Uma carta escrita por vários grupos da indústria financeira foi enviada para o Comitê de Supervisão Bancária da Basileia (BCBS), segundo o Financial Times, alertando que regras desnecessariamente restritivas causarão mais danos que benefícios ao setor.
A carta é uma resposta ao relatório escrito pelo BCBS, comitê com maior poder para definir padrões bancários no mundo, em junho deste ano, no qual há uma forte repreensão às criptomoedas.
Segundo o comitê, o crescimento das criptomoedas poderia acabar com a estabilidade financeira e aumentar os ricos enfrentados por bancos. Uma de suas propostas seria dividir o setor em dois: stablecoins e criptomoedas.
Os bancos poderiam trabalhar com stablecoins normalmente caso as empresas estivessem com os seus lastros em dia, o tempo inteiro. Já as criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, enfrentariam mais barreiras, requerendo que os bancos mantivessem um capital igual ao da exposição a tais ativos.
Tal declaração já começou a repercutir, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu disse na semana passada que as criptomoedas não são moedas e que era preciso distingui-las de stablecoins. Um discurso totalmente alinhado, ou ensaiado, com o posicionamento do BCBS.
A resposta da indústria financeira
A indústria financeira parece não ter gostado das restrições, em sua carta-resposta que foi assinada por grupos que representam bancos, gestores de ativos e a indústria de blockchain como Global Financial Markets Association (GFMA), Institute of International Finance e outros, há um apelo para que as regras não sejam tão rígidas.
Segundo os grupos, as regras podem fazer com que os bancos percam a chance de participar de uma indústria de 2 trilhões de dólares, mais de 10 trilhões de reais, e que está ganhando cada vez mais a atenção de seus clientes por conta da sua tecnologia.
Além disso, uma proposta tão conservadora poderá gerar atividades clandestinas, já que muitas pessoas buscariam por outras opções operando fora da legislação.
“Hoje acontece muita atividade fora do setor regulado. Nós acreditamos que todos ficarão melhor caso os bancos regulamentados possam participar de forma significativa nesses mercados , fornecendo acesso a seus clientes.”
A carta foi assinada por equipes de comércio em conjunto com a Associação de Mercados Financeiros Globais, o Instituto de Finanças Internacionais, a Associação Internacional de Swaps e Derivativos, o Fórum de Serviços Financeiros e a Câmara de Comércio Digital.
O fato é que o mundo financeiro tradicional não estava preparado para o crescimento exponencial das criptomoedas, e agora ele precisa correr atrás do prejuízo.
Enquanto alguns tentam se esquivar de uma tecnologia aberta, apoiada por números pré-definidos, outros buscam aproveitar essa oportunidade já que a tendência é ter cada vez mais procura.
Já do outro lado da moeda, o que muitos usuários de Bitcoin, e outras criptomoedas, mais querem é não depender de bancos para tomar conta do seu dinheiro. E mesmo assim, há espaço para estes bancos e gestores.