A corretora Mercado Bitcoin (MB) fez uma coletiva de imprensa nesta quinta (21) para explicar mais sobre as atividades suspeitas detectadas pela corretora. De acordo com o Mercado Bitcoin, poucas transações indevidas foram registradas pela plataforma no último ano, que possui até parceria com o COAF.
Em fala de Bernardo Srur, Head de Compliance, a corretora Mercado Bitcoin afirma que sua operação é uma das mais seguras do mundo. Na região da América Latina, por exemplo, o Mercado Bitcoin desponta como uma das principais, em volume e segurança, segundo Srur.
Durante a coletiva, o Mercado Bitcoin explicou que seu trabalho de prevenção à lavagem de dinheiro já é inclusive reconhecido internacionalmente. As criptomoedas já são parte das finanças mundiais, e uma decisão recente do Cade mostra essa realidade.
Mercado Bitcoin registra poucas operações suspeitas em transações de clientes, cerca de 1% e COAF é parceiro
O mercado envolto ao Bitcoin tem sido acusado de operar esquemas de lavagens de dinheiro, entre outros crimes. Contudo, um relatório recente feito pela Elliptic, menos de 1% dos Bitcoins são usados em crimes financeiros.
Dito isso, a corretora Mercado Bitcoin afirma que apenas 1% das transações que passaram por lá foram consideradas suspeitas, em sintonia com o estudo recente sobre este sensível tema. O estado que mais registrou problemas com o Mercado Bitcoin, no último ano, foi São Paulo, com 44,9% dos registros.
Em segundo lugar, aparece o estado do Maranhão, com 14,8% das ocorrências detectadas pelo MB. De acordo com estudo realizado pela equipe do Mercado Bitcoin, quando o preço do Bitcoin sobe, o número de ocorrências tende a aumentar.
Outra situação que é normalmente percebida pela corretora é que com preços do Bitcoin em alta, mais solicitações de suporte são exigidas. Dentre os casos de denúncias que o Mercado Bitcoin mais recebeu no último ano estariam phishing, assédio virtual e fraudes.
A corretora destacou sua parceria do COAF na prevenção à lavagem de dinheiro, informando que notifica casos suspeitos ao governo. Além disso, está disponível um canal de denúncias aos clientes, que é anônimo, e pode ajudar ainda mais no combate transparente a crimes financeiros.
Cade reabre investigação de encerramento de contas bancárias de corretoras nacionais
A recente posição do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, famoso CADE, chamou atenção do criptomercado brasileiro. Em uma votação na última quarta (20), conselheiros da autarquia federal optaram por restaurar a investigação de encerramento de contas de corretoras por bancos, unilateralmente.
A ação foi movida ainda em 2018 pela ABCB, quando o Banco do Brasil encerrou as contas da Atlas, uma empresa que oferecia rendimentos aos usuários. Como o Banco do Brasil resolveu encerrar unilateralmente uma conta, o caso poderia se enquadrar em uma prática abusiva.
De acordo com o Cade, um inquérito administrativo que havia sido encerrado em dezembro de 2019, foi retomado em 13 de maio. Há indicações que o Banco Central poderá participar dessa nova fase, assim como COAF, CVM e Receita Federal.
O Plenário, no entanto, ao discutir a sugestão da conselheira optou por seguir encaminhamento alternativo trazido pelo conselheiro Mauricio Oscar Bandeira Maia. Em seu despacho, ele destacou que existem dúvidas razoáveis sobre se os bancos e as correntistas de criptomoedas competem entre si, além de “um elevado grau de incertezas que cercam as atividades de criptomoedas, ligadas ao fato de existir um vácuo regulatório significativo sobre esse setor”.
A esperança dos envolvidos com criptomoedas é que os bancos parem com os encerramentos de contas.
Com assunto em alta, Mercado Bitcoin comentou sobre decisão do Cade
De acordo com Reinaldo Rabelo, do Mercado Bitcoin, este setor está mais maduro e mais seguro. Com isso, “temos uma competição clara entre corretoras de criptomoedas e bancos, dando uma sensação que há até uma ação coordenada entre os grandes bancos para realizar o encerramento de contas bancárias“.
Com a decisão do Cade de retornar com a investigação, há uma esperança que os bancos parem com os encerramentos. De fato, os clientes destes, quando interessados em comprar Bitcoin, podem também ser alguns dos principais afetados.
Além disso, Rabelo citou a mudança do JPMorgan, que alterou sua visão sobre o Bitcoin nas últimas semanas. Antes um crítico, o JPMorgan abriu contas para duas corretoras de Bitcoin dos EUA, mostrando que há espaço para que os bancos se beneficiem do criptomercado.
A posição de Bernardo Srur, é que há uma desculpa dos bancos ao afirmar que as criptomoedas são usadas para lavagem de dinheiro. Mesmo assim, há grandes chances dos bancos observarem no Bitcoin um potencial de complementar o sistema financeiro, e não ser apenas um concorrente.