Finanças descentralizadas (DeFi) são uma das fatias mais cobiçadas da indústria de blockchain hoje, mas a ideia em si tem origens muito mais humildes. Na verdade, foi apenas nos últimos dois anos que tais plataformas se tornaram práticas.
Os serviços financeiros tradicionais, como pagamentos e empréstimos, só estavam disponíveis até pouco tempo por meio de instituições financeiras e bancos estabelecidos. Mas ele se transformou – e tem se transformado cada dia mais – com a introdução de uma tecnologia revolucionária: Blockchain.
Existem mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo que não têm acesso a serviços bancários ou financeiros. A tecnologia Blockchain ajuda a levar todos os tipos de serviços relacionados a dinheiro para os cantos mais remotos do mundo
Embora tenha surgido há mais de uma década, as criptomoedas se espalharam para muitas classes diferentes e toda a confusão hoje em dia gira em torno de finanças centralizadas – CeFi – e finanças descentralizadas – DeFi.
As fronteiras entre o sistema centralizado e descentralizado nem sempre são tão claras. Em princípio, ambos sistemas têm o mesmo objetivo: permitir que as pessoas utilizem a criptomoeda em uma ampla gama de serviços financeiros.
O que diferencia os dois é como o fazem.
Para entender os prós e contras do sistema de CeFi e DeFi, primeiro precisamos ter um melhor entendimento desses dois conceitos.
Finanças Centralizadas – CeFi
Em finanças centralizadas, os ativos e serviços oferecidos são gerenciados por pessoas, e os usuários precisam chegar a um acordo com isso. É sobre confiar nas pessoas ou na organização por trás da plataforma.
O principal benefício de usar essas serviços é que existe um maior grau de flexibilidade. Algumas vantagens derivadas dessa flexibilidade incluem conversões fiduciárias – real, dólar, euro…
Além disso, os locais que oferecem os serviços de corretora centralizada precisam seguir os regulamentos KYC (Know your customer ou Conheça seu Cliente) e AML (Anti-Money Laundering ou Anti-Lavagem de Dinheiro) semelhantes aos de bancos e outras instituições financeiras.
O uso do KYC exige que os profissionais se esforcem para verificar a identidade, a idoneidade e os riscos envolvidos na manutenção de uma relação comercial. Já o uso do AML é um conjunto de práticas e procedimentos para evitar o envolvimento com a geração de renda por vias ilegais.
Ao usar uma corretora de criptomoeda tradicional, como Binance ou a Coinbase, os usuários enviam fundos para elas com o intuito de gerenciá-los dentro de uma conta interna.
Ou seja, quando os fundos estão nesses locais, eles são armazenados fora da custódia dos usuários. Portanto, são vulneráveis a ameaças de segurança implementadas por elas – todavia, de fato, tais locais possuem departamentos inteiros com equipes de atendimento ao cliente caso ocorra um problema ou frustração.
Quando um usuário se inscreva em um serviço CeFi, ele precisa confiar bastante nas pessoas por trás, em seu código de conduta e em sua capacidade de impedir que hackers acessem os fundos depositados.
Concluindo o conceito de Finanças Centralizadas, percebemos que uma pessoa não possui real controle sobre seus criptoativos.
Além disso, fica sujeito às regras que tais locais estabelecem. Então, em suma, os usuários confiam nas pessoas por trás de uma empresa para administrar os fundos de forma ética e executar os serviços que a empresa está oferecendo – todavia seja impossível garantir que um serviço centralizado seja confiável, o código auditado de uma fonte de renome é teoricamente muito mais seguro
Finanças descentralizadas – DeFi
DeFi visa construir um ecossistema de serviços financeiros de código aberto, sem autoridade central e transparente. De modo geral, finanças descentralizadas são um serviço financeiro que utiliza um conjunto de contratos inteligentes e algoritmos para executar seus serviços.
Um dos seus principais benefícios é que ele oferece é a capacidade de que permaneçamos no controle dos nossos ativos, que, como dito anteriormente, não acontece no sistema tradicional. Além disso, as plataformas descentralizadas, como a Aave e Uniswap, não têm custódia – o que exemplifica o dito anteriormente.
Outra vantagem de usar os serviços financeiros DeFi é que você não precisa ceder informações pessoais ou a custódia de seus fundos, uma vez que as DEX (corretoras descentralizadas) não fazem uso de KYC – e nem mesmo do AML.
Além disso, os produtos construídos no mundo descentralizado são projetados para interagir e se beneficiar uns dos outros, sendo comumente chamados de money legos.
Com DeFi, os usuários confiam que a tecnologia funcionará conforme pretendido para a execução dos serviços oferecidos. Portanto, ele capacita as pessoas a administrar seus fundos de forma independente, sem perder nenhum dos serviços disponíveis na CeFi.
Além disso, nesse novo sistema, também não se pode bloquear a negociação ou colocar restrições aos usuários, enquanto o CeFi pode.
Outro ponto interessante de diferença é que nas finanças centralizadas, o sistema é governado por trocas. Já nas finanças descentralizadas, é dependente da tecnologia, uma vez que os usuários do DeFi acessam serviços financeiros por meio de DApps.
Embora os serviços descentralizados sejam frequentemente comercializados como ‘não confiáveis’, eles exigem uma certa confiança em algo, e a diferença real entre as plataformas DeFi e CeFi é em quem seus usuários escolhem confiar.
Em resumo, ao contrário do sistema financeiro centralizado tradicional, o DeFi oferece três recursos distintivos:
- Transparência: um usuário pode inspecionar as regras precisas pelas quais os ativos e produtos financeiros operam. Além disso, ele busca ir contra acordos privados, back-deals e centralização, que são fatores limitantes significativos da transparência;
- Controle: oferece controle aos seus usuários, permitindo que o usuário permaneça como o guardião de seus ativos, ou seja, ninguém deve ser capaz de monitorar, mover ou destruir o que possui;
- Acessibilidade: qualquer pessoa com um computador, conexão à Internet e know-how pode criar e implantar produtos.
Conclusão:
Ambos os sistemas têm suas vantagens e desvantagens. De maneira geral, percebemos que nas finanças centralizadas, a classe de ativos e os processos são gerenciados por pessoas ou empresas. Já nas finanças descentralizadas, eles são gerenciados por um conjunto de protocolos inteligentes.
Tanto o DeFi quanto o CeFi oferecem uma ampla variedade de serviços financeiros relacionados à criptomoeda. Apesar disso, ambos são imperfeitos no quesito da liquidez de ativos – principalmente os mais recentes.
De fato, a integração de clientes no modo centralizado é muito mais conveniente e pode levar a uma melhor experiência do cliente.
A CeFi está menos focada em seus usuários que possuem criptomoedas e mais focada em deixá-los interagir com a criptomoedas em geral. DeFi, no entanto, opera inteiramente em cima de uma infraestrutura descentralizada.
De certo modo, as características distintivas mais prevalentes das finanças descentralizadas, são: quem controla os ativos, quão transparente e responsável é o sistema e também quais proteções de privacidade existem para o usuário.
Como dito antes, os serviços centralizados geralmente demonstram mais flexibilidade, em comparação com os serviços descentralizados, quando se trata de converter fiat em criptomoeda e vice-versa. Até o momento, essa conversão exige uma entidade centralizada, de modo que a maioria dos serviços DeFi não oferecem acesso fiduciário.
Para finalizar, podemos concluir que, se privacidade e transparência são a sua prioridade, certamente DeFi merece atenção. Todavia, se confiança e mais opções de investimento são suas preocupações atuais, abandonar o uso do CeFi, por hora, pode não ser a melhor escolha.