CPI da Íris ouve representantes de empresas parceiras da World no Brasil (Foto: Douglas Ferreira/ Rede Câmara-SP)
Na reunião da CPI da Íris na Câmara de São Paulo na terça-feira (30), vereadores conversaram com representantes de intermediadoras da Tools For Humanity (TFH) no Brasil, das empresas Festejola do Brasil Ltda e CV Gestão e Consultoria.
O primeiro depoente foi o Tiago Cortinaz da Silva, proprietário da CV Gestão e Consultoria, que alugava imóveis para a TFH em São Paulo. De acordo com ele, os pagamentos da empresa ocorriam aos intermediadores apenas em tokens da Worldcoin, que tinham que converter em Real brasileiro para realizar pagamentos a funcionários e aluguéis.
Tiago Cortinaz da Silva também contou aos integrantes da CPI da Íris que o foco da empresa era, exclusivamente, apresentar a possibilidade de cidadãos fazerem a verificação da íris e orientá-las quanto ao processo. “Não havia outra tratativa“, disse.
“Contratei sete pessoas, eu mesmo trabalhava nestes espaços. Nosso grande desafio era viabilizar áreas para executar o projeto. A Tools for Humanity dizia querer criar uma identidade única para cada ser humano de modo a mitigar possíveis fraudes do próprio uso da inteligência artificial“, completou.
O empresário destacou que tinha planos de abrir três locais para escanear a íris de brasileiros, mas que apenas um funcionou de fato. Atualmente, Silva lembra que não tem mais relação com a TFH.
O outro depoente na CPI da Íris foi o Otávio Negrão Roquim, que tem relação com a Festejola Brasil na Junta Comercial de São Paulo.
Otávio Negrão Roquim afirmou que seu trabalho consistia em assinar documentos, porém a participação foi marcada por contradições. “Eu assinava os papéis de locação e trabalhava na administração e vendas da Legale Serviços de Representação Ltda. Eu não atuava na Festejola, não tinha atuação. O advogado me pedia, dizia que poderia assinar e eu assinava. Eu lia os papéis e sabia o que estava assinando.”
No entanto, em outro trecho contou que assinava os contratos sem conhecimento do serviço que prestava.
Vice-presidente da Comissão de Inquérito, o vereador Gilberto Nascimento (PL) entendeu que Otávio Roquim trabalha como ‘laranja’ da empresa que prestou serviços à Tools for Humanity. A declaração foi dada à Rede Câmara SP.
“O depoimento do senhor Otávio deixou muito claro que, ao fazermos as perguntas, nada sabia. O advogado queria responder por ele em todos os momentos. Ele é ‘laranja’ em pelo menos três empresas. Em uma delas, entre 2015 e 2017, recebeu quase R$ 6 milhões do governo federal. Tem caroço nesse angu, temos que ir mais a fundo.”
O vereador João Ananias (PT), comentou que o depoimento de Otávio Roquim deixou a desejar pela ausência de informação. “Ficamos a ver navios. Ele não sabia de nada, nenhuma informação. Um depoimento que demonstra que ele é um laranja. Não sabia o que estava assinando, não lia nada que assinava e precisamos de fatos para avançar. Hoje, o que ele trouxe é criminal, pois se estivesse de forma presencial por aqui dificilmente sairia sem ser preso. Precisamos questionar as outras empresas e os contratos que têm.”
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