Enquanto os clientes da Binary Bit – atual Fênix Global – se desesperam para tentar reaver os recursos investidos na empresa, o empresário Marcos Monteiro, um dos sócios do negócio, ostenta uma vida de luxo no exterior. Detalhe: boa parte de seu dia a dia é compartilhado nas redes sociais.
Na semana passada, por exemplo, Monteiro estava em Paris, na França. De lá, o sócio da empresa investigada por aplicar golpe de R$ 80 milhões já publicou fotos em alguns dos principais cartões postais da capital francesa, como o Louvre.
No maior museu de arte do mundo, com quase 40 mil objetos, o rapaz postou uma imagem com uma frase de efeito. “(…) Saia desta zona de conforto, não é preciso de muito para vc ter a liberdade, porém para isso acontecer tem q ser dado o primeiro passo (sic)”, escreveu.
No texto, entretanto, ele não mencionou que a tal liberdade citada foi conquistada graças ao dinheiro de outras pessoas. Investidores da Binary Bit lesados, no entanto, não deixaram de lembrar o fato.
“@policiafederal pega esse ladrão @marcosmonteirotrader”, “@ministeriopublicosc pelo o amor de Deus vai atrás desse vagabundo ladrão, roubou milhares de pessoas e fugiu do brasil!” e “Seu safado. Roubou o dinheiro dos investidores da Binarybit” são alguns dos comentários.
Monteiro fala sobre riqueza e prosperidade na Torre Eiffel
Já na Torre Eiffel, Monteiro falou sobre riqueza e prosperidade e disse que sua maior missão no mundo “será levar ao máximo de pessoas possível o conhecimento necessário para viver deste mercado maravilhoso (trader)” para ajudá-las “a mudar de uma vez por todas seu estado atual financeiro”.
Na foto, um dos investidores da Binary Bit relatou como sua vida financeira mudou depois de conhecer Monteiro. “Perdi 150.000 na pirâmide desse filho da puta dizendo que não era pirâmide e o risco era zero !!!”, escreveu.
“Tenho 25 anos e já tive 20 carros, graças a Deus”, diz em vídeo no YouTube
Além do Instagram, Monteiro também mantém um canal no YouTube, chamado Marcos Monteiro Trader. Nos vídeos, o rapaz também procura ostentar suas conquistas. Em uma das gravações, o sócio da Binary Bit aparece dirigindo um carro de luxo e fala que já teve mais de 20 veículos, “graças a Deus e ao seu trabalho”.
“Tenho 25 anos e já tive mais de 20 carros. Meu sonho era ter uma Bmw Am3, e eu consegui conquistar. Fiquei muito grato primeiramente a Deus e depois ao meu trabalho e as pessoas que acreditaram em mim”, falou.
Em outro trecho, Monteiro, que afirmou no final do ano passado ter sido sequestrado e ameaçado de morte, fala sobre como gosta de ajudar as pessoas a realizem seus sonhos.
“Para mim é gratificante, pois essa pessoa um dia precisou acreditar em um moleque e muitas dessas pessoas são mais velhas. Sei que talvez possa ser difícil acreditar em um cara muito novo (…). Depois de um tempo a pessoa volta e diz que tudo valeu muito a pena e que ela está realizando todos os sonhos delas. Isso não tem preço. É muito gratificante”.
Em um post no Instagram, um investidor relatou como é a tal ajuda de Monteiro. “Marcos, você e sua equipe da Binaribity, infelizmente ferrou a vida de muita gente, teve um rapaz que a filha em doença terminal, investiu tudo que tinha pensando em recuperar com 3 meses… Tudo que tinha! E hoje está quase maluco! Vc não sabe o que é ter pouco e perder tudo que tem! Mas Deus tá olhando tudo que vocês estão praticando e no momento certo ele irá agir! Não tenho dúvidas! Tem pessoas que podem até se matar! E tudo que não agrada a Deus agrada o diabo, veja quem você tá agradando! Que Deus tenha misericórdia de vocês!”, disse a pessoa lesada.
Binary Bit é investigada em São Paulo e na Bahia
A Binary Bit, que oferecia rendimentos de até 30% ao mês, é investigada pelo Ministério Público de São Paulo e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O órgão acredita que a empresa tenha dado um golpe de R$ 80 milhões em quase 30 mil clientes espalhados pelo Brasil.
Além do MP paulista, o Ministério Público da Bahia também investiga a empresa. Em Salvador, no final do ano passado, investidores chegaram fazer uma manifestação em frente ao condomínio de Ricardo Toro, outro sócio da empresa.
