A operação do Ministério Público que mirou auditores fiscais do Estado de São Paulo, o fundador da Ultrafarma e um diretor da Fastshop encontrou bitcoin e criptomoedas no valor total de R$ 10 milhões em posse dos suspeitos. Ambos trabalhavam para a Secretaria de Fazenda e Planejamento (Sefaz-SP) e foram alvos da Operação Ícaro.
Parte do valor de R$ 2 milhões em bitcoin estavam na casa do auditor fiscal Marcelo Gouveia, preso na terça-feira (12). Além disso, em sua posse estavam R$ 330 mil, 10 mil dólares e 600 euros em espécie.
O jornal O Globo ainda indicou que a soma total de criptomoedas apreendidas na operação é de 10 milhões de reais, além de R$ 1,8 milhão em dinheiro físico, pedras preciosas, relógios de luxo e outros bens. Arquivos e itens eletrônicos apreendidos passam por perícia técnica.
Esquema desde 2021 utilizava uma empresa de fachada com salto patrimonial bilionário que se justificou para a receita como “investimentos em criptomoedas lucrativos”
De acordo com o MP, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão, além de sequestro de bens dos investigados. A investigação começou há 6 meses e já concluiu que o esquema existe desde 2021. Mesmo assim, o MP apura se antes disso já havia algo ocorrendo.
Segundo o MP, os empresários pagavam os auditores para que facilitassem o ressarcimento de créditos de ICMS junto à Sefaz-SP. Todas as empresas varejistas contribuintes têm direito ao ressarcimento, porém o procedimento é complexo e tem prazos longos.
A investigação descobriu que o auditor Artur Gomes da Silva Neto era o principal da operação, facilitando todo o processo.
No caso dele, as autoridades indicam que uma empresa em nome da sua mãe, Kimio Mizukami da Silva, teve um salto patrimonial de R$ 411 mil em 2021 para mais de R$ 2 bilhões em 2023, se justificando no Imposto de Renda para a receita como “investimentos em criptomoedas”. Professora aposentada com 76 anos ela também será ouvida pelo Ministério Público de São Paulo.
“Ele coletava os documentos necessários da Fast Shop e da Ultrafarma, pedia o ressarcimento dos créditos e em seguida ele mesmo os aprovava evitando que houvesse uma revisão. Em algumas situações eram liberados valores superiores ao que as empresas tinham direito e em prazos reduzidos. O esquema de fraudes teria lhe rendido cerca de R$ 1 bilhão em propinas desde 2021“, informou o promotor de Justiça João Ricúpero. Com informações da Agência Brasil.
Os casos continuam sob apuração das autoridades e a defesa dos suspeitos trabalha para apurar a situação.
Sefaz-SP promete rigor na apuração do caso contra servidores
Por meio de nota, a Sefaz-SP informou que está à disposição das autoridades e colaborará com os desdobramentos da investigação do Ministério Público por meio da sua Corregedoria da Fiscalização Tributária (Corfisp), disse a Agência Brasil.
“Enquanto integrante do Cira-SP – Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos – e diversos grupos especiais de apuração, a Sefaz-SP tem atuado em diversas frentes e operações no combate à sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e ilícitos contra a ordem tributária, em conjunto com os órgãos que deflagraram operação na data de hoje“, disse a secretaria em nota.
A Sefaz-SP informou que instaurou procedimento administrativo para apurar rigorosamente a conduta do servidor envolvido e que solicitou formalmente ao Ministério Público do Estado de São Paulo o compartilhamento de todas as informações pertinentes ao caso.