Crescimento do setor de DeFi pode ser exagerado, afirma pesquisa

As Finanças Descentralizadas, o famoso DeFi, tem sido o setor com maior crescimento e destaque dentro do criptomercado nos últimos meses. Entre as explicações para o crescimento acelerado está a possibilidade de ganhar retornos passivos com investimentos em diferentes moedas.

No entanto, esse crescimento rápido pode não representar exatamente o verdadeiro status do ecossistema.

De acordo com um relatório do DappRadar, uma das principais equipes de pesquisas sobre aplicativos descentralizados, a principal métrica utilizada para medir o crescimento do DeFi pode oferecer uma visão completamente distorcida do setor.

O que são os valores travados em protocolos DeFi?

Quando se fala no crescimento dessa indústria, o principal valor que é considerado é a quantidade de dinheiro que está nos protocolos e contratos DeFi. Estes que são os chamados de “valores travados” ou valor travado em dólar (TVL, na sigla em inglês).

O DeFi funciona de forma descentralizada (em teoria), por isso, a liquidez das plataformas depende dos próprios participantes. Sendo assim, os usuários podem colocar valores nos protocolos DeFi, e esse dinheiro seria usado para liquidez de exchanges descentralizadas, ou ainda, ser emprestado em plataformas de empréstimo.

Quem trava os valores nessas plataformas recebe juros como incentivo, feito para manter o dinheiro na plataforma. Isso é chamado de Yield Farming. Atualmente o DeFi tem boas taxas de juros, o que atraí cada vez mais investidores.

Crescimento do DeFi pode ser exagerado

O TVL é a principal métrica para medir o valor agregado do mercado de DeFi. Recentemente, esse valor atingiu a marca de US$ 3 bilhões pela primeira vez, cerca de um mês depois o número dobrou para a casa dos US$ 6.3 milhões. Ou seja, um crescimento surpreendente e explosivo, mas não é bem assim, pelo menos de acordo com o DappRadar.

A verdade é que pelo menos 75% desse valor total foi causado por aumento de preço em tokens. Sendo assim, apenas 25% do crescimento do DeFi realmente representou novos valores entrando na indústria.

Para chegar a essa conclusão, o DappRadar analisou informações do MakerDAO, a maior plataforma de DeFi e responsável por cerca de 24% do valor total gerado pelo setor. O MakerDAO é responsável pela emissão da criptomoeda DAI. A pesquisa indicou que cerca de 97% do TVL da plataforma está em:

  • 73% Ethereum;
  • 17% MKR, token nativo da plataforma;
  • 8% em Wrapped Bitcoin.

Curiosamente, todas essas três moedas tiveram um crescimento considerável nos últimos meses. Com isso, todo o crescimento do DeFi pode ter vindo da valorização dessas (e muitas outras) moedas, ao invés de investimentos diretos.

“Todos os três tokens tiveram um aumento de valor nos últimos 30 dias. Isso levanta a questão de como essa valorização afeta a métrica de TVL. (…) O valor total em dólares pode acabar demonstrando uma visão distorcida do desenvolvimento da categoria.”

A questão permanece: DeFi é uma bolha?

A pesquisa do DappRadar levanta ainda mais questões sobre esse novo setor, que apesar de lucrativo, alguns acreditam que pode ser uma bolha, assim como o criptomercado em 2017. Na época, houve uma explosão de ICOs, em projetos que registram prejuízos acima de 90% ainda hoje.

Já estamos vendo alguns projetos que, assim como os antigos ICOs, estão começando com grandes valores e quebrando pouco tempo depois. Além disso, os projetos de “brincadeira” também estão começando a surgir no setor.

O melhor a se fazer no momento é pesquisar bastante antes de decidir colocar qualquer valor em uma plataforma descentralizada e evitar qualquer investimento no setor antes de entender como ele realmente funciona.

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Matheus Henrique
Matheus Henrique
Fã do Bitcoin e defensor de um futuro descentralizado. Cursou Ciência da Computação, formado em Técnico de Computação e nunca deixou de acompanhar as novas tecnologias disponíveis no mercado. Interessado no Bitcoin, na blockchain e nos avanços da descentralização e seus casos de uso.

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