Na última sexta-feira (8), um tribunal na Austrália condenou uma mulher de 41 anos por “lidar imprudentemente com US$ 4 milhões” provenientes de um crime após um erro da empresa de criptomoedas crypto.com.
A corretora, que é uma das mais populares do mercado, depositou por engano um total de US$10,5 milhões em sua conta, cerca de 50 milhões de reais, ao invés de fazer um reembolso de apenas US$ 100.
Na sentença, a juíza do caso destacou o caráter “oportunista” das ações de Thevamangari Manivel, que gastou boa parte do dinheiro, chegando a comprar uma mansão de R$ 6,8 milhões e zerou sua conta antes que a mesma fosse congelada.
“A gravidade de sua infração é notável, ou seja, US$ 4 milhões, gastos mesmo após ser alertada de que havia recebido o valor da vítima por um lamentável erro deles,” declarou a juíza.
O erro ocorreu quando um funcionário da crypto.com, ao processar um reembolso de US$ 100 a Manivel, digitou erroneamente o número da conta (10474143) ao invés da quantia devida. Assim, em vez dos US$ 100 devidos, US$ 10,474,143 foram depositados em sua conta.
Mulher recebe R$ 50 milhões por erro de corretora
Após ser alertada sobre o erro, Manivel insistiu em afirmar que o montante de US$ 10 milhões era um prêmio de uma competição da corretora. A informação foi negada pela Crypto.com.
Ela também usou parte do dinheiro para comprar quatro casas e enviou outros 4 milhões de dólares para a irmã, que reside na Malásia.
Cerca de seis meses depois, em dezembro de 2021, uma auditoria da crypto.com revelou o rombo. Mesmo após ser contatada pelo banco sobre o engano, Manivel tentou transferir milhões para contas no exterior e fugir da Austrália com milhares em dinheiro vivo.
Ela foi presa em um aeroporto tentando embarcar para a Malásia com US$ 11.750.
Apesar do imbróglio, a maioria dos US$ 10 milhões depositados por engano em sua conta já foi recuperada. Manivel devolveu mais de US$ 8 milhões e fez um acordo com a empresa de criptomoedas.
Antes do incidente, Manivel, que se mudou para a Austrália, trabalhava como caixa de supermercado, com planos de trazer seus filhos para morar com ela no país.
Em sua defesa, alegou que considerou as tentativas de contato do banco como ligações fraudulentas, além disso, disse que achou que tinha ganhado o valor.
Sentença de prisão
Na última sexta-feira (8), ela foi condenada a 209 dias de prisão, além de ter que cumprir 200 horas de trabalho comunitário com toque de recolher entre 22h e 6h nos próximos seis meses.
A juíza reconheceu que Manivel sentia remorso pelas suas ações e não cometeria o erro novamente:
“A tarefa de sentenciar você é difícil. Antes de cometer o crime, você era uma pessoa de caráter exemplar… engajada em trabalho duro e diligência para estabelecer uma vida melhor… Seu crime foi motivado pela sua situação e posso presumir com segurança que não ocorrerá novamente”, disse ela.
A mulher também foi condenada a realizar avaliação e tratamento para sua saúde mental depois de continuar a sofrer de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e hipervigilância decorrentes de seu tempo sob custódia
Ela não prestou declarações durante a breve audiência.