Em meio ao crescente temor de colapso da Beefund por parte dos investidores da empresa, agora eles receberam a novidade de que terão de aceitar uma nova criptomoeda própria como meio de pagamento.
A notícia nada agradável surgiu após centenas de reclamações de clientes sobre a falta de saques e suporte pela possível pirâmide financeira.
Em um comunicado nos últimos dias, a própria Beefund prometeu normalizar suas operações até o dia 16 de outubro de 2024. Contudo, ao chegar na data, a empresa seguiu com problemas de liberar saques, causando uma inundação de reclamações, quando se tornou “Não Recomendada” no Reclame Aqui.
Agora a situação se mostra ainda mais sensível, visto que o novo projeto não facilita a vida dos investidores.
“BEEB 2.0”, o novo projeto de criptomoeda própria da Beefund para pagar investidores causa controvérsia, já vimos esse filme antes?
Em um anúncio na última sexta-feira (18), a BeeFund pegou seus clientes investidores de surpresa com o plano “BEEB 2.0“. Afirmando ter um problema de capacidade limitada de processamento via sistema bancário, a empresa vai criar sua criptomoeda própria.
“Temos o prazer de anunciar novidades importantes para você! Devido à limitada capacidade de processamento do sistema bancário, muitos utilizadores enfrentam dificuldades em receber os seus investimentos e rendimentos em tempo útil. Com o objetivo de melhorar o atendimento aos nossos usuários e expandir nossa plataforma para investidores globais, decidimos atualizar a plataforma Beefund original. Agora você poderá possuir e compartilhar uma nova geração de ativos digitais: BEEB 2.0.”
Sem autorização da CVM para emissão de um novo token no mercado brasileiro, a empresa desafia as autoridades ao implementar a nova tecnologia. Contudo, a situação se agrava com o fato de que a nova criptomoeda não ajuda em nada os investidores, que seguem sem receber seus investimentos.
Afirmando que o token estará disponível em uma exchange, sem dizer qual, a Beefund obriga os clientes a receberem o tal BEEB 2.0.
“Conversão 1:1: todos os seus fundos disponíveis no Beefund (incluindo posições, valores disponíveis e transferências) serão convertidos em tokens BEEB 2.0 na proporção de 1:1. Isso garante que seus ativos estejam protegidos e continuem a crescer no novo ecossistema. Além disso, você pode sacar seus fundos através da exchange a qualquer momento“, diz a nota pública.
De acordo com a BeeFund, o token contará com o suporte de exchanges internacionais, sem mencionar o nome de quais empresas devem listar o projeto. Além disso, indica que os investidores contarão com alta liquidez em suas negociações.
O planejamento indica que a conversão dos fundos começará no próximo domingo (20), devendo ir até o dia 1 de novembro de 2024. (Veja nota na íntegra da empresa ao final da matéria.)
Na história das pirâmides financeiras no Brasil, não é a primeira vez que uma empresa ao entrar em colapso recorre ao modelo de lançar uma criptomoeda própria.
No passado, negócios que faliram criaram várias criptomoedas, em tentativas de ganhar tempo junto aos investidores, como as criptomoedas Easticoin (EST), TreepToken, e o mais recente WeMake Cap (WCP). Todos os tokens das pirâmides financeiras não possuem mais valor de mercado e os clientes perderam tudo.
Clientes correm com revolta ao Reclame Aqui: “golpe premeditado”
Após o anúncio da nova criptomoeda própria chamada BEEB 2.0, a BeeFund começou a atrair a ira de clientes desesperados para reaver seu dinheiro.
Em uma das reclamações públicas no Reclame Aqui, um investidor de Cotia (SP) questiona se uma empresa pode mudar a forma de saques sem aviso prévio.
Um outro cliente de Goiânia (GO) vai além, indicando que a Beefund premeditou um golpe contra os seus investidores.
Como tem sido comum, os investidores seguem sem suporte e com poucas informações vagas disponíveis nos grupos. “Agora, com a oferta desse novo token, muitos investidores acreditam que poderão sacar seus valores, simplesmente por desconhecerem como funciona o mercado de criptomoedas. A plataforma, mais uma vez, está se aproveitando da vulnerabilidade e da falta de conhecimento dessas pessoas“, diz o cliente revoltado.