18 de dezembro de 2017, lançamento do contrato futuro de Bitcoin na bolsa de Chicago, a CME. Nas palavras do estrategista global do banco JP Morgan na época, Nikolaos Panigirtzoglou, “a perspectiva do início dos futuros de BTC tem o potencial de elevar as criptomoedas a uma classe de ativos emergentes.”
Hoje sabemos que o resultado foi justamente o oposto, ao menos nos 12 meses que se seguiram. Coincidentemente, a máxima histórica havia sido atingida na véspera do lançamento deste contrato futuro, na casa dos US $ 19.900.
A mecânica do contrato futuro
Antes de avaliarmos o impacto do lançamento do futuro CME de Ethereum, é preciso entender seu funcionamento básico. Embora negociem com um valor muito próximo do Bitcoin das exchanges comuns (mercado à vista), estes contratos são apenas uma aposta especulativa entre as duas partes.
No caso da CME, o vencimento é toda última 6ª feira do mês. Deste modo, se o ativo valorizar, ganha o lado que apostou na alta. O vendedor (short) paga apenas a diferença da cotação entre o dia da aposta e a data de vencimento.
Em resumo, não há uma negociação efetiva de Bitcoins, pois são contratos de liquidação financeira. Os participantes escolhem este mercado por ser regulado e parte integrante dos sistemas de risco e controle disponíveis para seus veículos de investimento.
Por que o Bitcoin desabou no lançamento da CME?
É impossível desvendar o racional de todos os participantes do mercado na época. Outro fator esquecido é a alta de 1940% que antecedeu este lançamento. Além disso, até então não havia um mercado regulado para investidores que buscassem apostar contra a alta da criptomoeda.
Sim, de fato existiam os contratos futuros da BitMEX e OKEx, porém são instituições com um grau de transparência baixo, além de trabalhar (na época, ao menos) somente com ativos digitais, ou seja, sem a entrada e saída de dólares.
Christopher Giancarlo, ex-presidente da Comissão de Futuros de Comódites (CFTC), revelou alguns anos mais tarde que a agência reguladora SEC, o Tesouro e o Conselho Econômico Nacional, trabalharam em conjunto para “conter a bolha do Bitcoin.”
Em suma, há uma evidência clara do esforço e incentivo do governo para que os alguns participantes atuassem na ponta vendedora.
O contrato futuro de Ethereum vai derrubar o preço?
Em 8 de fevereiro será lançado o contrato futuro de Ethereum na CME. Não é possível afirmar que este derivativo irá ajudar na alta ou queda da moeda, pois isso depende da pressão compradora e vendedora em cada nível de preço.
Para a história se repetir, depende mais das perspectivas do mercado para o ativo. Lembre-se: em mercados de alta, mesmo notícias ruins tem pouco ou nenhum impacto.