“Meu Pé de Bitcoin” é acusada de não pagar funcionários

Empresa disse não temer justiça e está a disposição para esclarecer problemas

Novas reclamações sobre a plataforma “Meu Pé de Bitcoin” foram publicadas na internet e a empresa agora é acusada até de não pagar seus funcionários. Após as primeiras reclamações públicas sobre o negócio, clientes começaram a expor mais situações do caso.

Investigada hoje por dois Ministérios Públicos estaduais no Brasil, a Meu Pé de Bitcoin estaria oferecendo lucros garantidos com Bitcoin. Ao captar investimentos sem autorização da CVM, várias pessoas já teriam enviado denúncias aos órgãos reguladores sobre a empresa.

Com sede em Caruaru (PE), a empresa já teria clientes de várias cidades do Brasil. Além disso, patrocina um clube de futebol amador na cidade da sua sede, que leva o nome da própria empresa.

Apesar das acusações, a empresa se defende. Em redes sociais, a Meu Pé de Bitcoin afirma não trabalhar como uma plataforma de investimentos.

Suspeita de atrasos em pagamentos a clientes, Meu Pé de Bitcoin é acusada de atrasar salários

A empresa Meu Pé de Bitcoin é alvo de reclamações de clientes há alguns meses, com vários casos de atrasos em pagamentos de rendimentos prometidos. No último mês, um cliente afirmou que iria acionar a Polícia Federal, entretanto, foi alvo de chacota por parte da própria empresa.

Após os problemas com clientes chamarem atenção, agora são os funcionários que estão reclamando. De acordo com um relato registrado no Reclame Aqui, a Meu Pé de Bitcoin demitiu vários funcionários recentemente, mas não pagou a rescisão trabalhista.

Ex-funcionário reclama da Meu Pé de Bitcoin
Ex-funcionário reclama da Meu Pé de Bitcoin – Reclame Aqui

Além disso, outro funcionário da empresa afirma em um relato recente que nunca recebeu salário da empresa. O funcionário, que se identificou como sendo do Maranhão, afirmou que seus colegas também enfrentam a mesma situação.

“Trabalho na empresa me deram ferias e ja estou desde o começo sem receber nada,nem eu e nem meus colegas de trabalho essa empresa é uma farça [SIC]”, afirmou funcionário da Reclame Aqui.

Com o crescimento das reclamações no Reclame Aqui, a Meu Pé de Bitcoin é considerada Não Recomendada pela plataforma. O Livecoins procurou então a empresa para comentar o caso.

O que diz a empresa

Em nota, a empresa comentou sobre o momento e o futuro, em relação a funcionários e clientes. A empresa afirmou que o Reclame AQUI não é o local correto para reclamações trabalhistas e que perfis falsos atacam o negócio em redes sociais.

“Agradecemos aqui novamente ao espaço cedido para o nosso direito de resposta, e solicitamos a divulgação na íntegra da presente nota, ao contrário do realizado anteriormente, nesta passamos a responder especificamente sobre as reclamações de funcionários que alegam não recebimento de salário, bem como ex-funcionários que alegam não recebimento de haveres rescisórios.

Inicialmente destacamos que o site Reclame aqui, não é o canal adequado para recebimento de reclamações de cunho trabalhista, de fato, a plataforma busca solucionar conflitos de relações de consumo.

Referido fato é público e notório, de conhecimento de todos, entretanto um grupo articulado, cujo único objetivo é o de prejudicar a empresa, seus sócios, colaboradores e fornecedores, tem realizado tais reclamações e, ainda se utilizado de grupos de WhatsApp, de fake News e criação de perfis falsos nas redes sociais para denegrir a imagem de nossa empresa, quem dera se tivessem agido com essa disposição para trabalhar.

Especificamente, necessário restabelecer a verdade, derrubando-se pelo menos algumas das muitas mentiras colocadas nas “reclamações”, afirmou a empresa em nota ao Livecoins

Colaboradores foram demitidos por não cumprirem com suas obrigações

Ainda em sua explicação sobre os problemas, a Meu Pé de Bitcoin confessou ter demitido alguns funcionários. Contudo, o motivo dos desligamentos seria por falta de cumprimento com obrigações.

“Todos colaboradores são devidamente registrados, e muitos foram demitidos sem justa causa por não cumprirem com suas obrigações, mesmo com todo apoio, não demonstraram interesse, mesmo com todas as facilidades que possuíam, benefícios e horário flexível por exemplo. Em plena pandemia a Meu Pé de Bitcoin foi uma das poucas empresas no Brasil que não demitiu nenhum funcionário devido à crise sanitária e econômica, sequer reduziu o salário de seus colaboradores, durante todo o período pagamos salários, cestas básicas. Essa foi a nossa postura, contudo, infelizmente no mês de novembro/2020, 19% (dezenove por cento) dos funcionários sofreram atraso de seus salários, e começaram a gerar pânico.

Esclarecemos que não deixamos de cumprir com qualquer obrigação por vontade própria, mas por problemas alheios, algo que inclusive, infelizmente não é exclusividade nossa, estamos diante de uma grave crise que ainda não passou, assim, também ficamos sem pagar o mês de dezembro e décimo terceiro para a totalidade de nossos funcionários.

Para reduzir o abrupto impacto sofrido, foi concedida férias coletivas no final de ano. Agora reconhecendo o esforço de um grupo seleto de pessoas que cumpriram com suas obrigações e metas, pessoas que realmente trabalham e confiam no trabalho da empresa estamos retomando neste ano com toda disposição para vencer todas as barreiras e levar nossa tecnologia a mais pessoas.

Isso tudo será comprovado, o que aliás, em breve, após o fim do recesso do Poder Judiciário, já foram distribuídas medidas para responsabilizar-se todos os ex-colaboradores e ex-sócios que tentaram denegrir nossa imagem a base de mentiras, ao todo mais de 100 (cem) procedimentos, bem como aos casos aplicáveis, haverá dispensa por justa causa.”, informou a Meu Pé de Bitcoin

Empresa não teme justiça e está a disposição para esclarecer problemas

A competência de investigar empresas acusadas de operar esquemas de pirâmide financeira cabe a justiça estadual no Brasil hoje. No caso da Meu Pé de Bitcoin, suspeita de operar um esquema de pirâmide, já foram abertos inquéritos em Pernambuco e São Paulo.

No inquérito de São Paulo (MP n.º 14.0161.0001648/2020-0), inclusive, há uma audiência marcada para o próximo dia 19 de janeiro no Ministério Público do estado. O MP-SP investiga a empresa sob a ótica do direito do consumidor.

Em nota ao Livecoins, a Meu Pé de Bitcoin afirmou que não teme a justiça e está a disposição para responder às autoridades.

“Deve haver justiça para ambos os lados, não apenas a um lado, sob pena de um lado ter apenas direitos e outro apenas obrigações e deveres. Iremos responder na justiça e assim como trabalhamos, dentro da lei, da correção e da Justiça, assim não temos nada a temer.

Destacamos que estávamos, estamos e estaremos sempre de portas abertas para todos, sejam autoridades, clientes, colaboradores e demais interessados.”, concluiu a Meu Pé de Bitcoin

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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