Em artigo publicado nesta quarta-feira (29), a BBC afirma que cada transação de Bitcoin gasta uma piscina de água. Segundo a emissora, a mineração de Bitcoin consumiu 1,6 trilhões de litros d’água em 2021.
A notícia é baseada em um estudo publicado por Alex de Vries, autor que afirmou em 2017 que a mineração do Bitcoin poderia consumir metade da eletricidade do mundo em 2020. Sua previsão não chegou nem perto da realidade.
De qualquer forma, seu novo estudo aponta que uma transação de Bitcoin usa 6 milhões de vezes mais água que uma transação de cartão de crédito. Como exemplo, Vries cita que o líquido é usado para controlar a temperatura dos equipamentos, bem como para humidificar o ar.
O maior uso, no entanto, fica para a geração de energia. Após ser criticado pelo uso de carvão, diversas mineradoras buscaram soluções ‘verdes’ para apoiar suas operações. Hidroelétricas são as maiores fornecedoras.
“A pegada hídrica do Bitcoin aumentou rapidamente nos últimos anos”, aponta o estudo. “A pegada hídrica do Bitcoin em 2021 aumentou significativamente em 166% em comparação com 2020.”
“A pegada hídrica por transação processada na blockchain do Bitcoin nesses anos foi de 5.231 e 16.279 litros, respectivamente.”
Assim como o Greenpeace, o autor sugere que o Bitcoin mude seu código, assim como fez o Ethereum no ano passado, a fim de abandonar o modelo conhecido como Prova de Trabalho (Proof-of-Work).
“[Isso] só foi possível porque a gestão do Ethereum é significativamente mais centralizada do que a do Bitcoin”, disse James Davenport, professor da Universidade de Bath à BBC.
Comunidade reage ao estudo
Uma das primeiras resposta da comunidade foi o fato de que Alex de Vries já errou feio ao afirmar, ainda em 2017, que o Bitcoin consumiria metade da eletricidade de todo o mundo em 2020. Segundo Daniel Batten, co-fundador da CH4 Capital, o autor errou por uma magnitude de 2.509 vezes.
“Um dia após o Independent publicar os resultados de um estudo independente de alta qualidade sobre o Bitcoin, a BBC publicou a ciência lixo de um conhecido lobista anti-Bitcoin usando uma metodologia já desmascarada para alegar que o Bitcoin usa muita água.”
“A alegação sobre o uso da água é ridícula por duas razões simples. Em primeiro lugar, o uso de água por transação é uma métrica tão falsa quanto o “uso de energia por transação”. O uso de energia (e água) do Bitcoin não vem de transações, mas de empresas de mineração que produzem Bitcoin”, continuou Batten em seu longo desabafo.
“É como dizer “A Nova Zelândia tem 100 mil milhões de PIB e 20 milhões de ovelhas, portanto temos um PIB de 50.000 dólares por ovelha. Uma vez implementada uma métrica falsa, podemos fazer todo o tipo de afirmações absurdas como “Portanto, se duplicarmos o nosso número de ovelhas, duplicamos o nosso PIB”.”
Why the @BBCNews article on Bitcoin and Water is a monument to journalistic lazinesshttps://t.co/BRGRXzAeBW
The day after the Independent publish the results of a high quality independent study on Bitcoin, the BBC publish the junk-science of a known anti-Bitcoin lobbyist using…
— Daniel Batten (@DSBatten) November 29, 2023
Outros investidores não levaram o estudo tão a sério e brincaram com a manchete da BBC. Também no Twitter, é possível encontrar diversos memes sobre a pegada hídrica do Bitcoin.
“O sentimento de quando sua piscina não tem água o bastante para enviar uma transação.”
Any ideas where to get some cheap water? I'm trying to send some #Bitcoin to my local @BBC station, and keep getting this error message in @BlixtWallet pic.twitter.com/qWLon09zpp
— HODL never SODL 13% 丰 🇸🇻 Bitcoin ONLY (@HODLneverSODL) November 30, 2023
According to the BBC, Bitcoin uses one swimming pool of water per transaction 🤡. https://t.co/yEtZIObesh pic.twitter.com/nsLJUE6P2H
— MacroMinutes (@MacroMinutes) November 30, 2023
Por fim, além das críticas em relação ao seu consumo de energia, agora o Bitcoin aparentemente também possui um problema com o consumo de água. Em breve, talvez veremos novos estudos falando sobre poluição do ar.