Dentre as grandes falências do último ano, a Celsius é um nome presente. No total, estima-se que a plataforma cripto possui uma dívida de US$ 4,7 bi (R$ 24 bilhões) com seus mais de 100.000 credores.
Em processo de recuperação desde julho do ano passado, no chamado Capítulo 11, a Celsius chamou atenção nesta terça-feira (24) ao sugerir a criação de um novo token para quitar sua dívida. Em outras palavras, seria como criar um dinheiro — que não vale nada — e torcer para que alguém o aceite.
A ideia pareça maluca, mas já funcionou no passado com outras empresas. O maior exemplo é a Bitfinex. Hackeada em 2016, a corretora criou o token BFX, distribuindo em 1:1 aos seus clientes para cada dólar perdido.
Além do plano da Bitfinex ter funcionado, mantendo-a ativa e evitando a falência, mais tarde os EUA recuperaram grande parte dos quase 120.000 bitcoins roubados, hoje equivalentes a R$ 13,8 bilhões. No entanto, o montante ainda não foi devolvido pelo governo americano.
Voltando ao caso da Celsius, a plataforma que oferecia dividendos aos seus clientes já possui um token homônimo, de sigla CEL. Embora seu preço esteja 92,5% abaixo de seu topo histórico, vale notar que outros projetos que seguem vivos apresentaram quedas semelhantes durante o último bear market.
Celsius quer criar outra criptomoeda para quitar dívidas
Segundo informações da Bloomberg, são os próprios credores quem estão pressionando para que esta ideia seja levada adiante. Afinal, todos estão com suas criptomoedas — ou o que sobrou delas — presas na plataforma da Celsius.
No entanto, tal proposta deve receber a aprovação do juiz Martin Glenn, responsável pelo caso. Além disso, os próprios credores devem votar para que isso ocorra.
Portanto, ainda que não seja a solução adequada, a empresa pode acelerar todo processo de recuperação judicial. O maior desafio, no entanto, pode vir depois. Afinal a Celsius precisaria mostrar receita, algo difícil de ocorrer.
Como exemplo, a mineradora Core Scientific — que também declarou falência — desligou 37.000 equipamentos de mineração da Celsius no início deste ano, notando que esta última lhes deve quase R$ 40 milhões em custos de energia.
Aos investidores, auto-custódia
Se o último bear market provou algo aos investidores, é que tamanho não é documento. A maior mineradora de Bitcoin faliu, a segunda maior corretora provou ser um golpe e outras tantas empresas cripto que lidavam com bilhões de dólares seguiram pelos mesmos caminhos.
Portanto, aqui não existe “grande demais para quebrar”. Sendo assim, investidores devem manter suas criptomoedas em auto-custódia. Afinal, comodidade e pequenos retornos podem ser bastante atrativos, mas também são muito perigosos, não valendo o risco-retorno.