“A decepção de Satoshi Nakamoto”: Como as criptomoedas repetiram a crise financeira de 2008

As criptomoedas ainda precisam amadurecer e com certeza eventos como esses ajudam nessa caminhada, infelizmente, às custas da saúde financeira de milhões.

Quando o Bitcoin foi criado a ideia era que ele seria uma forma de livrar as pessoas do sistema bancário, o sistema responsável pela crise de 2008. No entanto, 13 anos depois parece que a criptomoeda não apenas não evitou novas crises, mas repetiu exatamente o que ele prometeu destruir.

É oque diz um artigo do CoinDesk, mostrando que a recente crise das criptomoedas não só tem semelhanças a crise do mercado financeiro em 2008, mas compartilha até mesmo algumas semelhanças no que causou a crise.

As últimas 8 semanas estão sendo uma verdadeira montanha russa para o criptomercado, não só no preço. A situação com a UST e todo o ecossistema Terraform Labs foi devastadora, mas piorou ainda mais após a Three Arrow Capital, uma das maiores empresas de criptomoedas, dar um calote em seus credores e causar um efeito dominó que expôs as muitas falhas do sistema.

Após uma aposta errada o balanço da Three Arrow Capital (3AC) acabou sendo liquidado desastrosamente. Isso fez com que ela gerasse uma inadimplência aos seus credores e um efeito de liquidação em negociações de margem que foi derrubando peça por peça nessa crise.

Por fim, ficou escancarado que as empresas de criptomoedas estavam todas ligadas em um grande esquema (legal) de reserva fracionada, exatamente igual aos bancos tradicionais.

Em apenas alguns dias, centenas de bilhões de dólares foram perdidos, grandes empresas faliram e investidores perderam muito dinheiro. No fim das contas, o Bitcoin e o criptomercado, nascidos para acabar com o sistema bancário, se tornou um sistema bancário, apenas digital.

“Isso também é tudo exaustivo. Tudo muito familiar. Tudo muito parecido com a crise de 2008 que alimentou o interesse geral no criptomercado em primeiro lugar.”, disse David Z Morris, do CoinDesk. 

De acordo com o CoinDesk, o grande vilão dessa crise foi a alavancagem, dívidas e outras relações de contraparte baseadas em apostas de mercado de alta derreteram quando essas apostas não deram certo.

O mercado de criptomoedas caiu cerca de dois terços, mas foi a alavancagem que transformou essa queda em uma sentença de morte para algumas empresas e muitos dos saldos de seus clientes. Outra semelhança com a crise de 2008, também desencadeada por algumas apostas erradas de importantes nomes do setor financeiro.

“Se o colapso da LUNA foi a faísca que acendeu o pavio da crise, a Three Arrows Capital foi a fábrica de dinamite que explodiu, e existia muita dinamite.”

Bailout dos Bancos em 2008, Bailout das companhias cripto em 2022

13 anos depois da sua criação, partes da indústria criada por Satoshi passou a ser parecida com os seus odiados inimigos. A onda de colapsos atingiu “bancos de criptomoedas” centralizados que usam o dinheiro dos clientes para fazer apostas alavancadas. 

Os fundos de investimentos exploraram a opacidade de suas contas centralizadas para esconder perfis de risco e conseguir empréstimos que deixaram os credores em posição perigosa.

Curiosamente o resultado final também foi similar ao que aconteceu em 2008, com as empresas de criptomoedas recebendo um Bailout de credores privados que decidiram renovar seus empréstimos a essas entidades, uma dessas companhias foi a BlockFi, que os credores viram como uma forma viável de investimento por uma possível recuperação no longo prazo.

Claro, essa recuperação financeira, vinda de empresas privadas, são bem menos nocivas do que o que aconteceu em 2008.

“Esses bailouts são melhor descritos como buyouts e não representam o mesmo risco moral imenso dos Bailouts de 2008 financiados pelo dinheiro público para livrar a cara de apostadores degenerados do Citigroup e Bank of America.”, disse a coluna do CoinDesk.

Outras entidades, como a Celsius, Three Arrows Capital e a Voyager Digital foram consideradas indignas de receber capital novo e estão a um caminho inevitável de falência, colapso ou liquidação e provavelmente levando muito dinheiro dos clientes com eles.

E o que aprender dessa lição?

A situação da 3AC terá efeitos de longo prazo, já que os credores e startups que perderam fundos ficaram completamente sem dinheiro, mas o dano mesmo veio por conta das companhias que estavam expostas à 3AC.

Plataformas de empréstimo centralizadas e com regras ofuscadas, incluindo a Celsius e a Babel Finance estavam expostas a 3AC, LUNA, stETH e outros investimentos de riscos que colapsaram recentemente.

Muitas dessas plataformas estavam buscando retornos descomunais e assumindo grandes riscos para entregar esses retornos. O mesmo pode ser dito do empréstimo sem garantia de US $ 650 milhões da Voyager para a Three Arrows. E como tudo isso foi feito? Com o dinheiro dos investidores, até mesmo os varejistas em sistemas de reserva fracionada.

Com isso, em 13 anos de existência, algumas das maiores empresas do criptomercado lutaram e batalharam para criar o sistema que falhou diversas vezes, comentando os mesmos erros pelo mesmo motivo: Ganância em um sistema ultra-capitalista e a falta de responsabilidade.

Mas há uma grande lição a ser aprendida: O criptomercado precisa parar de confiar em todas as promessas que surgem, não importa o tamanho de quem está prometendo.

O lucro se tornou um dos principais objetivos da maioria dos que estão envolvidos no criptomercado e a busca exclusiva por lucro é responsável por fazer com que muitos deixem de observar outros pontos importantes.

A alavancagem no criptomercado é outro grande problema, sendo até 1000x maior do que é praticado no tradicional, o que significa que quando algo dá errado, é 1000x mais prejudicial.

As criptomoedas ainda precisam amadurecer e com certeza eventos como esses ajudam nessa caminhada, infelizmente, às custas da saúde financeira de milhões.

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Matheus Henrique
Matheus Henrique
Fã do Bitcoin e defensor de um futuro descentralizado. Cursou Ciência da Computação, formado em Técnico de Computação e nunca deixou de acompanhar as novas tecnologias disponíveis no mercado. Interessado no Bitcoin, na blockchain e nos avanços da descentralização e seus casos de uso.

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