O Banco Central Europeu (BCE) publicou a fala de Fabio Panetta, membro do conselho executivo do próprio BCE, nesta sexta-feira (10). Intitulado de “O presente e o futuro do dinheiro na era digital”, sua fala abordou a criação do Euro Digital, bem como fez distinções entre esta CBDC, stablecoins e criptomoedas como o Bitcoin.
Dentre sua fala de maior destaque está um ataque as criptomoedas, na qual ele afirma que elas causam poluição, são amplamente utilizadas por criminosos e terroristas, e não oferecem nenhuma proteção ao investidor em relação à ataques cibernéticos.
Esta é uma mera promoção do futuro Euro Digital, que embora prometa concorrência tem como objetivo minar o futuro das criptomoedas e do livre mercado como é visto hoje, bem como a chegada de uma nova era de vigilância financeira como nunca vista antes.
Medo das criptomoedas gera ataques fracos
Para promover a CBDC — Moeda Digital de Banco Central —, o BCE afirma que “o Euro Digital não tem nada a ver com ‘cripto-ativos’ como o Bitcoin”, demonstrando que o Euro será garantido pelo Estado, ao contrário do BTC que não possui nenhuma entidade central. (Na verdade, isso é ótimo.)
Indo além, o BCE também mostra-se preocupado com o potencial das criptomoedas à medida que seu valor total de mercado já está na casa dos 2,5 trilhões de dólares (R$ 14 tri), sendo o Bitcoin (BTC) responsável por cerca de 40% deste valor com uma capitalização de mercado de 915 bilhões de dólares.
Todavia, as principais acusações sobre as criptomoedas estão relacionadas a poluição ao meio-ambiente, cujo consumo da mineração é maior do que a energia gasta pela Suiça. O seu uso em atividades ilegais, citando 3,5 bilhões de dólares, e também a falta de proteção ao consumidor em relação a segurança cibernética.
“De modo geral, é difícil ver uma justificativa para a existência de cripto-ativos no cenário financeiro.”
O fato é que o BCE possui uma visão totalmente enviesada sobre o assunto. Sobre gasto de energia, este é um fator muito subjetivo, além disso, a mineração tem tornado-se cada vez mais ecológica com o uso de fontes renováveis.
Além disso, embora 3,5 bilhões em atividades ilegais pareçam um grande número, em termos de porcentagem este valor é igual ou menor do que o uso de qualquer moeda fiduciária, como euro ou dólar, para tal. É o mesmo que querer proibir sapatos já que uma pessoa estava calçando um par deles durante um assalto.
Por fim, o BCE cita casos onde usuários perderam todas suas economias após perder o acesso a suas chaves privadas. Ou seja, isso está mais relacionado a falta de conhecimento do que tudo e deve ser solucionada com educação, o que o BCE não parece estar disposto a realizar. Além disso, muitos destes casos aconteceram quando o BTC estava barato e as pessoas não davam tanto valor a ele.
Stablecoins também ameaçam a soberania do BCE
Além das criptomoedas de preço livre, como o Bitcoin, as stablecoins também estão causando dor de cabeça para os bancos centrais. Afinal, agora empresas privadas não só podem como entregam melhores serviços aos seus usuários. Tanto que as CBDCs são uma espécie de cópias destes modelos.
Citando falta de transparência nas reservas destas empresas, o BCE afirma que elas não são tão estáveis porque podem apresentar perdas. Todavia, isso pode ser facilmente resolvido pelo livre mercado, que escolhe o melhor prestador de tal serviço.
Finalizando, a transcrição da fala de Panetta é apenas uma promoção do Euro Digital, que promete soberania — após querer banir outras criptomoedas, como visto acima —, privacidade, competição e eficiência. Então, esteja pronto para um mundo financeiro cada vez mais monopolizado, intrusivo e ineficiente.