Com o andamento do projeto de leis chamado MiCA (Markets in Crypto Assets), todas stablecoins lastreadas em dólar podem ter grandes restrições na União Europeia. Contra isso, lobistas enviaram uma carta sobre o impacto que esta decisão pode ter.
Assinado pela Blockchain for Europe e pela Digital Euro Association, o documento aponta que as três maiores stablecoins do mercado, Tether (USDT), USDCoin (USDC) e Binance USD (BUSD) representam quase 3/4 do volume de negociações global do setor.
“Restringir seu uso na zona do euro faria com que os mercados de criptomoedas parassem, com efeitos potencialmente desestabilizadores e uma grande saída de atividades de criptomoedas para fora da União Europeia.”
Embora existam stablecoins lastreadas em euro, como a Euro Coin (EUROC) da Circle e a Stasis Euro (EURS), sua relevância para o mercado é quase nula quando comparado as outras acima.
União Europeia pode banir maiores stablecoins do mercado
Sendo o projeto de leis mais completo do mundo, o MiCA deve cobrir por completo o setor das criptomoedas, podendo ser replicado por outros países além dos 27 que fazem parte União Europeia. Apesar disso, nem todos concordam com o estado atual das diretrizes.
Já aprovado e aguardando detalhes finais, um dos pontos abordados são as stablecoins, que teriam restrições caso utilizem moedas estrangeiras como o dólar em toda ou parte de sua composição. O motivo é o medo de que estas moedas se tornem um padrão na região, causando estresse econômico com uma possível queda do euro.
Sendo assim, moedas como Tether (USDT) que hoje possuem um volume maior do que Bitcoin e Ethereum, correm o risco de serem banidos da União Europeia, causando uma separação deste mercado que, até o momento é visto como global.
“O volume de negociação por dia globalmente usando USDT é de cerca de US$ 53 bilhões, US$ 9 bilhões para USDC e US$ 7 bilhões para BUSD. Estima-se que os valores para a Zona do Euro sejam um quarto disso, ultrapassando o limite de € 200 milhões em uma ordem de magnitude.”
Indústria pode sair da Europa, apontam lobistas
Com isso, existem dois cenários. Stablecoins lastreadas no euro podem crescer a ponto de se tornarem comparáveis àquelas com paridade ao dólar ou então a indústria abandonar a Europa em busca de terras mais livres.
“Além disso, a concorrência e, posteriormente, a inovação seriam prejudicadas, pois as pequenas e médias exchanges lutam para atrair liquidez suficiente”, defende a carta dos lobistas. “Pequenos projetos de criptomoedas enfrentarão barreiras mais altas para ter seus tokens listados, o que diminuiria o ritmo da inovação.”
Sobre a outra opção, o documento aponta que a Stasis Euro (EURS) possui um pequeno valor de mercado, de apenas US$ 123 milhões contra os US$ 67,5 bilhões da Tether e os US$ 52,4 bilhões da USDC.
Por fim, o pedido é por uma maior clareza sobre a emissão e uso de stablecoins — chamadas de tokens de dinheiro eletrônico (EMTs) — excluindo negociações contra criptomoedas em exchanges e pool de DeFi. Afinal, o maior medo da União Europeia é que estas stablecoins lastreadas em moedas estrangeiras se tornem um padrão de pagamento, o que poderia reduzir a demanda, uso e valor de sua moeda local, o euro.