O contágio da FTX atingiu mais uma corretora de criptomoedas. Com sede na Austrália, a empresa afirma que “sempre manteve uma reserva de 1:1 para os depósitos de todos os usuários”, mas que parte destes fundos estava depositado na FTX Trading.
Em outras palavras, a corretora não tem acesso a estes fundos e não pode honrar com os saques de seus clientes.
“Vocês não deveriam informar a todos que possuíam investimentos na FTX antes?” Questionou um usuário, respondido com uma mensagem um tanto genérica do CEO e co-fundador da corretora, Dan Rutter, ainda no dia 17 de novembro.
“Até que uma solução permanente seja implementada, é um requisito legal para a Digital Surge suspender todos os depósitos e saques”, disse o CEO. “Você ainda poderá negociar ativos como de costume, o que significa que não está preso a nenhuma posição específica e pode otimizar seu portfólio conforme desejado.”
O mais estranho nessa situação é que os usuários podem continuar negociando na plataforma, mas estão trocando nada por nada, já que não há lastro nos ativos mostrados na interface da corretora.
Corretora afirma que mantinha fundo dos usuários na FTX
As práticas de uma corretora deveriam ser simples, manter uma grande parte dos fundos de seus usuários em uma cold wallet, ou seja, uma carteira sem acesso à internet para evitar hacks, e outra menor em uma hot wallet para processar saques com agilidade.
Entretanto, a Digital Surge optou por um caminho um tanto diferente e questionável, deixou o fundo de seus clientes na FTX, empresa de Sam Bankman-Fried.
Em e-mail da corretora que circula nas redes sociais desde a última semana é possível encontrar mais explicações sobre o caso.
“A Digital Surge sempre manteve um depósito de 1:1 para os depósitos de todos os usuários, entretanto, devido a nossa exposição a FTX Trading Limited (FTX Trading), a exata posição de reserva é desconhecida no momento”, aponta o trecho destacado. “Sem acesso a estes fundos, como uma precaução, nós pausamos os depósitos e saques enquanto trabalhamos em uma solução.”
Como justificativa, aponta que a FTX era usada para “facilitar negociações”, mas que não era sua única parceira.
Por fim, é bastante improvável que os clientes lesados consigam sacar suas criptomoedas algum dia.
Em outras palavras, devem esperar por anos até que o processo de falência da FTX reembolse, em parte, todos os que tinham exposição à corretora, incluindo a Digital Surge e seus clientes.