Um possível espião da Rússia, preso no Brasil pela Polícia Federal, confessou para autoridades que trabalhava com bitcoin e chegou a movimentar altas quantias em corretoras brasileiras de criptomoedas.
Em um processo a que o Livecoins obteve o acesso, o acusado de praticar atos de espionagem no Brasil foi pego ao voltar da Holanda, após o país europeu negar sua entrada acusando o suspeito de utilizar documentos falsos.
Atualmente, ele encontra-se preso no presídio federal no Distrito Federal, acusado de uso de documentos falsos, atos de espionagem e lavagem de dinheiro. O caso encontra-se sob o cuidado da divisão de Contrainteligência da Polícia Federal do Brasil.
Possível espião russo movimentou bitcoin em “corretoras oficiais” do Brasil
Preso desde 2022 no Brasil, Sergey Vladimirovich Cherkasov, um cidadão russo que utilizou uma identidade falsa de um brasileiro nos últimos anos, espera definições de seu futuro.
Acusado principalmente de cometer crimes de falsificação de documentos, ele sustentou perante a justiça que comprou bitcoin barato no início da história da moeda digital, auferindo grandes lucros em sua posição.
Além disso, ele confessou em conversas com investigadores brasileiros que não é um espião russo, e que trabalha com a compra e venda de bitcoin.
Com isso, ele chegou a declarar que suas operações com bitcoin funcionam apenas em corretoras oficiais, tendo ele movimentado valores em plataformas no Brasil e nos EUA.
Chamou atenção da justiça brasileira, contudo, que o russo não comprovou com documentos seu trabalho com a compra e venda de bitcoin. Com isso o caso segue sob investigação e algumas carteiras ligadas a ele, encontradas pela PF, passam por investigações.
Informações da Coluna de Rodrigo Rangel, publicadas no Metrópoles em 2022, indicavam que a CIA tentou utilizar o caso do espião para minar a relação do Brasil com a Rússia. De qualquer forma, o caso segue sob o olhar atento da diplomacia brasileira.
Justiça dos EUA denunciou russo preso no Brasil
No dia 24 de março de 2023, a justiça dos Estados Unidos publicou uma denúncia contra o russo preso no Brasil, alegando que em 2018 ele cometeu fraudes e atos de espionagem naquele país.
Na ocasião, Sergey Vladimirovich Cherkasov, se passando por “Victor Muller Ferreira”, entrou nos EUA para cursar pós-graduação na University 1, em Columbia (EUA).
Se passando por brasileiro, a justiça dos EUA afirma que o russo espionou o país de 2018 a maio de 2020, quando terminou sua faculdade e saiu do país. De acordo com o procurador dos EUA, adversários estrangeiros que quiserem espionar os EUA serão encontrados e processados.
“Quando adversários estrangeiros, como a Rússia, enviarem agentes secretos para os Estados Unidos, nós os encontraremos e os processaremos em toda a extensão da lei. Esses adversários procuram operar em segredo para minar nossa segurança nacional de maneiras que possam comprometer a segurança de nossos cidadãos. Com nossos parceiros no FBI, vamos erradicar qualquer um que pretenda prejudicar os Estados Unidos e levá-los à justiça.”
Não está claro na denúncia, contudo, se a justiça dos EUA pretende pedir a extradição do russo para o país, para que ele responda pelas acusações.
Ministro Edson Fachin, do STF, concordou com pedido do Governo da Rússia para extraditar suspeito, após apuração de crimes no Brasil
Em uma decisão publicada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministro Edson Fachin analisou um pedido de extradição realizado pelo Governo da Rússia.
No documento a que o Livecoins teve acesso, o governo russo diz que o acusado é um foragido do país que vendia drogas em Moscou em 2011, participando de uma organização criminosa no país.
Em reunião com o governo russo via Zoom, acompanhada de um Defensor Público brasileiro, o suspeito admitiu os crimes cometidos em seu país de origem e concordou com a extradição para a Rússia.
Assim, o Ministro Edson Fachin manteve a prisão de Serguei Vladimirovich Cherkasov, mas após seus crimes no Brasil chegarem a um desfecho, ele poderá ser extraditado para a Rússia.
Apesar do pedido parcialmente atendido ao Governo da Rússia, o suspeito de espionar o Brasil segue preso no DF e investigado pela PF.