O advogado Marcos Prata, membro do jurídico da Unick Forex, sempre foi um apoiador da empresa gaúcha, apontada pelo Ministério Público como uma organização criminosa que deve R$ 12 bilhões aos clientes.
Em julho, por exemplo, Prata chegou a falar que iria defender a empresa “em qualquer arena, seja judicial ou administrativa” e que “qualquer medida insensível e incompreensiva contra o maior projeto de inclusão digital da América (…) acarretará um grande desserviço ao Brasil e estará tirando as poucas oportunidades de inclusão digital, com oportunidade, renda e conhecimento oferecidos ao povo brasileiro…”.
Nesta segunda-feira (25), no entanto, alguns dias depois de a Justiça Federal aceitar denúncia contra a Unick e colocar pelo menos 15 membros da pirâmide financeira no banco dos réus, o advogado mudou o discurso, tirou a carapuça de defensor ferrenho do esquema criminoso e se colocou na posição de vítima.
Acreditei na idoneidade dos sócios e da empresa, diz advogado
Por meio de um aplicativo de troca de mensagens, Prata, que é de Manaus (AM) e era líder da empresa na cidade, disse ao portal Livecoins que, assim como os clientes, também foi enganado pela Unick e não poderia ser responsabilizado por ter levado tantas pessoas para o esquema, que lesou 1 milhão de pessoas, segundo a Polícia Federal.
“…eu acreditei na ideneidade (sic) dos sócios da empresa…antes de entrar na Unick eu questionei o diretor jurídico (Fernando Lusvarghi) se era investimento, ele disse que não, que éramos apenas clientes, perguntei sobre as acusações de pirâmide, ele também disse que não era”, disse.
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Falou também que a única demanda que vê “como prioritária é o ressarcimento dos clientes, e em caráter de urgência, pois eles, assim como eu ao aceitar o convite para trabalhar na empresa que tinha aparência de legalidade, não podem ser punidos por terem acreditado na empresa”.
Vale relembrar que o advogado, que atua no negócio faz dois anos, vivia dizendo que os produtos da Unick não eram ilegais e que os cursos vendidos pela empresa “não atentariam contra a ordem pública, a moral e os bons costumes e nem a legislação doméstica”.
No YouTube, há diversos vídeos de Prata defendendo a Unick, criticando a postura da CVM (Comissão de Valores de Mobiliários) e garantindo a satsfação do cliente.
Que a Justiça respeite os acusados
Sobre o processo judicial, Prata disse que torce para que haja “respeito ao devido processo legal” e que se “garanta o direito de defesa dos acusados”. Afirmou também que respeita as instituições e que elas “têm a finalidade de trazer estabilidade às relações sociais e jurídicas”.
O advogado, que chegou a falar que a empresa estaria sofrendo “linchamento virtual” por parte da mídia, assim como acontece com o presidente Jair Bolsonaro, também mudou de postura em relação ao trabalho da imprensa.
Ele afirmou que “respeita o direito à informação, mas respeitando os direitos à imagem, à reputação e à moral subjetiva. Feita com responsabilidade e fedelignidade (sic) de seu conteúdo”.