O presidente Jair Bolsonaro voltou a discursar publicamente e citar um antigo contrato da Funai que tinha objetivo de ensinar índios a usar Bitcoin. O caso já foi lembrado em vários eventos públicos e costuma arrancar risos dos seguidores mais fieis do presidente.
Em conversa com o programa Meio Dia RN, da 96 FM em agosto de 2021, ele já havia mencionado a situação.
Já em dezembro daquele mesmo ano, Bolsonaro também discursou no Fórum Moderniza Brasil – Ambiente de Negócios, quando citou o contrato cancelado no início de seu mandato.
Em evento de transposição do Rio São Francisco, Jair Bolsonaro lembra que cancelou contrato da Funai que dava “Bitcoin para índio”
Nesta quarta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro esteve no Rio Grande do Norte em vistoria das obras da Barragem Oiticica e anunciou novos investimentos para a região.
Como parte do roteiro, ele participou de um evento com autoridades locais e acabou discursando para o povo, quando, em tom acalorado, revelou que a Funai tinha um contrato no antigo governo para “ensinar o índio a mexer com Bitcoin”.
“Vocês querem ver uma coisa, durante a transição nós tivemos um período após as eleições, nós tivemos no Banco do Brasil em Brasília, conversando quem vai ser futuro ministro, o que tá acontecendo no governo anterior. Olha a Funai pessoal, o que nós descobrimos por parte da Funai? Tinha um contrato de R$ 50 milhões para ensinar o índio a mexer com Bitcoin… Ah, vai pra p*ta que o pariu, p*rra”.
A fala do presidente foi seguida de reação da plateia, que desaprovou a medida e concordou com Bolsonaro. Em fala a Rádio 96 FM em 2021, ele chegou a dizer que 99% dos brasileiros nem sabem o que é o Bitcoin.
O que era o contrato da Funai cancelado pelo presidente?
Nos primeiros dias de seu mandato, o presidente Jair Bolsonaro barrou um projeto de criptomoeda da FUNAI.
A FUNAI é um órgão governamental que reconhece e luta pelo direito dos povos indígenas, e que está em funcionamento desde 1967 no país.
Assim, um projeto da FUNAI com a Universidade Federal Fluminense (UFF) destinaria R$ 44,9 milhões para a criação de uma criptomoeda indígena, mas a Ministra Damares Alves conversou com Bolsonaro e o projeto aprovado no final do mandato do Governo Temer não prosperou.
Em agosto de 2020, a ministra relembrou o episódio ao comentar em seu Twitter que gastou R$ 40 milhões para levar comida para os índios, e não criptomoeda.
Nenhuma comunidade indígena passando fome. Essa sempre foi nossa meta. Investimos R$ 40 milhões. Lembram que quando assumi a gestão da Funai impedi que fosse gasto o mesmo valor em criptomoeda para índio? Pois é. Com o mesmo valor alimentamos milhares de famílias tradicionais. https://t.co/8HTyfuVCPr
— Damares Alves (@DamaresAlves) August 12, 2020
Vale lembrar que a FUNAI nunca se manifestou publicamente sobre este episódio, nem a UFF.