Mirelis Zerpa chegou ao Rio de Janeiro no sábado 21 de junho de 2025 (Foto/Reprodução)
A venezuelana Mirelis Dias Zerpa, mulher de Glaidson Acácio dos Santos (o Faraó dos bitcoins), chegou ao Brasil no sábado (21), após ser deportada dos Estados Unidos pelo Governo de Donald Trump.
Presa desde 2024, a justiça brasileira já havia pedido a sua extradição para responder por crimes financeiros no país. Sócia da GAS Consultoria Bitcoin, com sede em Cabo Frio no Rio de Janeiro, ela movimentou bilhões de reais pela empresa.
Com processos na justiça, ela fugiu dias antes da Operação Kryptos deflagrada pela Polícia Federal em 2021. Agora no Brasil, ela deverá responder pelos crimes a ela imputados na justiça.
Em conversa com o Livecoins, o advogado Artêmio Picanço, que representa vítimas de todo o Brasil no caso GAS, disse que o fato de que Mirelis Zerpa ter sido deportada é favorável aos investidores no aspecto moral, já que a situação era esperada.
Contudo, Picanço acredita que a prisão de Zerpa no Brasil não deve mudar muito o rumo de pagamentos feitos a clientes, visto que ela não tem cooperado com as autoridades e não deverá cooperar também no futuro.
“Para o aspecto de recebimento, ao meu sentir, não muda pois seria necessário que ela cooperasse, algo que a gente verifica que não é compatível com a própria índole da Mirelis. Por mais que seja incontroverso que existem valores em sua posse“, disse o advogado.
Nos próximos passos, ele acredita que os advogados da mulher do Faraó dos bitcoins devem entrar com recursos na justiça tentando liberar ela da prisão, ou algo similar a isso. “Os advogados devem tentar um habeas corpus ou conversão em prisão domiciliar provavelmente“, explica.
Informações compartilhadas pelo G1 indicam que Mirelis estava presa em Chicago (EUA) desde 2024, após sua prisão. Efetivada a pedido do Brasil, que chegou a incluir Zerpa na lista de difusão vermelha da Interpol, a justiça dos EUA ainda não havia liberado ela.
Contudo, com as novas deportações de estrangeiros realizadas pelo Governo Trump, abriu-se a possibilidade da venezuelana vir ao Brasil. Em janeiro de 2025, os advogados da mulher do Faraó dos bitcoins conseguiram adiar sua extradição.
Agora em junho a situação mudou, com ela chegando ao Brasil no Aeroporto de Fortaleza no Ceará. No local, ela foi presa pela Polícia Federal e, em avião da própria instituição, levada ao Rio de Janeiro, passando pelo Aeroporto do Galeão no sábado.
Em posse da PF, Mirelis poderá finalmente responder aos investidores onde estão os bilhões de reais levados pela sua empresa e de seu marido. Muitas vítimas aguardam há pelo menos quatro anos para reaver seus investimentos, visto que a empresa parou de pagar depois da operação policial.
Em nota, a Polícia Federal confirmou a prisão da venezuelana Mirelis, que já foi encaminhada ao sistema prisional do estado fluminense.
“A Polícia Federal prendeu, neste sábado (21/6), uma cidadã venezuelana deportada dos Estados Unidos, investigada no âmbito da Operação Kryptos, que apura a atuação de organização criminosa voltada à prática de crimes financeiros.
A estrangeira teve seu nome incluído na lista de Difusão Vermelha da Interpol e era considerada foragida da Justiça brasileira. Ela havia sido detida pelas autoridades migratórias norte-americanas e foi deportada ao Brasil, onde foi presa assim que desembarcou.
A ação cumpriu mandado de prisão preventiva expedido pela 3ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro. A mulher já foi denunciada e é ré em ação penal pelos crimes de operação sem autorização de instituição financeira, gestão fraudulenta, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Após os procedimentos de praxe, ela foi encaminhada ao sistema prisional do estado, onde permanecerá à disposição da Justiça.”
Mirelis Zerpa é uma figura que ganhou fama após praticar golpes de pirâmide financeira em investidores de todo o Brasil, ao lado do seu marido. Antes, ninguém conhecia ela e nem sabia muito sobre sua trajetória.
Contudo, após ganhar fama e passar a figurar como fugitiva internacional, ela tentou mostrar um lado “artístico” antes adormecido. Assim, lançou músicas e até uma coleção NFT de forma pública, utilizando suas redes sociais.
Além disso, teria comprado carros de luxo e até um avião, segundo apuração do Fantástico em 2023. Ao torrar o dinheiro das vítimas, a suspeita chegou a publicar na Times Square seus novos produtos lançados, como se fosse uma estrela.
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