No sábado, 20 de fevereiro, um total de 4.501 bitcoins foram transferidos para fora da exchange Coinbase. O valor, equivalente a US$ 256 milhões, chamou atenção por ocorrer em um final de semana.
De fato, não é possível afirmar se este foi um único cliente, ou até mesmo a exchange movendo moedas para sua mesa de OTC. No entanto, no domingo (21), outros 13.204 bitcoins saíram da exchange.
Dessa vez o autor foi mais cauteloso, dividindo a fortuna de US$ 752 milhões, cerca de três vezes maior que o dia anterior. Ou seja, foram realizadas 36 transações de cerca de 366 BTC cada.
Quem poderia ter comprado?
Especular em cima de nomes é complicado, porém a MicroStrategy, de Michael Saylor, é um alvo potencial. A empresa, que já havia comprado mais de 71 mil bitcoins, levantou recentemente US$ 1 bilhão em dívida para aumentar sua posição.
No entanto, no início do mês, a mesma MicroStrategy realizou um evento para mais de 1.400 participantes de diversas empresas onde explicava o racional do investimento. Além disso, dava detalhes da operação via Coinbase, feita para minimizar o impacto na cotação.
Existe uma especulação de que poderia ser a Oracle, gigante de tecnologia com capitalização de mercado de US$ 180 bilhões. Isso porque Larry Ellison, co-fundador da empresa, faz parte do Conselho de Administração da Tesla.
Cabe lembrar que a Tesla recentemente comprou US$ 1,5 bilhão em Bitcoin, ajudando a impulsionar a criptomoeda acima dos US$ 50 mil.
Como estas baleias compram?
Comprar US$ 1 bilhão em Bitcoin envolve um pouco mais do que enviar o dinheiro para a exchange, abrir o terminal, e executar a ordem no livro de ofertas. Além do óbvio problema da liquidez, ou seja, volume de ofertas de venda insuficiente, o impacto no preço seria muito alto.
Tão logo o mercado perceba que um cliente na Coinbase está pagando US$ 200 acima das demais exchanges, as empresas de arbitragem e market maker vão acelerar suas compras para jogar o preço para cima. Isto é feito de forma automática, através de robôs, executando em diversos mercados.
Para evitar este problema, estas baleias costumam executar ordens TWAP, ou seja, ponderadas pelo tempo. Digamos que o comprador deseja US$ 600 milhões em 3 dias, e pretende operar 12 horas por dia. Isso dá um total de US$ 278 mil de compra a cada minuto, cerca de 4,83 BTC.
Nesse sentido, a ordem costuma ser repassada à mesa de OTC (balcão) da Coinbase. Além do robô executando a cada minuto, ordens de venda maiores são compradas automaticamente. A ideia é reduzir o impacto da execução, dividindo em pequenas ordens.
Em suma, a Coinbase já afirmou ter mais 5 empresas do índice S&P500 como clientes. Resta saber quem será o próximo a anunciar sua aquisição.