Centenas de milhões de dólares em Bitcoin e outras criptomoedas foram liquidados nos últimos dias, à medida que o Bitcoin valorizou e surpreendeu o mercado.
Os investidores que apostaram na queda das criptomoedas perderam mais de 725 milhões de dólares nos últimos sete dias, após as principais criptomoedas saltarem em um dos ralis mais impressionantes em cerca de um ano.
Liquidações andam de mãos dadas com grandes movimentos de preços, com os traders frequentemente liquidados quando estão do lado errado da tendência.
Só na última sexta-feira (13), US$ 155 milhões em bitcoin foram liquidados no lado vendido (shorts), já que o preço da moeda saltou de US$ 16.500 para US$ 21.000.
A liquidação, o bicho-papão da negociação de criptomoedas, ocorre quando um investidor não consegue cumprir o requisito de margem para sua posição alavancada. Os traders aumentam os fundos com os quais podem negociar tomando empréstimos de terceiros — neste caso, uma corretora.
725 milhões de dólares liquidados
De acordo com o rastreador de dados CoinGlass, a alta do Bitcoin e das principais criptomoedas nos últimos dias resultou em mais de 150 mil traders liquidados.
O preço do Ethereum, por exemplo, subiu para US$ 1.550 nas principais corretoras, com moedas como Binance Coin, Solana, Dogecoin, Polygon e Polkadot subindo para recordes de vários meses.
De acordo com a CoinGlass, o total de liquidações foi de US$ 725 milhões, com a maior liquidação única em 24 horas de US$ 6,8 milhões ocorrendo na exchange de criptomoedas Huobi.
A corretora OKX ficou com a maior parte dessas liquidações, com mais de US$ 240 milhões, seguida pela Binance (US$ 115 milhões).
Entre os diferentes ativos digitais, o Ethereum teve o maior número de liquidações, com quase US$ 260 milhões, enquanto o rali do Bitcoin teve cerca de US$ 239 milhões liquidados.
Os dados da CoinGlass também mostraram que Solana, Dogecoin, Aptos e Litecoin tiveram um número significativo de traders no prejuízo por apostar contra o mercado.
Alavancagem
Caso você esteja perdido sobre o termo “liquidação”, é melhor entender o funcionamento da margem de negociação, o processo de pedir dinheiro emprestado para negociar um volume maior de ativos.
Este método pode fornecer ao trader maior poder de compra (ou alavancagem) e potencial para maiores lucros, mas de perdas também.
Quando um usuário abre um contrato futuro em uma corretora de derivativos de criptomoedas, ele precisa apresentar alguma garantia inicial, em Bitcoin ou qualquer outra moeda aceita pela plataforma, chamada de margem.
Contra essa margem, o investidor pode querer obter “alavancagem”, que é um valor de empréstimo muitas vezes superior à posição inicial.
O benefício dessa alavancagem é que, se o preço se mover na direção em que o usuário apostou, quaisquer lucros obtidos serão tantas vezes maiores quanto a alavancagem.
Se um trader começar com uma margem inicial de R$ 1.000 e alavancagem de 10 vezes, isso significa que ele pegou emprestado R$ 9.000 para aumentar sua posição de negociação de R$ 1.000 para R$ 10.000.
Portanto, se o preço do ativo subir 5%, o trader ganhará R$ 500 (5% de R$ 10.000) da posição inicial de negociação. Ou seja, com apenas 5% de alta, o trader obteve um lucro líquido de 50% de seus R$ 1.000 iniciais.
No entanto, se o preço do ativo cair 5%, o trader perde R$ 500, ou 50% da margem inicial, o que se traduz em uma perda de metade do capital.
Um movimento rápido o suficiente no preço pode desencadear liquidações em massa simultâneas que apenas alimentam ainda mais o referido movimento de preço.
Esse movimento de preço amplificado liquida ainda mais contratos e, dessa forma, as liquidações ocorrem em cascata. Um evento de liquidação em massa como esse é popularmente chamado de “squeeze”.
O short squeeze, também conhecido como “bear squeeze”, ocorre quando o preço de um ativo sobe rapidamente, fazendo com que os vendedores a descoberto fechem suas posições recomprando seus tokens a uma taxa inflacionada.