Negociado acima dos US$ 37.000 nesta segunda-feira (20), o Bitcoin opera em alta diária de 1,9% após Javier Milei se tornar presidente da Argentina. Autoproclamado anarcocapitalista, Milei promete acabar com o peso argentino e seu Banco Central, adotando o dólar como principal moeda do país.
Antes mesmo de ser eleito, seu partido já havia afirmado que a Argentina seria transformada no “paraíso do Bitcoin”. Sendo assim, caso Milei cumpra suas promessas, nosso país vizinho pode seguir os passos de El Salvador e se tornar mais um local de interesse para libertários.
“Você sabe quantos membros [Nayib] Bukele tinha no poder legislativo quando assumiu o cargo [de presidente de El Salvador]? Zero. Quando você sabe o que quer fazer, como fazer e tem convicção, você faz.”
Javier Milei on @nayibbukele:
"Do you know how many seats in congress Bukele had when he took office? Zero. You can see that when you know what you want. And you know how to do it. And you have the conviction to do it. It can be done."
Just the beginning … 🇸🇻🧢🚀 pic.twitter.com/FxlR2qSbYb
— Stacy Herbert 🇸🇻🚀 (@stacyherbert) November 20, 2023
Javier Milei é eleito presidente da Argentina e faz Bitcoin subir
Com 99% das urnas apuradas, Javier Milei, do partido Libertad Avanza, vence as eleições para presidente da Argentina com 56% dos votos. Sergio Massa, ministro da Economia, fica com apenas com 44% e reconhece a derrota.
Como consequência, um ETF da bolsa de Buenos Aires abriu em alta de 13% nesta segunda-feira (20) nos EUA. No entanto, o Bitcoin foi o primeiro a ser contagiado pela vitória de Milei, que se considera um anarcocapitalista e grande fã do Bitcoin.
Ainda às 20h deste domingo (19), o Bitcoin valorizou cerca de 500 dólares após a vitória de Milei ser dada como certa antes da apuração total das urnas. Como visto no gráfico abaixo, o volume das negociações também teve um pico.
Dentre as propostas de Milei está a redução do tamanho do estado da Argentina. Além de privatizações, o novo presidente argentino também promete cortar diversos ministérios de seu país, incluindo turismo e esporte, transporte, trabalho, saúde e outros, que poderão ser incorporados em terceiros.
“Ficam [os ministérios de] economia, infraestrutura, capital humano, relações exteriores, segurança, defesa, interior e justiça. Fora com os parasitas, fora!”
Outra promessa é o fechamento do Banco Central da Argentina e a adoção do dólar como principal moeda do país.
Segundo dados atuais, o peso argentino está atualmente com uma inflação de 142,7%, ano-a-ano, o que ajuda a explicar sua vitória contra o atual ministro da Economia, Sergio Massa. Desde 1980, a inflação do peso argentino está acumulada em 902.382.050.000%.
Em relação à transição para o dólar, o economista brasileiro Fernando Ulrich destacou que este é um “enorme desafio” para Milei, que entrará no cargo já no próximo dia 10 de dezembro.
“Dolarização e o fim do Banco Central é o principal programa e isso não será posto em prática da noite para o dia”, explica Ulrich. “Na verdade, é um programa que será implementado aos poucos, até porque depende de outras variáveis como, por exemplo, as reservas internacionais em posse do Banco Central da República Argentina. A gente não sabe esse número.”
“O Banco Central precisa resgatar toda base monetária de peso, para isso ele precisa ter dólares para honrar os pesos que estão em circulação, isso depende da taxa de câmbio, mas depende também dos ativos que o Banco Central da Argentina tenha no seu balanço.”
Javier Milei é visto como uma experiência para a América Latina
Assim como El Salvador está servindo como uma experiência para o Bitcoin ser adotado como moeda legal em um país, a vitória de Javier Milei como presidente da Argentina também pode ser vista como um experimento para políticas mais libertárias em um continente dominado pela esquerda.
Herdeiro de um país desolado pela inflação, Milei terá 4 anos para provar que suas políticas são suficientes para livrar a Argentina de décadas de má gestão antes de tentar sua reeleição. No entanto, seu sucesso ou fracasso também podem ter impacto nas eleições de países vizinhos.
Por fim, o novo presidente argentino já prometeu cortar laços com governos de esquerda, como Brasil e China. De qualquer forma, notou que cidadãos e empresas da Argentina continuarão para continuar negociando livremente com esses países.