O Dropbox, um dos líderes globais em soluções de armazenamento em nuvem, anunciou que está encerrando sua oferta de espaço ilimitado porque alguns clientes a usavam para fins como mineração de criptomoedas.
A mudança ocorre após a empresa identificar clientes utilizando a plataforma com acumulação excessiva de dados, para fins pessoais e até mesmo revenda de espaço.
Até então, a oferta era tentadora: “use quanto espaço você precisar”. No entanto, a partir de 1º de novembro, o espaço ilimitado chegará ao fim. O Dropbox afirmou que clientes do plano Advanced com três licenças ativas terão 15 TB de armazenamento.
A empresa foi magnânima para os clientes atuais, garantindo que usuários que utilizam menos de 35 TB poderão manter o espaço, recebendo um bônus de 5 TB adicionais por cinco anos, sem nenhum custo extra.
Aquelas que superam a marca de 35 TB não serão deixadas à deriva. O Dropbox se comprometeu a entrar em contato para debater alternativas de armazenamento, além de conceder 5 TB adicionais por um ano.
Dropbox deixa de oferecer espaço ilimitado e culpa mineradores de criptomoedas
O Dropbox esclareceu sua postura, afirmando: “Nossa política para o Advanced sempre visou oferecer o necessário para a gestão de negócios legítimos, não para fornecer espaço ilimitado indiscriminadamente”.
A empresa identificou que alguns clientes, ao aproveitarem indevidamente a oferta, utilizavam “milhares de vezes mais espaço” do que aqueles que seguiam a intenção original do serviço.
“Descobrimos que um número crescente de clientes estava comprando assinaturas Advanced não para administrar um negócio ou organização, mas para fins como criptomoedas e mineração de Chia, indivíduos não relacionados que agrupam armazenamento para casos de uso pessoal ou até mesmo casos de revenda de armazenamento”, escreveu a empresa em uma postagem do blog.
A Chia é uma criptomoeda minerada com espaço em disco. Ela tem uma proposta bem diferente de outras moedas que funcionam com Proof-of-Work (Mineração através de poder computacional) ou Proof-of-Stake (Feita com alocação de valores).
A moeda usa um algorítimo de “Proof of Space and time” (Prova de Espaço e Tempo, em tradução livre). Isso quer dizer que ela é minerada através do uso do espaço livre em disco rígidos ou SSDs.
De acordo com o site oficial do projeto, a mineração de Chia funciona através do espaço não usado de armazenamento. Assim, o usuário instala um software que armazena uma coleção de números criptográficos em plots.
Conforme publicado pelo Livecoins em 2022, há grandes riscos de usar SSDs para mineração de criptomoedas, já que o processo coloca muito estresse no hardware e diminui consideravelmente seu tempo de vida.
A mineração de Chia pode queimar um SSD de 512GB em apenas 40 dias. Durante testes feitos por especialistas, alguns SSDs se tornaram inúteis após 5 meses de mineração, o que pode explicar a decisão da Dropbox.
“Nos últimos meses, assistimos a um aumento deste comportamento na sequência de outros serviços que fizeram mudanças políticas semelhantes. Observamos que clientes como esses frequentemente consomem milhares de vezes mais armazenamento do que nossos clientes empresariais genuínos, o que corre o risco de criar uma experiência não confiável para todos os nossos clientes.” — Disse a empresa.
Empresas de armazenamento em nuvem fogem de criptomoedas
O cenário global de armazenamento em nuvem vem mudando rapidamente. Recentemente, gigantes como o Google têm introduzido restrições similares em seus serviços.
Em maio, a gigante de buscas eliminou a oferta de “tanto armazenamento quanto você precisar” de seu plano Workspace Enterprise e, em 2021, encerrou a oferta de armazenamento ilimitado gratuito para o Google Fotos.
As alterações refletem as crescentes demandas e custos associados ao armazenamento em nuvem, e as empresas agora estão procurando equilibrar a oferta de valor com a viabilidade financeira.