Um brasileiro que perdeu 6 bilhões de Shiba Inu guardadas em uma carteira MetaMask acabou processando a corretora Binance após o ocorrido. Segundo ele, tudo teria ocorrido em dezembro de 2021, quando foi percebido a movimentação em sua wallet.
No dia 18 de dezembro de 2021, ele ainda detinha 22.715.716.264,00 SHIB, compradas em anos anteriores e que hoje teriam um valor de mercado em R$ 1,3 milhão.
Ele alega que foi hackeado em sua carteira, sem indicar como isso pode ter ocorrido. Em análise pela própria blockchain da rede Ethereum, ele viu que 6,7 bilhões em Shiba Inu acabaram indo parar na corretora Binance, fato que o chamou atenção.
Brasileiro perde Shiba Inu guardada em MetaMask e processa Binance
Analista de sistemas e investidor de criptomoedas, o brasileiro disse na justiça de São Paulo que ficou descrente até das relações humanas quando detectou a invasão em sua carteira.
Como viu que parte dos valores hackeados haviam sido enviados para a Binance, ele correu para pedir que a corretora bloqueasse a conta, conversando pelo suporte. O atendente que o recepcionou em inglês disse que a corretora já estava bloqueando o acesso à conta.
Mesmo com alguns valores ainda possivelmente depositados na corretora, o investidor e autor do processo não conseguiu reaver suas criptomoedas, após tentativas de resolução do caso com a Binance extrejudiciais.
Assim ele acabou ingressando na justiça para pedir a liberação dos valores. O investidor alega que as moedas fazem parte do seu sustento e de sua família, sendo que essas são todo seu patrimônio.
Ao analisar o pedido de urgência, o juiz Ricardo Hoffmann concordou com as alegações e deu 48 horas para que a Binance bloqueasse seu endereço “Binance 14”, que recebeu os valores do hacker, no final de janeiro de 2022.
“Deste modo, defiro o pedido de tutela a fim de determinar que a requerida realize o bloqueio do montante integral da carteira Binance 14, bem como apresente os registros de acesso à aplicação (data, hora, IP, fuso horário), relativo à referida carteira, no prazo de 48 horas, tudo sob pena de desobediência, sem prejuízo de oportuna fixação de multa diária, caso se faça necessário.”
Binance recorreu de pedido alegando que não tem relação com a MetaMask, mas não adiantou
Ao recorrer da decisão liminar contra sua empresa, a Binance entrou com recurso de Agravo de Instrumento para impedir o bloqueio de suas carteiras.
Vale lembrar que a MetaMask é uma carteira detida pela ConsenSys. Para isso, a defesa da corretora alegou até que não havia relação com a MetaMask, sendo culpa daquela empresa a fraude praticada contra o investidor brasileiro de Shiba Inu.
“A mera abertura de conta, ainda que utilizada para o evento descrito pelo Agravado, não foi a causa determinante para o incidente. Por outro lado, a falta segurança da empresa METAMASK, esta sim, foi preponderante para a ocorrência dos danos.”
No TJSP, o desembargador Luiz Eurico analisou o caso e diz ser “uma situação nebulosa e suscetível a indagações“. Contudo, ele concordou com o juiz da primeira instância e manteve a decisão, negando o pedido da Binance para suspender o bloqueio.
Agora, o caso volta a ser avaliado pelo juiz Ricardo, que deverá em breve decidir quais rumos a causa tomará, após analisar melhor relatos de ambas as partes, ainda que seja uma situação inusitada para os magistrados que já dissecaram o caso.
Apesar do investidor morar em Piauí, o processo corre em São Paulo, local onde a Binance tem uma empresa registrada no Brasil, a B. Fintech Serviços de Tecnologia.