A Bored Ape Yacht Club (BAYC), a coleção mais famosa de NFT, está sendo acusada de racismo por um youtuber. No vídeo, que já conta com mais de 400.000 visualizações, Philion afirma que as imagens de macacos possuem o cruel objetivo de desumanizar certos grupos étnicos como judeus, irlandeses, asiáticos e negros.
Seu primeiro argumento está associado ao logotipo da BAYC. Segundo Philion, a imagem contém muitas semelhanças ao emblema da 3.ª Divisão SS Totenkopf, uma unidade do exército nazista.
Indo além, também aponta outros detalhes no logo, como o número de dentes da caveira. Segundo o jornalista, o número 18 seria um código alfanumérico para Adolf Hitler, representando suas inicias, onde 1 representa a letra A e o número 8 representa a letra H.
Ainda sobre exoterismo racista, também é notado que diversos NFTs listados à venda contém os números 14 ou 88 inseridos em seus finais. Sendo este segundo um código para Heil Hitler, uma saudação nazista.
Bored Ape Yacht Club promove simianização, afirma youtuber
O principal alerta disparou por conta dos próprios NFTs de macacos. Segundo o vídeo, seus criadores poderiam ter escolhido qualquer outro animal, entretanto, escolheram um que possui conotação racista.
“A razão pela qual as pessoas tiveram esta conclusão (de que os NFTs da BAYC são racistas) é devido a uma coisa chamada simianização. Isso se refere a comparação de grupos étnicos a um macaco.”
Outro ponto destacado são as vestimentas dos macacos. Um deles, de número #6969, está usando um capacete prussiano, referência ao império alemão, além de estar vestindo um macacão de prisão.
Já os NFTs que contém uma faixa japonesa (hachimaki) em sua cabeça, levam a palavra kamikaze. Segundo Philion, esta seria referência ao Japão imperial, aliado da Alemanha durante as duas Grandes Guerras.
Seguindo estão os capacetes de safari, usados pelo império britânico durante a colonização de países africanos. Além destes, também é possível encontrar ushankas, ligados a URSS, além de outras vestimentas.
Por fim, o youtuber também destaca que as bananas no jogo da Bored Ape Yacht Club possuem o formato de suásticas.
Quem desenhou os NFTs da Bored Ape Yacht Club?
Apontando que os designers dos NFTs da Bored Ape Yacht Club seriam os responsáveis, o youtuber nota que existem seis artistas na equipe. Entretanto, aponta que foi uma artista chamada Seneca quem criou os primeiros esboços.
Apesar disso, após ser confrontada sobre os desenhos, Seneca nem sequer conseguiu reconhecer alguns dos NFTs, como o de número #6969, afirmando que o mesmo “não era oficial”, embora seja.
Yuga Labs, a empresa por trás da BAYC
Seguindo com suas acusações, o youtuber Philion também levanta outros questionamentos sobre a empresa por trás dos NFTs da Bored Ape Yacht Club, a Yuga Labs.
Segundo a empresa, o nome Yuga é referência a um vilão do jogo Zelda. Entretanto, Philion aponta que o nome faz referência ao termo hindu Kali Yuga, uma era de conflito, que mais tarde começou a ser utilizado pela direita alternativa.
“A primeira menção desta frase na cultura da internet foi em 11 de setembro de 2014 por um usuário anônimo do 4chan,” aponta Philion. “Em resposta a pessoas chateadas com a Gamergate, onde um usuário anônimo comentou: “Sei que é sombrio às vezes, mas você tem que aprender a aproveitar, cara. Aceite ser o cara mau. Surfe a Kali Yuga”.”
Ataques aos desenvolvedores da Yuga Labs e BAYC
Outro ponto destacado pelo youtuber são os nomes dos fundadores e desenvolvedores da Yuga Labs e da Bored Ape Yacht Club. Segundo o mesmo, os nomes destes possuem significados ocultos.
O primeiro deles, EmperorTomatoKetchup, faria referência a um filme japonês homônimo de 1971, banido em diversos países por conter pornografia infantil. Sendo mais específico, aponta que um garoto usando um uniforme fascista se aproveita sexualmente de uma mulher adulta.
Já Gordon Goner seria um anagrama para Drango Negro, que pode ser traduzido para Negro Estúpido, aponta o youtuber. Enquanto isso, Sass, outro desenvolvedor da BAYC, estaria referindo-se a dois exércitos nazistas, a SA (Sturmabteilung) e a SS (Schutzstaffel).
Por fim, Philion cita vários outros motivos que o levaram a acreditar que os NFTs da Bored Ape Yacht Club são racistas, afirmando que seus desenvolvedores podem ser neo-nazistas ou então trolls. O vídeo completo, com todas as acusações, está disponível abaixo.
Youtuber recomenda que NFTs da BAYC sejam queimados
Embora note que nem todos os donos de NFTs da Bored Ape Yacht Club sejam racistas, Philion afirma que muitas estão sendo enganadas pelos desenvolvedores do projeto. Como exemplo, aponta que diversas celebridades estão recebendo BAYCs de graça, sendo usados como uma ferramenta de marketing.
Sua recomendação é que os donos de tais NFTs queimem seus BAYCs, ou seja, os enviem para um endereço que não pertença a ninguém.
Entretanto, isso pode criar um problema ainda maior. Afinal, pessoas contra o racismo se livrariam de seus BAYCs e esta coleção ficaria cada vez mais concentrada nas mãos de racistas, caso sua teoria esteja certa. Além disso, a redução da oferta aumentaria o preço dos mesmos, agora nas mãos deste segundo grupo.
Portanto, ainda que algumas de suas acusações tenham fundamento, e outras nem tanto, a solução proposta está longe de ser a ideal. Contudo, o Philion tocou em um assunto polêmico e pode desencadear uma extensa discussão sobre o real propósito dos NFTs da Bored Ape Yatch Club.