Em nota publicada na última sexta-feira (10), a Polícia da China afirmou ter desmantelado um esquema de bancos clandestinos na cidade de Panshi. No total, 6 pessoas foram presas e 2,14 bilhões de yuans (R$ 1,5 bilhão) em criptomoedas e outros ativos foram apreendidos.
Segundo o texto, os envolvidos utilizavam criptomoedas para prestar serviços ilegais de câmbio entre a moeda chinesa, o yuan, e a moeda sul-coreana, o won.
As investigações iniciais revelaram que as contas bancárias de dois envolvidos, Jin Moudong e Shen Mou, tinham um fluxo grande e frequente de dinheiro, sinalizando para operações cambiais ilegais. Na sequência, descobriu-se o envolvimento de mais pessoas no esquema.
China derruba esquema que usava criptomoedas em câmbio internacional
Embora tenha revelado o valor da apreensão, de 2,14 bilhões de yuans (R$ 1,5 bilhão), a polícia não deu mais detalhes sobre quais ativos foram apreendidos. De qualquer forma, a soma revela que o esquema era gigante e as criptomoedas desempenharam papel fundamental para seu funcionamento.
“A polícia descobriu que o grupo criminoso utilizava contas internas para receber e transferir fundos, realizar transações de compra e venda de criptomoedas via OTC e liquidar won coreano, além de se envolver de forma ilegal no negócio de câmbio estrangeiro, auxiliando grupos como compradores coreanos, e-commerces transfronteiriços e empresas de comércio exterior a converter moeda chinesa para won coreano”, aponta o texto.
As criptomoedas estão banidas do país desde 2021. No entanto, a guerra da China contra as moedas virtuais precede a popularização do Bitcoin. Em 2009, por exemplo, o governo já havia banido moedas virtuais, como aquelas usadas em jogos, e intensificou a pressão nos anos seguintes com a chegada das criptomoedas.
Independente disso, a operação realizada na última semana parece ter tido outro foco. Ou seja, o foco da polícia foi desmantelar um esquema de banco clandestino usado por clientes de diversas áreas.
China enfrenta resistência contra sua moeda digital
Em meio a pressão sobre o uso de criptomoedas, a China também lançou a sua CBDC (sigla inglesa para Moeda Digital de Banco Central). No entanto, o yuan digital está tendo resistência na adoção.
Isso porque alguns funcionários públicos estão recebendo seus salários em e-CNY, mas estão preferindo trocá-lo imediatamente por dinheiro em espécie. Segundo o South China Morning Post, as razões para isso variam desde limitações de funcionalidade até questões de privacidade.
“Dinheiro em espécie é utilizado de forma anônima, mas o yuan digital é diferente”, disse Ye Dongyan, pesquisador da Escola de Negócios Cheung Kong em Pequim. “As fronteiras entre rastreamento de informações e proteção de informações precisam de mais deliberação.”
Portanto, é possível que surjam cada vez mais bancos clandestinos na China, como esse que foi desmantelado, conforme a utilização do yuan digital se torne cada vez mais comum na China.