A SEC aprovou no final de julho uma mudança permitindo que ETFs de Bitcoin trabalhem com depósitos e saques “in-kind”, ou seja, em espécie. Isso significa que um investidor pode enviar seus bitcoins para uma gestora ao invés de comprá-lo, e vice-versa.
Em conversa com a Bloomberg, publicada nesta terça-feira (21), Robbie Mitchnick, head de ativos digitais da BlackRock, afirmou que eles já processaram mais de US$ 3 bilhões com este tipo de transferência.
Embora a negociação desses ETFs esteja disponível somente quando as bolsas estão abertas, a escolha pode estar relacionada à segurança e comodidade para investidores que buscam somente exposição ao preço do Bitcoin.
Gestoras não estão processando somente compras, mas também conversões diretas de Bitcoin para ETFs
Conforme alguns investidores estão convertendo Bitcoin em ETFs, como o IBIT da BlackRock, isso significa que a análise de fluxos desses fundos pode ser mal-interpretada.
Ou seja, uma entrada de US$ 100 milhões pode não ser uma compra, mas sim um simples depósito de ~891 bitcoins por alguma baleia.
Robbie Mitchnick, head de ativos digitais da Bloomberg, aponta que isso também pode ser conveniente para um investidor que mantém outros investimentos assessorados por consultores e bancos.
Também em conversa com a Bloomberg, Teddy Fusaro, presidente da Bitwise, apontou que essa conversão pode trazer benefícios adicionais.
“Se você trouxer seus US$ 5 milhões em Bitcoin para um ETF de Bitcoin, e agora mantê-lo na sua plataforma de gestão de patrimônio, você passa a se qualificar para um nível muito mais alto de serviço”, explicou o executivo.
O mesmo vale para saídas. Afinal, um investidor pode querer ter os seus bitcoins livres para negociá-los durante um final de semana ou fora do horário comercial, principalmente em momentos de estresse do mercado.
Com a nova regra aprovada pela SEC no final de julho, isso também é possível.
Dados do SoSoValue mostram que os ETFs americanos tiveram saídas de US$ 1,23 bilhão na semana passada, enquanto o sentimento do mercado apontava para medo extremo.
No entanto, conforme gestoras estão trabalhando diretamente com Bitcoin, tanto em depósitos quanto saques, agora fica mais difícil tratar esses dados como simples compras ou vendas.
Independente disso, o que se vê é um forte interesse em manter esses bitcoins parados pela maioria dos investidores. Dados mostram reservas crescentes desde o lançamento desses fundos, ignorando saídas momentâneas.