Apresentando um péssimo desempenho no ano, o Bitcoin está sendo reavaliado novamente pelo mercado. Nesta semana, CNBC e Forbes afirmaram que o Bitcoin não é uma proteção contra a inflação. O mesmo foi dito por Cobra, responsável pelo site Bitcoin.org.
Nos comentários reunidos pelos portais acima, alguns especialistas citam a volatilidade e a jovialidade do ativo como os principais motivos para que o Bitcoin não se comporte como um porto-seguro durante períodos de desvalorização das moedas estatais.
Outros destacam a recente correlação com o mercado de ações, também em queda neste ano. Sendo assim, o BTC ainda é visto por muitos como um ativo de risco, não-imune às políticas monetárias do Federal Reserve.
Bitcoin, proteção contra a inflação
Por definição, inflação significa a expansão da base monetária. Ou seja, a impressão de dinheiro que, por consequência, leva ao aumento de preços de bens e produtos.
Dado isso, o Bitcoin conseguiu resolver este problema através da matemática. No total, existirão apenas 21 milhões de BTC e, no momento, 6,25 BTC são gerados a cada bloco (~10 minutos), resultando em uma inflação de 1,7%.
Já a base monetária do dólar (M2) segue no caminho oposto enquanto o Bitcoin se estabiliza.
Contudo, mesmo com grandes moedas como dólar e euro enfrentando seus maiores picos de desvalorização das últimas décadas, o Bitcoin desabou este ano. Sendo assim, até mesmo Cobra, herdeiro do domínio Bitcoin.org, não acredita mais que o BTC seja um porto-seguro.
“A narrativa “Bitcoin é um hedge contra a inflação” está 100% morta.”
The “Bitcoin is a hedge against inflation” narrative is 100% dead.
— Cøbra (@CobraBitcoin) September 7, 2022
Mudança no perfil dos investidores de Bitcoin
Conforme destacado por um relatório da KPMG, o perfil dos investidores de Bitcoin mudou muito nos últimos anos. Enquanto o mercado era dominado por investidores de varejo até 2018, hoje o mesmo está tomado por instituições e fundos.
Com isso, o Bitcoin começou a se comportar mais como um ativo de risco do que contra uma proteção contra a inflação.
“O mercado ainda é bastante centralizado e controlado pelos fundos de hedge de Wall Street, e sua liquidez está nos prejudicando como todos”, comenta Abraham Piha da Tomi à Forbes. “No momento, o único benefício real é ser um ativo que ninguém pode confiscar de seu dono.”
Já Andrei Grachev da DWF Labs conta à Forbes que o “Bitcoin ainda é visto como um ativo novo e volátil para ser um hedge”. Afinal, seu maior rival neste campo é o ouro, ativo que há séculos atua como reserva de valor contra apenas 13 anos do Bitcoin.
Ainda não há definição para o Bitcoin
Por ser um ativo novo, muitos tentam encontrar modelos para precificar seu preço. Alguns levam a expansão da base monetária do dólar em consideração para colocar o Bitcoin como um ativo de proteção contra a inflação, outros comparam o crescimento de sua adoção com outras tecnologias, como smartphones e a própria internet.
De qualquer forma, o fato é que todos podem estar errados. Como destacado por Anjali Jariwala da Fit Advisors à CNBC, o Bitcoin não se encaixa em nenhuma definição que lhe é dada.
“É complicado porque ele deve agir como uma moeda, é tributado como um bem e algumas pessoas o comparam a uma commodity. No final das contas, [o Bitcoin] é realmente sua própria classe de ativo que não tem uma definição pura”.
Portanto, no final do dia seu preço é o resultado destes e de outros pontos de vista de diferentes investidores. Como exemplo, quem vê risco devido ao aumento das taxas de juros por Bancos Centrais está saindo. Já quem acredita na escassez do Bitcoin está comprando nestes níveis.
Por fim, independente de como seja visto, o fato é que o Bitcoin está provando seu valor à cada crise inflacionária, pandemia e até mesmo guerras. Sendo assim, é difícil imaginar que o mesmo perca sua força, pelo contrário.