Um brasileiro que perdeu R$ 40 mil ao investir em uma falsa plataforma de criptomoedas ingressou com processo na justiça contra o Facebook e Telegram em busca de identificar os dados dos golpistas que lhe enganaram após contatos iniciados pelas redes sociais.
Chamada AI Bot, a falsa empresa captava investidores com promessas de altos lucros. Além disso, criava para seus usuários uma fraudulenta carteira DeFi em uma plataforma que deveria automatizar negociações de criptomoedas. As promessas de lucros atraíram várias vítimas no Brasil, inclusive um morador do Rio Grande do Norte.
“Narra que foi vítima de golpe após ser abordado por grupo que simulava conhecimento técnico e mercadológico na área de criptoativos, convencido da idoneidade e credibilidade das informações recebidas, efetuando diversas transferências de criptomoedas, conforme instruções recebidas dos interlocutores, que utilizavam o perfil @AI_BOT_VIP88 na plataforma Telegram e o número telefônico +44 7456 881582 vinculado ao aplicativo WhatsApp, totalizando prejuízo financeiro estimado em torno de R$ 40.000,00“, disse o brasileiro em sua petição inicial para a justiça de São Paulo.
Após análise do caso, a justiça decidiu favorável ao investidor e declarou que Facebook e Telegram devem informar os dados dos criminosos, sob pena de multa. As redes sociais devem apresentar contestação no processo em 15 dias após citação.
O que diz o advogado do brasileiro que busca informações sobre os golpistas que praticaram o esquema da falsa plataforma de criptomoedas?
Em conversa com o Livecoins, o advogado especialista em criptomoedas e direito digital Raphael Souza lembrou que os golpes digitais começam em muitos casos dentro de redes sociais.
Assim, a decisão indica que as empresas devem colaborar em casos na justiça para mitigar danos para as vítimas.
“Hoje em dia, quase todo golpe digital começa dentro de uma rede social ou aplicativo de mensagens. Os criminosos se escondem atrás de perfis falsos, mas só as plataformas têm acesso aos dados técnicos — como endereço de IP, número de telefone, e-mail, geolocalização e logs de acesso — que permitem identificar quem está por trás. Mesmo assim, na maioria dos casos, essas empresas se recusam a entregar tudo: fornecem só parte dos dados ou simplesmente alegam ‘privacidade’ para não entregar nada. Quando isso acontece, podem ser multadas diariamente até cumprir a ordem judicial e, além disso, responder por indenização à vítima por omissão“, disse Souza.
Estelionatários alegaram que problema em saque ocorreu devido à falta de pagamento de impostos em órgão regulador da Arábia Saudita no Oriente Médio
Um dos fatos curiosos do esquema foi o momento em que o investidor começou a questionar sobre a possibilidade de sacar seus investimentos. Via WhatsApp, ele pediu informações de como poderia ter acesso a sua carteira DeFi na plataforma para sacar os lucros.
Em dado momento, os criminosos indicaram que ele precisava pagar 10.000 USDT para a pool de mineração, o que não havia sido pago ainda. Contudo, após novos pedidos de saques, os golpistas indicaram que o investidor deixou de pagar seus impostos junto a Autoridade Monetária da Arábia Saudita (SAMA), da FinCEN (EUA) no Oriente Médio.
Desconfiado de um golpe, ele procurou a polícia civil e registrou um boletim de ocorrência por estelionato, depois ingressando com processo em busca de identificar os golpistas.