A EXM Partners – administradora judicial do Grupo Bitcoin Banco – apontou que o conglomerado e o empresário Claudio Oliveira não são transparentes dentro do processo de recuperação judicial, aprovado ano passado pela Justiça.
Os relatórios contábeis e fiscais do grupo são inconsistentes. A empresa desapareceu de novo com 7.100 bitcoins e não explicou o motivo. Oliveira até hoje não pagou antigos colaboradores, bem como fornecedores. Para completar, o grupo não liberou os saques de quase 30 clientes da exchange Zater Capital.
As informações estão no último relatório mensal de atividades da administradora judicial. Na semana passada, a EXM Partners entregou o documento – que a reportagem do Livecoins teve acesso – para a 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de Curitiba (PR).
Processo de recuperação judicial do Grupo Bitcoin Banco corre risco
De acordo com a EXM, se o Grupo Bitcoin Banco não apontar o paradeiro das criptomoedas e regularizar a situação financeira e contábil em até 10 dias, o processo de recuperação judicial corre risco.
“Diante do exposto no Relatório Mensal de Atividades (…) se faz necessária a intimação das recuperandas de maneira URGENTE, via seus representantes, para, no prazo máximo de 10 dias, sob pena de CONVOLAÇÃO EM FALÊNCIA, conforme previsto no art. 94 da Lei 11.101/05”, disse a EXM em petição enviado à Justiça, junto com o relatório de atividades.
A reportagem contatou o Grupo Bitcoin Banco, mas a empresa não enviou resposta até o fechamento desta matéria.
Para onde o Grupo Bitcoin Banco mandou os 7.100 bitcoins?
A administradora judicial quer saber o paradeiro dos 7.100 bitcoins do Grupo Bitcoin Banco. De acordo com EXM Partners, a empresa “pulverizou” as criptomoedas, sem aviso prévio. A mesma situação havia ocorrido em maio deste ano. Naquele mês, um advogado chegou a pedir a prisão de Oliveira, que já foi conhecido como “rei do bitcoin”.
“Posto o presente cenário marcado por ausência de transparência para com esta Administradora Judicial e, consequentemente, para com a presente recuperação judicial, reitera-se o quanto exposto em página 21 do relatório mensal, no sentido de que as Recuperandas apresentem em caráter de URGÊNCIA, no prazo de 10 dias, a devida justificativa das operações relatadas acima e a destinação numerário superior a 7.100 BTC informados em 15/05/2020”, informou a EXM Partners.
A administradora judicial também solicitou que o Grupo Bitcoin Banco deposite cerca de 800 bitcoins em uma conta judicial.
Grupo Bitcoin Banco não libera R$ 708 mil para investidores e não paga fornecedores
Também no relatório de atividades, a administradora judicial pediu para o Grupo Bitcoin regularizar os relatórios contábeis e fiscais da empresa, bem como o passivo extraconcursal (dívida feita depois que a empresa entrou em recuperação judicial).
Além disso, a EXM Partners determinou que o grupo regularize os saques e resgates pendentes de clientes da exchange Zater Capital. De acordo com o documento, quase 30 pessoas estão com dinheiro preso, sem justificativa. A dívida é de R$ 708 mil.
Por fim, a administradora judicial também pediu para a empresa pagar os fornecedores contratados para viabilizar a recuperação judicial. A empresa de Oliveira contratou serviços de contabilidade, por exemplo, mas até agora não honrou com R$ 245 mil acordados.
Justiça está cercando cada vez mais o Grupo Bitcoin Banco
Além dos problemas no processo de recuperação judicial, o Grupo Bitcoin Banco e Oliveira também enfrentam agora a Polícia Federal. Na início deste mês, a pedido da Polícia Civil do Paraná, a Justiça colocou a PF “na cola” do conglomerado e do empresário.
O motivo é a possível existência de crimes contra o sistema financeiro nacional, a exemplo de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Na decisão, a juíza Camile Santos de Souza Siqueira disse que a suposta fraude montada pelo Grupo Bitcoin Banco foi “sofisticada”.