O CyberTeam, conhecido grupo hacker com cunho ativista anunciou que hackeou diversos sites do Ministério da Saúde (com endereço saude.gov.br) e também comprometeu o site do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo. Os ataques foram realizados em conjunto com outros hackers conhecidos no Brasil.
Falando com exclusividade ao Livecoins, o grupo afirmou que os ataques são protestos relacionados ao sistema de justiça brasileiro e ao caso Mariana Ferrer. O grupo também assumiu autoria do ataque ao CNJ e informou que esse é apenas o começo da campanha.
O primeiro ataque do grupo foi a sites com endereço saude.gov.br, todos ligados ao Ministério da Saúde. Diferentes páginas foram marcadas pelas mensagens dos hackers.
Nas mensagens o CyberTeam agradece a ajuda de outros hackers, incluindo TheMx0nday e a Galera do NDA. Este último é um grupo de hackers conhecidos como Noias do Amazonas.
https://twitter.com/PTCyberArmy/status/1324587671054880768
Além do ataque aos sites do sistema de Saúde, o grupo também está focando em comprometer sites do sistema judiciário brasileiro.
No ataque ao Tribunal de Justiça Militar de São Paulo, a mensagem trazia a hashtag “EstuproCulposo”, ligado ao caso da Mariana Ferrer. “Afinal, existe essa tal justiça?”, diz a mensagem deixada pelos hackers.
Em outra publicação do CyberTeam no Twitter, eles informam que o site do Conselho Nacional de Justiça também foi comprometido e disseram: “CNJ, negou que seus servidores tenham sido comprometidos, em baixo podemos ver o contrário.”
Entrevista com Hacker que derrubou vários sites do Governo
Em entrevista exclusiva do Livecoins o membro do CyberTeam, identificado como Zambrius, explicou como o ataque foi realizado. De acordo com ele, foram utilizadas ferramentas para buscar vulnerabilidades nos sistemas de forma automizada.
Dessa forma, o hacker rodou uma ferramenta que procurou vulnerabilidades nos sistemas e aproveitou das falhas encontradas.
“O ataque foi tudo muito automatizado com ferramentas próprias para as vulnerabilidades encontradas nos sistemas, muitas das vezes acabam por ser um Apache desatualizado que nos permite entrar nos sistemas, como VPN’s com acessos remotos a computadores…O ataque em si não o podemos expor.”
Ataques foram realizados como protesto pelo caso Mariana Ferrer
O caso da Mariana Ferrer tem sido um dos principais assuntos no Brasil recentemente. A jovem acusou um empresário de violenta-la durante uma festa no Café de la Musique, em Jurerê Internacional, Florianópolis. O acusado, que é dono do estabelecimento, é acusado de ter estuprado Mariana após ela ter sido dopada.
Após o vazamento de vídeos que corroboraram a história de Mariana, além de exames médicos e laudos que comprovavam suas alegações de virgindade antes do ocorrido e um árduo processo judiciário, o Justiça Declarou que não houve intenção de estupro. A decisão da justiça gerou uma onda de protestos nas redes sociais e em várias cidades pedindo Justiça para Mariana.
Durante esse período a hashtag #EstuproCulposo ganhou varias plataformas, já que muitos consideraram que a decisão da justiça cria o “Crime do estupro sem intenção de estuprar.” Para muitos que estão acompanhando o caso, esse é um caso de injustiça em que o dinheiro do acusado falou mais alto do que as provas. É dessa forma que os hackers do CyberTeam encaram a situação e é contra essa injustiça que eles lançaram a campanha de ataques contra sites do governo.
“Nós realizamos esses atos em protesto pelo estupro culposo e pelo sistema em si da justiça, não é só no Brasil que o sistema funciona desse jeito, é em todo o planeta, e nós estamos cansados de ser muitas vezes punidos por coisas que não fizemos. Eu mesmo estou sendo punido por algo que eu não fiz, e a Justiça implica em me condenar mesmo sabendo da verdade, mas o dinheiro sempre falou mais alto, isso aconteceu com Mari Ferrer, o dinheiro sempre falou mais alto na sociedade que vivemos…”
A campanha também toma o lado de outros hackers que foram condenados por crimes que não cometeram, mas que que não puderam se defender do sistema, como acredita Zambrius.
“Nós assistimos companheiros serem punidos por utilizar a arte do defacing/hacking em sites governamentais como protesto e o crime é somente acesso ilegitimo, mas acabam sempre por acrescentar mais, como sabotagens informáticas e até mesmo fraudes bancárias… nós não acreditamos no sistema da justiça!”
CyberTeam afirma ter dados sigilosos do SUS e clonagem do cartão SUS da Família Bolsonaro
Ainda de acordo com a entrevista realizada com um dos responsáveis pelo ataque, o grupo conseguiu utilizar a quebra de segurança no sistema do DataSUS para ter acesso a vários arquivos sigilosos sobre importantes figuras políticas.
Lembrado que o DataSUS também mantém informações médicas sobre pessoas que realizam procedimentos no sistema particular. E de acordo com o hacker, eles conseguiram várias informações desse tipo e alertaram que pode haver um vazamento desses dados no futuro.
“Foi extraído as bases de dados e é possível que no futuro aconteça um vazamento como realizado nos exames de Bolsonaro, ainda recentemente realizamos clonagem dos cartões SUS da família Bolsonaro.”
O vazamento dos exames de Bolsonaro no qual o hacker refere é o caso dos dados de exames realizados pelo presidente do Brasil que que foram vazados no meio do ano.
“Não estamos de Brincadeira e não vamos parar enquanto estivermos vivos”
Por fim, o CyberTeam informou que essa campanha tem como o objetivo denunciar e forçar uma mudança no sistema. A equipe acredita que a injustiça continua acontecendo mesmo quando a verdade é exposta, por que os injustos controlam quase todos os setores do país.
“O povo conhece o funcionamento do sistema, e somos censurados quando nos pronunciamos, esses ataques não foram os primeiros e nem os últimos, nós não estamos de brincadeira, e não vamos parar em quanto estivermos vivos.”
Zambrius ressalta que o objetivo do grupo é simplesmente reivindicar por uma melhora social em relação ao sistema de justiça no Brasil.
“Estamos cansados desse sistema, um sistema corrupto que salva corruptos e os bons ficam a apodrecer na cadeia, exigimos mais educação e saúde para as nossas crianças.”
Essa não é a única campanha de ativismo do Cyberteam recente. Em algumas publicações no Twitter eles também apoiaram a campanha EndSARS contra a violência policial na Nigéria, também apoiaram campanhas que pediam a verdade sobre o conflito na Armênia e movimentos sociais na Angola.
Eles até mesmo lançaram uma campanha contra o pastor R.R. Soares.