Em nota divulgada nesta quarta-feira (15), o Departamento de Justiça dos EUA anunciou a prisão dos irmãos Anton Peraire-Bueno e James Peraire-Bueno pelo roubo de R$ 128 milhões em criptomoedas. O ataque durou apenas 12 segundos, mas foi planejado por meses.
Na data do roubo, em abril de 2023, a empresa de segurança CertiK explicou que um bot de MEV realizou um ‘ataque de sanduíche’, executando e então revertendo uma transação para obter lucro, mas que os irmãos que rodavam um validador no Ethereum anteciparam essa transação.
Conforme esses bots não são bem vistos pela comunidade, o caso acabou sendo definido como ‘o ladrão que roubou o ladrão’, sem ninguém se importar muito. No entanto, as autoridades americanas parecem, sim, ter se importado com o ataque.
Irmãos pesquisaram como lavar dinheiro e buscar extradição em outro país
Embora o ataque tenha durado apenas 12 segundos, as autoridades apontaram que os irmãos se preparam por meses para realizar o roubo. Notando a complexidade do roubo, Thomas Fattorusso, agente especial de crimes cibernéticos da Receita Federal dos EUA, apontou que esse foi o primeiro ataque do tipo na história.
Explicando de forma simples, o processo aponta que a dupla estudou o comportamento da vítima, então rodaram um validador no Ethereum (que funciona como um minerador da rede) para alterar a ordem das transações pendentes e aplicar o golpe.
Outra curiosidade apresentada pelo Departamento de Justiça foi o histórico de pesquisas dos irmãos Peraire-Bueno. Segundo as informações, a dupla não apenas buscou informações sobre como realizar o ataque, mas também como se livrar dele.
“Eles recusaram pedidos para devolver a criptomoeda roubada e tomaram várias medidas para ocultar seus ganhos ilícitos.”
“Ao longo do planejamento, execução e consequências do golpe, Anton e James também buscaram informações online sobre, entre outras coisas, como realizar o golpe, maneiras de ocultar seu envolvimento no golpe, corretoras de criptomoedas com procedimentos limitados de “KYC” que eles poderiam usar para lavar os lucros criminosos, advogados com experiência em casos de criptomoedas, procedimentos de extradição e sobre os próprios crimes pelos quais foram acusados nesta acusação.”
Tanto Anton quanto James são formados pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), em ciência da computação e matemática, o que lhes ajudou a ter sucesso na execução do plano.
Irmãos serão julgados por golpe e conspiração para lavagem de dinheiro
Conforme a tecnologia das criptomoedas permite que qualquer pessoa analise transações de terceiros, as autoridades afirmam que descobriram a identidade dos irmãos apenas por seguir o rastro dinheiro.
Anton Peraire-Bueno, de 24 anos, e James Peraire-Bueno, de 28, estão sendo acusados de conspiração para cometer fraude eletrônica, fraude eletrônica e conspiração para lavagem de dinheiro. A pena máxima de cada uma dessas acusações chega a 20 anos de prisão.
“Os irmãos, que estudaram ciência da computação e matemática em uma das universidades mais prestigiadas do mundo, supostamente usaram suas habilidades e conhecimentos especializados para adulterar e manipular os protocolos confiados por milhões de usuários do Ethereum ao redor do globo”, notou Damian Williams, procurador dos EUA.
“Esse suposto esquema foi inovador e nunca foi executado antes. Mas, não importa o quão sofisticada seja o golpe ou quão novas sejam as técnicas usadas para realizá-la, os procuradores deste Escritório serão incansáveis em perseguir pessoas que ataquem a integridade de todos os sistemas financeiros.”
Por fim, a data do julgamento ainda não foi anunciada. De qualquer forma, a dupla pode passar um bom tempo na prisão para servir de exemplo para outros que pensem em cometer ataques semelhantes.