A profissão dos caçadores de criptomoedas que ganham milhões em airdrops

Airdrops — ou simplesmente distribuições, em bom português — se tornaram uma prática comum na indústria de criptomoedas. As razões para isso são simples.

Primeiro, um airdrop cria uma comunidade de imediato conforme tokens são amplamente distribuídos. Segundo, por ser de graça, isso gera buscas pela criptomoeda, aumentando sua visibilidade.

Por fim, embora alguns se desfaçam de seus prêmios de imediato, outros se tornam longos defensores do projeto.

O primeiro airdrop da história

O primeiro airdrop aconteceu em 2014 com a Auroracoin (AUR). Os beneficiados foram cidadãos da Islândia, que igualmente receberam 31,8 AUR justamente no Dia da Independência de seu país.

Apesar da igualidade econômica, ponto defendido por socialistas, o projeto não acabou bem. Afinal, a oferta do mercado era extremamente maior que a demanda, fazendo o preço da Auroracoin despencar rapidamente.

Gráfico da Auroracoin (AUR), primeira criptomoeda a realizar um airdrop, mostra grande queda de preços após distribuição.

Novos airdrops apresentaram ativos valiosos ao mercado

Mesmo que o problema do despejo ainda esteja presente, novos projetos surgiram apresentando casos de uso para seus tokens e, por fim, equilibrando essa balança de oferta e demanda.

Como exemplo, diversos projetos recentes permitem que os detentores de seus tokens tomem decisões administrativas, como se eles fossem acionistas da empresa.

O exemplo mais famoso é a Uniswap. Seu token, o UNI, é atualmente a 20ª maior criptomoeda do mundo com um valor de mercado de R$ 18 bilhões.

Na data, cada usuário recebeu 400 UNI. Hoje a quantia vale R$ 12.400, mas chegou a valer quase R$ 100.000 durante o mercado de alta de 2021.

Entretanto, ao contrário da Auroracoin, a Uniswap distribuiu seus tokens para aqueles que usaram seus serviços antes da distribuição. E isso criou uma nova profissão, os caçadores de airdrops.

Os caçadores de airdrop que lucram milhões

Seguindo os passos da Uniswap, a Ethereum Name Services (ENS) também realizou uma distribuição para seus usuários que registraram domínios .eth. Hoje o ENS possui uma capitalização de mercado de R$ 1,35 bilhão.

Já no mês passado foi a vez da Arbitrum realizar a distribuição de seus tokens ARB. Como mostrado pelos dados de busca do Google, airdrops realmente aumentam a exposição de projetos.

Dados de buscas pelo termo Arbitrum atingiu seu pico durante distribuição do novo token ARB. Fonte: Google Trends.

No entanto, conforme esses airdrops possuem os mesmos requerimentos, muitos usuários transformaram essas distribuições em empregos por já conhecerem a fórmula.

Ou seja, eles passam o dia analisando projetos que podem realizar airdrops e então criam centenas carteiras para cumprir tais requisitos. Em outras palavras, ou números, ao invés de ganharem R$ 100.000 com um único endereço, eles podem ganhar mais de R$ 10 milhões.

Em conversa com o The Block, um desses caçadores de airdrop revelou que seu grupo já ganhou quase R$ 4 milhões nos últimos meses.

“Ganhamos quase US$ 1 milhão”, comentou um caçador ao TheBlock. “O Blur nos deu algo como US$ 300.000, Arbitrum nos deu cerca de US$ 180.000, Aptos nos deu US$ 125.000 e Optimism, US$ 120.000.”

A tática, no entanto, é moralmente criticada. Afinal, a intenção desses caçadores não é fortalecer o projeto, mas sim ganhar dinheiro. Em suma, isso prejudica toda a comunidade.

Se há dinheiro, há golpes

Logo após o airdrop da Arbitrum, diversos usuários correram para revelarem suas táticas sobre uma possível distribuição de uma nova criptomoeda da MetaMask, a carteira mais famosa de Ethereum.

No entanto, golpistas aproveitaram essa euforia para fazer vítimas. O caso estava tão fora de controle que a própria MetaMask teve que ir às suas redes sociais para avisar que os rumores sobre o airdrop não eram apenas falsos, mas também eram perigosos.

Afinal, investidores poderiam facilmente entrarem em sites falsos e, no menor descuido, perder todas as suas criptomoedas.

Por fim, deixando as questões morais de lado, airdrops podem ser extremamente lucrativos. No entanto, exigem cuidado. Afinal, o próprio airdrop da Arbitrum fez mais de 2.400 vítimas. Enquanto isso, uma dupla de investidores perdeu R$ 45 milhões tentando receber R$ 10.000 em um falso airdrop.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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