Muitos que procuram investir nas criptomoedas, como Bitcoin, por exemplo, acreditam que a moeda oferece grandes riscos como reserva de valor. Mas na pandemia do COVID-19, o investimento mais conservador do Brasil já registra prejuízos, após 18 anos.
No momento em que um investidor busca investir, duas opções são objetos de dúvida: mercado de renda fixa ou variável? Ambas as modalidades se diferenciam pelos retornos oferecidos aos investidores.
No mercado de renda variável, não há uma previsão de retorno garantida (se te oferecerem, desconfie). Ou seja, quando um investidor aloca um recurso em renda variável, ele fica exposto às oscilações de determinado mercado. Nas criptomoedas mesmo os investidores acompanham gráficos extremamente voláteis.
Como o próprio nome já deixa claro, os investimentos de renda fixa dão aos investidores uma previsão de retorno. Por esse motivo de fato são produtos considerados de “baixo risco”.
No entanto, o que muitos não sabem é que baixo risco é diferente de risco zero. Dessa forma, com a queda de juros feita pelo Banco Central do Brasil esse mercado tem sido pressionado.
Investimento mais conservador do Brasil registra prejuízo com queda da taxa de juros
A taxa básica de juros da economia é uma medida importante para decisão de investimentos no Brasil. Famosa “Selic”, é definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central do Brasil.
Com a crise em 2020, a Selic foi sendo reajustada para baixo, após uma série de estímulos na economia. Hoje a meta da taxa básica está em 2,00% ao ano, a menor de toda história do Brasil.
Com a redução da Selic, investimentos em renda fixa ficaram pressionados. A poupança, por exemplo, que ainda é considerada um investimento por muitos brasileiros, tem tido rendimento real negativo. Com a meta de 2% a.a. da Selic, a poupança deverá fechar 2020 “dando retorno” de 1,58% aos poupadores.
Contudo, a inflação é uma métrica que é desprezada por muitos que aportam na renda fixa. No caso da poupança mesmo, com a inflação esperada para 2020 em 2,1%, de acordo com última ata da reunião 223.ª do Copom, o rendimento real será de -0,52%. Se isso acontecer, será o segundo ano consecutivo de perda de valor no “investimento”.
Apesar disso, a poupança não é considerada o investimento mais conservador do Brasil. Isso porque, para muitos a poupança nem investimento é. Dessa forma, o retorno com Tesouro Selic (LFT) é que tem preocupado especialistas.
Tesouro Selic é o investimento que registra prejuízos, após 18 anos
O Tesouro Selic tem seu rendimento associado a Taxa Básica de Juros da economia brasileira, como o próprio nome diz. Vários fundos de investimentos também apostam no LFT para diversificar seus papéis.
Contudo, o ano de 2020 recebeu uma crise na saúde, que se estende para a economia. Dessa forma, para estimular a economia, uma das medidas foi reduzir a taxa básica de juros. O principal ativo a se beneficiar da alta passou então a ficar sob cautela.
A última vez que o Tesouro Selic registrou prejuízos foi em 2002. No entanto, em setembro de 2020 os investidores do Tesouro Selic estão com suas contas no vermelho.
Na página do Tesouro Direto, é possível ver que a rentabilidade bruta do Tesouro Selic 2025 está em -0,15%. Apesar do leve recuo, o investimento considerado mais conservador do Brasil já sente os efeitos das atuais políticas monetárias do país.
Essa queda, contudo, mostra aos investidores que ao fazer uma reserva de valor há riscos associados a oscilações de mercado, mesmo em operações consideradas conservadoras. Outros preferem o Bitcoin como reserva de valor, mesmo com a volatilidade da moeda digital, que já é comparada até ao ouro.
Quer entender porque o Tesouro Selic está registrando prejuízo? Assista abaixo a explicação de Richard Rytenband sobre o tema: