Dias após o coletivo Anonymous vir a público oferecer investimentos para startups, outro caso surge de forma semelhante. Um misterioso hacker afirmou que vai dar recompensa de R$ 400 mil, em Monero ou Bitcoin, para quem atacar empresas que não ligam para a privacidade. O programa de recompensas para hacktivistas poderia impactar até mesmo empresas do Brasil.
A prática de hacktivismo no mundo tem causado alerta entre empresários e governantes
A prática de “hacktivismo” implica em utilizar as habilidades com computador para buscar promover uma ideologia política. Ou seja, um hacker que quer levar uma mensagem para a sociedade, pode atacar uma empresa de interesse público e vazar seus dados.
Os responsáveis por essa prática comumente acreditam que essa é uma forma de melhorar o mundo. O maior exemplo de vazamento de dados já ocorrido pode ser o realizado pelo ex-funcionário da NSA, Edward Snowden.
Com Snowden tendo vazado dados considerados confidenciais para o governo dos EUA, as relações diplomáticas deste país ficaram severamente abaladas. Entretanto, no último dia 20 de novembro, Snowden teria recebido informações que o diretor da NSA confessou que Snowden tornou o mundo um lugar melhor.
Hacker oferece grande recompensa em Bitcoin e Monero por trabalho polêmico
De acordo com uma postagem realizada no pastebin, no último dia 18 de novembro, o hacker Phineas Phisher convoca os hacktivistas para uma nova tarefa. No momento da escrita deste, mais de 28 mil visualizações únicas já teriam sido feitas nesta postagem, com apenas três dias no ar.
O documento que contém quase 500 linhas, mostra que para obter a recompensa de U$ 100 mil em criptomoedas, as pessoas terão que atacar empresas de interesse público. O hacker Phineas Phisher afirmou que irá, através da mídia, monitorar o desempenho dos hackers e avaliar o quanto será pago pelo trabalho.
Phisher afirmou que alguns alvos deveriam ser o foco dos hacktivistas, tais como:
- as empresas de mineração, exploração madeireira e pecuária que saqueiam nossa bela América Latina (e matam defensores de terras e territórios tentando impedi-los);
- empresas de vigilância como o grupo NSO;
- empresas penitenciárias privadas, como GeoGroup e CoreCivic / CCA, e lobistas corporativos, como ALEC;
- entre outros mais.
De fato, alguns alvos dessa caça à recompensa pode aparecer no Brasil. Uma vez que o hacker definiu a América Latina como alvo, o Brasil passa a ficar em destaque.
Na postagem, o misterioso hacker ensina alguns passos sobre o trabalho e conta como invadiu um banco nas Ilhas Cayman há quatro anos.
Atividade hacker é crime no Brasil de acordo com Código Penal
No Brasil, de acordo com o Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, no qual institui o Código Penal, é crime a invasão de dispositivos informáticos. O artigo 154-A, dispõe que um acesso sem autorização a um dispositivo, conectado ou não, a pena mínima é de detenção de 3 meses a 1 ano mais multa.
Já em casos que envolvem sigilo, como a recompensa proposta pelo hacker em Bitcoin ou Monero, as penas são maiores. Em casos de ataques a governantes, como o hacker incentivou, a pena ainda vai com agravantes.
Em resumo, apesar do hacktivismo propor melhoras ao mundo, é tratado como crime perante legislações de diversos países. O hacker que expôs seu método de trabalho e incentivou as pessoas a realizá-lo também, certamente não revelou sua nacionalidade.
Por fim, a associação das criptomoedas em ataques realizados por hackers não demonstram o verdadeiro propósito desta tecnologia. Quando Satoshi Nakamoto criou o Bitcoin, por exemplo, pensou nesta como meio de pagamento livre pela internet.