Michael Prime, condenado por falsificação e roubo de identidade em 2018, passou anos na prisão cumprindo sua pena. No entanto, agora o golpista está processando o governo americano.
A alegação é que o governo apagou todos os dados do disco rígido de seu computador, incluindo chaves privadas que davam acesso a 3.443 bitcoins, hoje avaliados em R$ 1,8 bilhão.
Em resposta, o governo alega que Prime negou a posse dessas moedas por diversas ocasiões, não estando, por exemplo, na lista de pertences a serem recuperados após sua soltura.
Governo relembra prisão de Michael Prime
Um documento publicado na terça-feira (4) faz um resumo sobre a história de Michael Prime. Como exemplo, é destacado que ele foi encontrado no telhado de sua casa portando uma pistola 9mm e apresentou um documento falso aos policiais que atenderam ao chamado.
Ao entrarem na casa, com consentimento de sua esposa, as autoridades 1.744 cartões de crédito, 37 carteiras de identidade/habilitação falsas, impressoras de cartões, bem como outros eletrônicos como laptops, tablets e discos rígidos (HDs).
“Ele admitiu que vendeu os itens falsificados online e aceitou Bitcoin como forma de pagamento.”
“Ele também explicou que recebia US$ 1.000 por mês em bitcoin para trabalhar em um site que vendia informações de cartões de crédito roubados”, continua o processo. “Seu total de bitcoins, disse ele, havia sido de aproximadamente 3.500 bitcoins, que ele usou para pagar por bens, incluindo veículos e barcos.”
No entanto, as autoridades não conseguiram acesso a essas moedas tanto em corretoras quanto em autocustódia após três tentativas.
Golpista mudou seu depoimento e disse que não tinha mais bitcoins
Embora tenha se declarado culpado em 2020 pelos crimes de falsificação e inclusive reiterado a posse de ~3.500 bitcoins, Michael Prime mudou sua versão da história posteriormente.
“Em fevereiro de 2020, como parte de uma investigação patrimonial, Prime apresentou uma declaração financeira informando possuir apenas entre US$ 200 e US$ 1.500 em bitcoin.”
“E, menos de duas semanas depois, ele disse ao escritório de condicional que os US$ 1.500 em criptomoeda — equivalentes a uma pequena fração de um único bitcoin — eram “seu único bem restante””, aponta o processo.
O plano parecia perfeito. Após cumprir sua pena, o golpista estaria livre para usar as centenas de milhões de dólares em Bitcoin que o governo não conseguiu confiscar.
Governo destruiu dispositivo que dava acesso aos bitcoins do golpista
O problema é que o governo não somente apagou os dados do disco rígido onde Michael Prime guardava seus bitcoins como também destruiu o dispositivo. Esse era o único backup que dava acesso aos seus 3.443 bitcoins, hoje avaliados em R$ 1,8 bilhão.
“Mais de quatro anos depois, ele solicitou a devolução de um disco rígido externo laranja que havia sido apreendido, alegando que ele continha as chaves criptográficas necessárias para acessar cerca de 3.443 bitcoins — agora avaliados em mais de US$ 345 milhões (R$ 1,8 bilhão).”
“O governo, de acordo com seus procedimentos usuais e após notificar Prime, apagou os dispositivos que pôde. O restante, incluindo o disco rígido em questão aqui, foi destruído”, explica o documento. “Por anos, Prime negou que tivesse muito bitcoin.”
Finalizando, a corte aponta que o golpista não somente não reivindicou esses bitcoins ao longo de três anos, como também negou repetidamente possuir essa quantia.
“Mesmo supondo que os bitcoins realmente existissem — o que é uma hipótese bastante duvidosa — conceder a Prime uma reparação por equidade aqui seria injusto. Sua demora em reivindicar o suposto direito aos bitcoins e em solicitar sua devolução impede sua ação. Mantemos a decisão do tribunal distrital”, finaliza o documento sobre a apelação.