O Banco Central do Brasil disse estar vigiando com atenção a volatilidade das criptomoedas em seu mais novo Relatório de Estabilidade Financeira (REF), publicado na última quinta-feira (3).
O documento de publicação semestral apresenta um panorama sobre as perspectivas de evolução recente e de estabilidade financeira para o Brasil. Em uma apresentação realizada pelo Diretor de Fiscalização, Paulo Souza, ele também mostrou os dados para os interessados.
Segundo a autarquia, não há riscos para a economia local que possa abalar a estabilidade financeira do país. Um dos fatores para isso é que os bancos atuam no sistema financeiro, o que lhes dá resiliência para lidar com problemas.
Além disso, o Sistema Financeiro Nacional mantém provisões para o nível de perdas esperadas, sendo que o Brasil tem capitalização e liquidez confortáveis, apontou o Bacen.
Banco Central do Brasil diz que acompanha volatilidade das criptomoedas com atenção
Um dos detalhes que chama atenção no REF lançado na última quinta pelo Banco Central do Brasil diz respeito às criptomoedas, ou criptoativos, como são chamadas pela autarquia.
Isso porque, ao analisar o mercado financeiro internacional, o Bacen inclui que as criptomoedas podem representar certos riscos para o Brasil.
Segundo o documento, as condições de mercado atuais no cenário internacional seguem ordenadas e sem fricção, com a autoridade monetária brasileira monitorando todos os riscos.
Na visão do banco central, um possível aperto em condições financeiras globais e aumento da volatilidade poderiam provocar perdas no valor dos ativos, principalmente naqueles que são considerados de maior risco.
E uma perspectiva baixa de crescimento global pode levar risco adicional a preços de ativos, commodities e ao fluxo de capital que chega em países emergentes como o Brasil, por exemplo.
Um dos pontos sob análise é o quanto as criptomoedas estão interligadas ao mercado financeiro tradicional, visto que sua volatilidade poderia impactar no cenário internacional.
“Além disso, o BC segue acompanhando também a volatilidade dos mercados de criptoativos no cenário internacional, sua correlação com os mercados financeiros tradicionais, e potenciais impactos decorrentes da implementação de novas ferramentas de finanças descentralizadas (DeFi).”
Diretor do BC disse que o Real digital é uma moeda criada “em resposta à transformação digital”
Durante a coletiva de imprensa que apresentou o REF, o Diretor Paulo Souza comentou sobre o projeto do Real digital, a nova moeda brasileira que deve eliminar o dinheiro físico do país.
Segundo ele, essa é uma “resposta rápida ao processo de transformação digital“, que será uma moeda sem remuneração que será ofertada pelos participantes do sistema financeiro.
A intenção é mitigar a capacidade de intermediação do sistema financeiro, que é uma preocupação internacional sobre o tema, disse Souza.