemplo, um estudo aponta que apenas 0,09% das transações de Zcash (ZEC) são anônimas, por escolha dos próprios usuários.
Portanto, ainda que o DarkFi consiga entregar um bom projeto, parece que — antes de tudo — os usuários precisam ser convencidos sobre os benefícios do anonimato.