BC tem um grande problema para resolver com o Drex, diz Campos Neto

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, participou da Blockchain Rio nesta quarta-feira (24). Como destaque, falou sobre a criação e o sucesso do Pix, bem como dos desafios do lançamento do Drex, a versão digital do Real.

Explicando que não poderia falar sobre economia devido à reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) na próxima semana, Campos Neto focou sua apresentação apenas em questões tecnológicas por trás da economia brasileira.

Sobre a criação do Pix, o economista comenta que ela foi muito baseada na opinião de jovens gamers que já utilizavam pagamentos e registros de dados de forma digital.

“Muitas pesquisas perguntando o que jovens precisavam, entendiam que deveria ser um sistema de pagamento. E sempre apareciam as seguintes características: rápido, barato, transparente, seguro”, comentou Campos Neto. “A gente entendia que tinha que ter uma parte de ser inclusivo.”

“Então foi assim que começou a nascer o Pix.”

Na sequência, o presidente do BC compara os sistemas de pagamentos de outros países, afirmando que o Pix, ao contrário de outros, é programável. O motivo seria o pensamento de que o Pix se encaixaria em uma moeda digital no futuro, então já precisava suportar contratos inteligentes.

“Acho que a grande surpresa foi a taxa de adoção do Pix, a gente nunca imaginou.”

Dados mostram que adoção do Pix foi muito maior do que de sistemas de pagamentos de outros países. As 5,3 bilhões de transações em junho de 2024 também mostram que a adoção continua crescendo. Fonte: BCB.
Dados mostram que adoção do Pix foi muito maior do que de sistemas de pagamentos de outros países. As 5,3 bilhões de transações em junho de 2024 também mostram que a adoção continua crescendo. Fonte: BCB.

Embora alguns bancos tivessem receosos sobre a perda de receita vindas de TEDs e DOCs, Campos Neto explica que o alcance e a velocidade das transações, bem criação de novos produtos financeiros seria benéfico para essas instituições.

No total, mais de 150 milhões de pessoas já usam o Pix, o que gerou um aumento no número de clientes bancários com operações ativas.

Finalizando os comentários sobre o Pix, ele também destaca que o número absoluto de golpes pode ter aumentado, mas que a porcentagem é baixa.

“O Pix tem 7 fraudes a cada 100 mil operações, cartões de crédito tem 30 fraudes a cada 100 mil operações”, disse o presidente do BC, afirmando que o FPS da Inglaterra tem 100 a cada 100 mil.

Banco Central tem um grande problema para resolver com o Drex, diz Campos Neto

Em relação ao futuro, Roberto Campos Neto falou um pouco sobre o Drex e os atuais problemas do projeto. Embora estivesse quase sem tempo, o presidente do Banco Central conseguiu resumir bem a situação do Real digital.

“Quem conhece bem o mundo de digital ledgers, sabe que eles foram criados com um intuito de você ter transparência total, então basicamente os nódulos veem o que os outros estão fazendo em tempo real. Isso é muito bom para transparência e velocidade, mas tem um problema de privacidade”, explicou Campos Neto.

“Nosso grande dilema hoje, onde a gente gasta a maior parte do tempo, que a gente chama de trilema, que é como ter descentralização, programabilidade e privacidade ao mesmo tempo.”

Trilema sobre privacidade, programabilidade e descentralização sobre o Drex, o Real digital. Fonte: BCB.
Trilema sobre privacidade, programabilidade e descentralização sobre o Drex, o Real digital. Fonte: BCB.

Nas criptomoedas, esse trilema é separado em três pontos diferentes: segurança, descentralização e escalabilidade. Ou seja, algo que nenhum projeto conseguiu resolver desde a criação do Bitcoin, em 2009, que carece de escalabilidade.

“Existem soluções para você manter privacidade dentro de plataformas DLTs, mas essas soluções não são escaláveis”, explica Campos Neto. “Imaginando que a gente, em algum momento, vai ter o mesmo número de transações do Pix, então a gente precisa ter uma coisa muito mais escalável.”

“Então hoje a gente ta tentando ver quais são as melhores formas para ter esse trilema resolvido. E é uma questão que, em termos de tecnologia, hoje não está resolvido.”

Outros passos para o futuro seriam a integração de inteligência artificial e monetização de dados sobre o sistema financeiro. De qualquer forma, ainda deve levar mais alguns anos até que esses estágios sejam atingidos.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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