Bitcoin é um investimento? Como prever o valor de uma criptomoeda? O que é blockchain?
Essas e outras questões serão examinadas nesta série de artigos. Vamos explorar a tecnologia e como tudo se encaixa. Mas a discussão não ficará limitada a tokens ou Bitcoins. Para começar, porque entender a tecnologia blockchain?
MERCADO DE TRABALHO
Empregos especializados serão substituídos? Como?
Em 2013 Frey e Osborne da Universidade de Oxford publicaram um estudo interessante propondo revelar quais empregos estariam condenados a desaparecer nos próximos 10 anos.
Porém a maioria dos empregos listados constituem funções cognitivas e não-repetitivas. O substituto? Processos complexos na sua maioria conduzidos por inteligência artificial.
Em 2013 ninguém acreditava que 47% dos empregos “blindados” contra a automatização pudessem estar em risco. Mas desde então muita coisa vem acontecendo.
De volta para o futuro em 2019, enquanto braços mecatrônicos analisam dados pré-operatórios também guiam instrumentos cirúrgicos na hora da operação, assumindo parte do procedimento no lugar do cirurgião. Resultado: redução de 21% no pós-operatório (Forbes). Radiologistas contam com novo algoritmo “autodidata” que detecta tumores em imagens de ressonância. Resultado: Enlitic consegue emitir laudos 10.000x mais rápido que um radiologista treinado (AJ+ video).
Advogados também estão na mira das startups. Em teste realizado para apurar risco de contencioso, inteligência artificial encontrou risco com 94% de precisão, contra 85% obtido por um grupo de 20 advogados (LawGeex infográfico). E Conversica garante que seu “AI bots” supera uma equipe de vendas em 38% no engajamento com clientes através de conversas interativas.
BLOCKCHAIN
Mas o que blockchain tem a ver com tudo isso?
Blockchain é muito mais que Bitcoin. O potencial de transformação vem da utilização de “ledgers” distribuídos e dos “smart contracts”.
Um sistema de registros que funciona sozinho em qualquer lugar, 24 horas por dia, sem salário ou férias. Não requer manutenção e não produz passivo trabalhista ou disputas legais. E além disso, uma vez que o evento foi registrado, não pode ser alterado, falsificado ou corrompido. Isso é blockchain.
Quando olhamos para inteligência artificial, IoT e blockchain começamos a visualizar uma nova infraestrutura a ser criada por cima da internet que conhecemos: a chamada Web 3.0.
Essa internet descentralizada e autônoma trará consigo um modelo econômico impensável. Estamos diante da transformação dos sistemas centralizados: empresas e instituições conduzidas por pessoas, num sistema hierárquico de decisão baseado em relações humanas.
Blockchain como infraestrutura caminha rapidamente para a criação de agentes autônomos, chamados “decentralized autonomous organization” ou DAO.
Mas ainda assim, a mera descrição dessas tecnologias não passaria de um exercício mental futurístico, se não olharmos para a ideia de convergência tecnológica.
O QUE OS OLHOS NÃO VEEM…
Antes de falar sobre convergência tecnológica, precisamos olhar para a linha do tempo e perceber como o progresso exponencial não é intuitivo.
Apesar disso ele está em todo lugar. Da mesma forma, a convergência tecnológica não é um fenômeno evidente porque, como afirma Peter Thiel:
“(…) ocorre no universo dos bits e não dos átomos”.
De fato o mercado tem ajudado a acelerar esse processo através de investimentos recorde em 2017 e 2018. O foco passou a ser a integração de protocolos blockchain e a infraestrutura de serviços: rede bancária, “back office”, contabilidade, RPAs.
Adicione IoT, Deep Learning, Augmented Reality. Em algum momento essas tecnologias alcançarão maturidade e surgirão sistemas híbridos, combinando as funcionalidades de cada uma dessas tecnologias.
Nesse contexto blockchain representa o elemento catalisador da convergência. A utilização de smart contracts e outras inovações descentralizadas (e.g. autenticação criptográfica de identidade) servirão de alicerce para essas aplicações.
MAS HOJE, ONDE ESTÁ A REALIDADE FUTURISTA?
Vamos examinar uma aplicação em funcionamento hoje, e o que aconteceu com os postos de trabalho.
IBM Hyperledger e IntellectEU criaram um sistema de integração utilizando “ledgers” distribuídos para o setor de seguro para carros (saiba mais).
A integração começa identificando os agentes do processo, bem como o fluxograma do negócio. Um sensor que fica no carro é a peça fundamental (imagem abaixo), já que o pagamento mensal do prêmio depende dos quilômetros rodados.
Com cada evento identificado, todos os sistemas redundantes foram eliminados. IntellectEU conseguiu comprimir o processo administrativo na forma de “regras de negócio” a serem executados por alguns “smart contracts”. Por sua vez os “smart contracts” interagem com o mundo exterior através de um simples website.
Os ganhos do sistema estão concentrados na eliminação da estrutura administrativa, o que basicamente constituía o negócio de seguro de automóveis.
A empresa não divulga quantos postos de trabalho foram eliminados. Sabe-se porém que todos os níveis da empresa são afetados: pessoal de atendimento ao cliente, vendas, marketing, contadores, jurídico e recursos humanos.
O QUE VEM POR AI
A aceitação do público é o que vem atrasando o plano de muitas empresas, inclusive da Uber com e o seu carro autônomo em San Francisco na Califórnia.
Contudo, cedo ou tarde tendências se tornarão a realidade de um mercado totalmente diferente. As limitações técnicas da tecnologia vêm sendo superadas e a comunidade corporativa aguarda ansiosa.
E qual será o nosso papel nesse processo? Quais os empregos criados a partir da destruição dos antigos postos de trabalho? E como reinventar as relações humanas num mundo cheio de autômatos?
Acabamos com mais perguntas, mas algumas respostas. E ainda que esses respostas não se mostrem facilmente, entender o todo deste “progresso” é a melhor forma de se preparar para o que vem pela frente.
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