De acordo com o delegado da polícia federal, Guilherme Helmer, o criador do Bitcoin deve estar chateado com o uso da moeda hoje em dia. Isso porque, com a conversão de Bitcoin em moedas fiduciárias, as pessoas estariam errando no uso inovador da moeda.
A participação do delegado foi no seminário Combate à Corrupção e Recuperação de Ativos, promovido pela Escola da AGU. O evento, que foi apresentado em formato digital, reuniu diversos servidores de órgãos fiscalizadores no Brasil.
Participaram também membros do Ministério Público, Polícia Civil e Procuradores da República. Com a reunião de diversos órgãos, compartilhando suas experiências, o evento espera que o Brasil avance no combate à corrupção e lavagem de dinheiro.
“Satoshi deve estar muito chateado”
O Bitcoin foi apresentado pela primeira vez em 2008, pelo pseudônimo de Satoshi Nakamoto, sendo sua rede colocada em funcionamento no início de 2009. Desde que foi criado, o Bitcoin nasceu para ser um sistema monetário independente de bancos e órgãos centrais.
Assim, a primeira criptomoeda surgiu com ideais libertários. Seu funcionamento, inclusive, seria melhor sem a presença de intermediários, como corretoras, por exemplo.
Com o passar do tempo, os usuários do Bitcoin acabaram negligenciando esses fundamentos, disse o delegado da PF Guilherme Helmer.
Ao participar do evento promovido pela Escola da AGU na última terça-feira (23), Guilherme comentou que o criador do Bitcoin deve estar chateado, caso ainda esteja vivo.
“Se ele fosse uma figura real, ele deve estar assim, muito, muito chateado. Porque as exchanges e a regulação é o inverso do que o Satoshi Nakamoto idealizou para o Bitcoin.
Ele não foi idealizado para ser convertido em moeda, ele foi criado para ser um meio de pagamento. Tanto que teve lá a histórica pizza de Bitcoin”
O delegado também defende que o Bitcoin deve ser regulamentado, para mitigar crimes, principalmente no Brasil.
“Corretoras não querem um mercado criminoso, elas querem ajudar no controle”
O delegado da PF, que foi responsável por acabar com o esquema de pirâmide da Trader Group em 2019, defendeu ainda o compliance de corretoras. De acordo com ele, as corretoras querem ajudar no controle do mercado, evitando crimes no setor.
“Quando investigamos uma pessoa que por alguma razão faz o uso de criptomoedas dentro do Brasil, temos uma atuação relativamente simples. O nosso problema é quando temos recursos em corretoras fora do Brasil, pois o tempo entre bloquear os valores com cooperação internacional pode prejudicar a ação.”
O delegado finalizou sua fala lembrando sobre as dificuldades de encontrar criptomoedas, quando em carteiras seguras. Como reportado pelo Livecoins nos últimos dias, o GAFI está com uma consulta pública em aberto, que deverá criminalizar o uso de carteiras de Bitcoin e negociações entre pessoas. O órgão espera que as corretoras sejam a preferência em negociações de Bitcoin.
O evento ainda contou com a Procuradora da Fazenda Nacional Ana Paula Bez Batti, que comentou sobre operações envolvendo crimes com criptomoedas. Já o delegado da Polícia Civil de Goiás, Vytautas Fabiano Silva Zumas, também comentou sobre alguns crimes com as moedas digitais.