Os EUA divulgaram os dados da inflação de fevereiro nesta terça-feira (12), preocupando o mercado, já que os números vieram acima do previsto. No entanto, especialistas acreditam que nem mesmo esses números pausarão o rali do Bitcoin.
Embora a inflação americana parecesse controlada, subindo apenas 0,1% em outubro do ano passado, o Banco Central americano ainda não venceu essa guerra. Afinal, os números voltaram a subir nos meses seguintes.
Após subir 0,2% tanto em novembro quanto dezembro de 2023, a inflação subiu outros 0,3% em janeiro e 0,4% no mês passado. No ano, a inflação americana está em 3,2%, acima dos 3,1% previstos e ainda muito longe da meta de 2%.
Como pode ser observado no gráfico, os principais “vilões” estão sendo energia, que incluí combustíveis, mas também outros serviços que incluem transporte e moradia.
Por que isso afeta o Bitcoin?
A principal estratégia de bancos centrais para controlar a inflação é elevar a taxa de juros. Desta forma, fica mais difícil obter crédito (menos dinheiro girando na economia) e isso também gera ganhos maiores em investimentos considerados seguros, como títulos do Tesouro.
Sendo assim, investidores tem menos apetite por ativos de risco, como o Bitcoin, durante esses períodos. Conforme a inflação continua longe da meta de 2%, o mercado espera que o Fed não realize cortes nos juros nas próximas duas reuniões, marcadas para março e maio.
Os mais pessimistas acreditam até que o Fed precisará elevar a taxa de juros caso queira manter o controle da economia. No momento, os juros estão entre 5,25 e 5,5%, os maiores desde o ano 2000.
Portanto, o Bitcoin só viria a se beneficiar de uma flexibilização monetária no segundo semestre deste ano. E, no mercado de criptomoedas, 3 meses podem trazer muitas surpresas.
Logo após a publicação dos dados de inflação dos EUA, o Bitcoin passou por uma queda de 4,75%, testando o recém-criado suporte na região dos US$ 69.000. De qualquer forma, já conseguiu reverter parte da queda e está sendo negociado por US$ 71.300.
Inflação não deve pausar rali do Bitcoin, diz analista
Para Aurelie Barthere, principal analista da Nansen, nem mesmo a preocupação do mercado sobre a inflação e a taxa de juros será suficiente pausar a alta do Bitcoin e outras criptomoedas.
“Há muito impulso de alta no mercado de criptomoedas (preço e fluxo de notícias, veja os últimos anúncios na BlackRock que alocou seu próprio ETF BTC para dois de seus fundos de gestão de ativos).”
“As projeções da reunião do FOMC serão atualizadas este mês e esperamos uma mediana de 2 a 3 cortes nas taxas em 2024”, comentou Barthere ao CryptoBriefing. “Não esperamos uma venda significativa de criptomoedas, já que esta reavaliação aconteceu no passado. […] Curiosamente, o ouro caiu “apenas” 1% e os Títulos de 2 anos dos EUA subiram 0,05% desde a divulgação dos dados de inflação.”
Além dos ETFs, aprovados em janeiro nos EUA, e do halving, programado para abril, o corte na taxa de juros pode ser o terceiro grande impulsionador de preço do Bitcoin neste ano. De qualquer forma, o mercado está tão animado que nada parece segurar os touros quietos, nem mesmo o aperto monetário do Fed.