Uma empresa que operava no Brasil, chamada Midas Trend, afirmou que está de mudança para o Canadá. A medida faz parte do plano de expansão internacional da empresa.
O que chama atenção neste caso são os motivos que justificam a mudança de país. Sem pagar os rendimentos prometidos aos investidores brasileiros há cerca de quatro meses, o presidente já se mudou de país.
Dentre os principais motivos para a mudança, de acordo com o presidente Devanir Santos, estariam a falta de segurança para os investidores brasileiros. Com a falta de regulamentação, o presidente teria deixado claro que o Brasil é perigoso para o futuro da Midas Trend. Além disso, problemas com acesso a contas bancárias seria um dos outros motivos que embasam essa migração.
A nova empresa, que vem sem chamada da Midas Internacional, já começa com problemas. Além de não pagar os rendimentos há quatro meses, ainda foi pedido paciência aos investidores de mais 90 dias (três meses). Muitos que aportaram na empresa valores consideráveis esperam que os sete meses sem ver o próprio dinheiro, nem uma fração dele, sejam resolvidos com a novidade.
Presidente da Midas Trend solta áudio para investidores do Brasil, Canadá foi país escolhido para “reiniciar”
Um dos principais lemas do presidente da Midas Trend é o “vamos pra cima”. Com a escolha do Canadá, país da América do Norte, Devanir Santos enfim cumpriu o lema, ao levar sua empresa acima, pelo menos em questões geográficas.
A justificativa para a escolha do Canadá foi compartilhada por áudios nos grupos da Midas Trend. Alguns investidores, que ainda acreditam na salvação da empresa, gostaram da novidade.
Isso porque o presidente prometeu que os problemas serão resolvidos, uma vez que no Canadá o cenário de regulamentação com criptomoedas é mais favorável. Esse fator poderia ajudar a Midas Internacional em sua instalação e recuperação, que não foi possível no Brasil.
O presidente da Midas Trend afirmou em seu áudio (escute no final da matéria), que no Canadá “é tudo liberado“. Contudo, a festa não é bem assim, uma vez que o governo local já se posicionou sobre este mercado desde 2019.
Mesmo assim, Devanir afirmou que como a plataforma ainda está em processo de migração não há previsão de quando o serviço será normalizado. Com isso, os investidores continuam no aguardo dos seus pagamentos, sendo movidos ainda pela esperança.
Bitcoin e criptomoedas não são ilegais no Canadá
Um documento oficial do governo local esclarece a atual regulamentação sobre as criptomoedas, como o Bitcoin. Nele, é informado que apenas o Dólar Canadense é uma moeda regulamentada. Com isso, as criptomoedas seriam espécies de commodities, ou seja, ativos digitais.
Mesmo assim, há normas para impostos com criptomoedas já em vigor, além da necessidade de informar os serviços prestados ao governo. Além disso, há uma discussão no país, desde 2014, sobre aplicar as criptomoedas na Lei de Financiamento ao Terrorismo. Caso seja finalmente aprovada, haverá uma maior fiscalização do setor, com todas as transferências em criptomoedas sendo auditadas pelo governo.
Em outro ponto, a CVM do Canadá, a CSA, atua na fiscalização do mercado de criptomoedas desde 2017. A instrução CSA 46-307 de 2017 regulamenta o mercado de criptomoedas no país, ou seja, não “é tudo liberado por lá” não.
Além de observar de perto as corretoras de criptomoedas, qualquer fintech que se instale no Canadá passa por alguma observação. Como a Midas Trend já é investigada pela CVM no Brasil (processo SEI nº 19957.006646/2019-48), a CSA poderia prestar ainda mais atenção nessa empresa, dificultando sua atuação.
O Livecoins entrou em contato com a CVM, que nos informou que o processo continua em andamento. Contudo, as informações sobre o caso tramitam em sigilo, não sendo possível o fornecimento dos desdobramentos deste caso.
Escute aqui na íntegra o áudio compartilhado nos grupos que seria de Devanir Santos, presidente da Midas Trend:
https://soundcloud.com/user-835730025/1-5014998531446931573a
Cabe o destaque que o Livecoins procurou novamente a Midas Trend para comentar sobre esta mudança de país. Até o fim desta novamente ninguém da empresa respondeu aos questionamentos.