O Capitual, banco digital brasileiro que oferece diversos serviços de criptomoedas, teve milhões bloqueados na stablecoin Tether (USDT). Segundo comunicado enviado aos parceiros da fintech, a empresa está enfrentando dificuldades para realizar liquidações.
O texto aponta que o bloqueio foi resultado de uma solicitação da Polícia Federal brasileira, provavelmente ligada a Operação Niflheim. Apesar de não revelar nomes, a PRF informou o bloqueio de R$ 9 bilhões em corretoras de criptomoedas e bancos na última semana, além de 8 mandados de prisão e outros 19 de busca e apreensão.
No entanto, o Capitual esclarece que não foi alvo desta operação, mas foi impactada indiretamente porque suas carteiras teriam realizado transações com outras sob investigação.
Em comunicado enviado ao Livecoins, o Capitual disse que, apesar do bloqueio, o banco digital continua operando, usando recursos próprios para minimizar os impactos nos clientes.
Apenas a operação Capitual OTC foi afetada, enquanto outras áreas, como CapConta e CapBusiness, seguem funcionando normalmente. A empresa está cooperando com as autoridades e assegura seu compromisso com a transparência e a regularidade.
Capitual tem, ao menos, R$ 8,6 milhões bloqueados
Embora muitas criptomoedas sejam descentralizadas, os contratos inteligentes de stablecoins costumam ter funções para que saldos sejam bloqueados, principalmente a pedido de autoridades.
Segundo comunicado do Capitual visto pelo Livecoins, a Tether congelou seus ativos devido a uma ordem da Polícia Federal do Brasil.
“Algumas carteiras de nossa propriedade e de nossos fornecedores estrangeiros de USDT foram bloqueadas pela Tether”, escreveu o Capitual, destacando dois endereços na rede Tron. “Esses bloqueios impactaram diretamente a liquidação das ordens efetuadas ontem.”
O primeiro endereço conta com 1,57 milhão de USDT (R$ 8,6 milhões), bloqueado pela Tether às 10h14 pelo horário de Brasília na última segunda-feira (16).
Ao que tudo indica, esse endereço pertencente ao Capitual. Isso porque a carteira realizou uma atualização do nome da conta para “Capitual” nesta quarta-feira (18) às 12h23, talvez tentando um desbloqueio ao identificar sua posse.
Já o outro endereço citado pela fintech contém mais 2,9 milhões de USDT (R$ 15,9 milhões), bloqueados às 20:08 desta terça-feira (17). No entanto, embora também citado no comunicado, essa carteira não leva o nome do Capitual.
Capitual não dá prazo para solução do problema
No mesmo texto, o Capitual afirma ter enviado representantes para o município de Caxias do Sul, principal alvo da Operação Niflheim, para fornecer as informações necessárias e comprovar o vínculo de suas carteiras com seus serviços prestados.
Independente disso, a fintech optou por não oferecer um prazo para a retomada de seus serviços afetados pelo bloqueio.
“Nosso intuito é que o desbloqueio seja solicitado pela autoridade competente à Tether o mais brevemente possível”, escreveu o Capitual. “Também estamos oferecendo suporte aos nossos fornecedores estrangeiros de USDT para garantir a representação deles junto à Polícia Federal.”
“Embora ainda não possamos estabelecer um prazo definido, comprometemo-nos a manter total transparência e a comunicar cada avanço na resolução desta situação.”
O serviço de negociação em balcão (OTC) do Capitual foi lançado no final de 2023, atendendo clientes de diversos tamanhos.
Confira o comunicado na íntegra:
“O Capitual informa que algumas de suas carteiras e de seus fornecedores de USDT foram bloqueadas pela Tether. Confirmamos que este bloqueio está relacionado à Operação Niflheim, conduzida pela Polícia Federal. Esclarecemos que o Capitual não é parte desta operação.
Ao contrário da natureza descentralizada da blockchain, a Tether opera como uma entidade centralizada. Conforme as regras do contrato inteligente, a Tether possui a capacidade de bloquear fundos sem o consentimento dos proprietários das carteiras. Esses bloqueios podem ser verificados publicamente através da blockchain, por meio de um explorador de blocos, no endereço do contrato inteligente, indicando-se os endereços afetados.
As carteiras foram bloqueadas vez que, com base apenas nos dados disponíveis na blockchain, não é possível vincular os endereços ao Capitual ou aos nossos fornecedores, que não estão sendo investigados. O bloqueio ocorreu a partir da impossibilidade de identificar os proprietários das wallets unicamente pelas informações presentes na blockchain, uma limitação inerente à sua natureza.
Apesar desta situação, o Capitual não paralisou suas operações. Estamos injetando recursos próprios para limitar o prejuízo sofrido pelos nossos clientes, até que o bloqueio seja resolvido. Nosso compromisso é garantir a continuidade dos serviços e a segurança das transações de nossos clientes.
Gostaríamos de ressaltar que apenas a operação Capitual OTC foi atingida por este bloqueio. As demais operações, como a CapConta e o CapBusiness, seguem funcionando sem interrupções, mantendo nossos clientes atendidos normalmente em todas as outras modalidades de serviço.
Estamos em diálogo ativo e construtivo com as autoridades competentes. Nossa equipe está atualmente reunindo toda a documentação solicitada para apresentar às autoridades, visando comprovar o vínculo das wallets com nossas operações, que são pautadas na legalidade e nas boas práticas de mercado.
As conversas com as autoridades estão fluindo positivamente, e estamos aplicando todos os nossos esforços em resolver esta situação o mais breve possível. Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e a conformidade regulatória, trabalhando incansavelmente para minimizar quaisquer impactos para nossos clientes e parceiros.
Nossos canais oficiais de comunicação estão comprometidos em manter a transparência com os clientes afetados, atualizando-os, ativamente, conforme o progresso na resolução desta situação.
Atenciosamente,
Capitual Instituição de Pagamentos LTDA”