Bitcoin tem forte queda e mercado ficará refém da Binance nos próximos meses, entenda

Mercado cripto ficará refém de Changpeng Zhao nos próximos meses

O bitcoin apresentou uma forte queda nesta terça-feira (8) após rumores apontarem que a FTX estava insolvente e dados on-chain revelarem que a corretora fundada por Sam Bankman-Fried teria até mesmo parado de processar saques.

Não há nenhuma surpresa nisso, afinal a FTX é a terceira maior do mercado por volume de negociação. Além disso, outras métricas também nos ajudam a entender o tamanho da corretora.

No início de julho, a FTX adquiriu a falida BlockFi por alguns milhões de dólares. Já no fim de setembro, a FTX comprou a também falida Voyager Digital por US$ 1,42 bilhão (R$ 7,3 bi).

Nesta última quinta-feira (3), Sam Bankman-Fried mostrou-se interessado na compra de uma de suas maiores rivais, a Coinbase. Listada na Nasdaq, as ações da Coinbase estão em queda de 78% desde seu IPO realizado em maio do ano passado.

“Há alguma especulação sobre fazer uma rodada de investimentos na Coinbase, alguma verdade nisso?”

“Coinbase é um grande player, estou sempre disposto a falar sobre qualquer negócio. Estou animado em buscar maneiras de trabalhar com eles”, respondeu Sam Bankman-Fried da FTX. “Quando você olha para plataformas pesadas de varejo, essas são as plataformas que estamos analisando, seja colaborativamente ou sob outra perspectiva, porque são plataformas que complementam o que nós temos, uma plataforma focada em instituições.”

Por fim, SBF também virou motivo de polêmica nas últimas semanas ao dar palpites sobre a regulamentação das criptomoedas. Seu texto foi tão polêmico que um youtuber surtou ao vivo enquanto afirmava que Sam estava tentando destruir a indústria.

A ascensão e queda da FTX

A farra de Sam Bankman-Fried acabou na última semana. Tudo começou com dados publicados pela CoinDesk, apontando que a Alameda Research, empresa afiliada da FTX, estava com inconsistências em seu caixa.

Em suma, o balanço patrimonial da Alameda estava composto majoritariamente por FTT, token emitido pela própria FTX. Além de não possuir tanta liquidez para suportar vendas equivalentes a US$ 5,72 bilhões em FTT, isso também mostrou que os FTTs considerados “fora de circulação” estavam, na verdade, em risco de venda.

O assunto chamou a atenção de diversos gigantes, tanto de dentro quanto de fora da indústria. No último domingo (6), Changpeng Zhao, fundador da Binance, chegou a comparar os riscos do FTT com o da Terra (LUNA).

“A liquidação de nossos FTT é apenas uma gestão de risco pós-saída, aprendendo com a LUNA. Demos apoio antes, mas não vamos fazer amor depois do divórcio. Não somos contra ninguém. Mas não apoiaremos pessoas que fazem lobby contra outros players do setor pelas costas.”

Outro que mostrou-se interessado pelo assunto foi Michael Burry, famoso por ter sua história contada no filme A Grande Aposta (The Big Short — 2015), no qual foi interpretado por Christian Bale.

“Nenhum cão nesta caçada, mas esta foi uma leitura interessante na semana passada.”

Michael Burry comenta sobre caso da FTX.
Michael Burry comenta sobre caso da FTX.

No artigo compartilhado por Burry, é possível ter uma ideia de como a FTX tornou-se tão grande.

Primeiro, a FTX criou o FTT e inflou o seu preço. Após isso, a corretora mostrou seus ganhos a outros investidores, arrecadando dinheiro através de vendas de participações ou empréstimos. Por fim, o ciclo se inicia novamente, com uma nova valorização do FTT, o que atraiu ainda mais dinheiro.

Gráfico mostrando como FTX tornou-se gigante. Fonte: Dirty Bubble Media.

Por fim, a FTX tornou-se famosa no mundo inteiro. Além de comprar os nomes de um estádio nos EUA por US$ 135 milhões (R$ 700 milhões), agora conhecido como FTX Arena, a corretora também adquiriu uma equipe de eSports, a TSM, por cerca de US$ 210 milhões (R$ 1 bilhão), entre tantos outros negócios de seis ou sete dígitos.

Corretora FTX confirmou problemas de insolvência

Já na tarde desta terça-feira (8), Sam Bankman-Fried apareceu no Twitter confirmando os rumores que sua corretora estava realmente insolvente, sem poder honrar saques, mesmo com um passado até então considerado glorioso.

Ao mesmo tempo, Changpeng Zhao confirmou que a Binance já teria assinado documentos que mostram sua intenção de comprar a FTX para, basicamente, salvar o mercado.

Com a notícia, o preço do Bitcoin conseguiu se recuperar, voltando a ser negociado acima dos US$ 20.000 após um dia tenso. Entretanto, a retomada não durou muito e o BTC registrou preços ainda mais baixos na sequência, perdendo até mesmo o suporte do US$ 19.000.

BTC/USD, no gráfico de velas, e FTT/USD, em azul, seguem flutuando juntos em meio à crise da FTX.

A razão da queda está ligada à incerteza sobre este acordo entre a Binance e a FTX. Afinal, Zhao deixou bem claro que a Binance pode desistir do acordo a qualquer momento. Além disso, sua equipe ainda não deve ter analisado o caixa da FTX para tomar uma decisão.

“Esperamos que o FTT seja altamente volátil nos próximos dias à medida que as coisas se desenvolvem”, comentou Changpeng Zhao.

Bitcoin pode também deve extremamente volátil nos próximos meses

Sendo impossível saber por quanto tempo a Binance analisará a contabilidade da FTX, o mercado seguirá como refém desta aquisição. Caso a Binance desista do acordo, o token FTT — que perdeu 57% nas últimas 24 horas — deixará um rombo de outros R$ 3,3 bilhões aos seus investidores.

Conforme a FTX é a terceira maior corretora do mundo, atrás apenas da Coinbase e da própria Binance, isso também está impactando o Bitcoin e outras criptomoedas. Ethereum, por exemplo, já perdeu 13% de seu valor nas últimas 24 horas.

Portanto, o Bitcoin pode ficar extremamente volátil nos próximos meses devido à crise da FTX. Em outras palavras, Chanpeng Zhao pode salvar a indústria de um enorme crash ao comprar sua concorrente falida ou então ver o mercado entrar em um período de ainda mais baixas.

Por fim, o fiasco da FTX em pleno 2022 mostra que a indústria não aprendeu com os erros do passado, sendo mais uma mancha na história das criptomoedas.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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