Nigéria descobre que não é possível banir o Bitcoin

Vendo que o efeito de banir o Bitcoin não resultou muito bem no que eles esperavam, o banco então resolveu mudar de postura.

Quatro meses depois de começar um movimento para reprimir transações com criptomoedas, o presidente do banco central da Nigéria parece ter mudado de ideia sobre o assunto e disse agora que as moedas digitais “ganharão vida” no país.

Em fevereiro deste ano, o Banco Central da Nigéria (CBN) emitiu um alerta para todos os bancos comerciais sobre severas sanções regulatórias caso lidassem com criptomoedas.

Agora, porém, o CBN mudou de rumo e não vai mais tentar banir as moedas digitais.

Bitcoin banido?

O Bitcoin funciona por meio de uma rede descentralizada que o governo não pode controlar ou dar ordens, assim, pouco importa se um presidente ou qualquer outra pseudo-autoridade “permite” ou não seu uso, as pessoas podem simplesmente continuar usando, já que o Bitcoin é uma rede aberta e, portanto, não depende da autorização de ninguém.

Assim, legalmente falando o governo pode proibir o Bitcoin, tornando suas transações ilegais e reprimindo quem quer que seja encontrado negociando o ativo.

No entanto, a moeda digital tem uma rede descentralizada e com transações anônimas, então o governo não tem muito o que fazer a não ser torcer para que as pessoas não estudem e não entendam como a moeda digital funciona.

Em outras palavras, o Bitcoin continua funcionando normalmente para qualquer pessoa mesmo que o governo o proíba, e foi justamente o que aconteceu na Nigéria.

No início do ano, quando o governo decidiu “banir” o Bitcoin, o que se viu foi um aumento de procura e a moeda digital disparou, chegando a ser negociada por US$ 73 mil e tendo um volume de negociação triplicado.

De acordo com dados da CoinDance, os nigerianos negociaram mais de 550 bitcoins (cerca de US $ 22 milhões) em plataformas P2P desde que o governo proibiu suas transações.

O motivo da alta procura é que a inflação no país saiu do controle, a moeda da Nigéria, a Naira (NGN), vale pouco mais de US $ 0,002 atualmente. Os nigerianos, portanto, preferem ter bitcoins do que Naira – que além de ser considerada uma moeda inútil, continua perdendo valor.

Vendo que o efeito de banir o Bitcoin não resultou muito bem no que eles esperavam, o banco então resolveu mudar de postura.

Se você não pode vencê-los, junte-se a eles

Em fevereiro deste ano, o diretor do banco central do país publicou um alerta ameaçando  penalizar bancos que fornecessem serviços para usuários de criptomoedas. O Banco Central citou os riscos das moedas digitais, destacando a necessidade dos reguladores protegerem os investidores.

Ele também vinculou o Bitcoin com atividades ilegais, incluindo lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo.

Mas nesta semana, em uma reviravolta, Godwin Emefiele, o mesmo presidente do banco Central saiu publicamente em defesa do Bitcoin, dizendo que as moedas digitais “ganharão vida” na Nigéria.

“Estamos engajados no CBN e posso garantir a todos que a moeda digital ganhará vida na Nigéria.”

Ele não deu muitos detalhes se permitirá o uso de criptomoedas para pagamentos comerciais ou como investimento e nem indicou a data em que o Bitcoin terá novamente status legal.

Emefiele revelou isso na 279ª reunião do Comitê de Política Monetária em Abuja. Ele disse estar confiante de que criptomoedas como o Bitcoin serão legais na Nigéria novamente.

“Sobre as criptomoedas e o Bitcoin […] Ainda estamos conduzindo nossa investigação e vamos disponibilizar nossos dados”, disse.

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Vinicius Golveia
Vinicius Golveia
Formado em sistema da informação pela PUC-RJ e Pós-graduado em Jornalismo Digital. Conhece o Bitcoin desde 2014, atuando como desenvolvedor de blockchain em diversas empresas. Atualmente escreve para o Livecoins sobre assuntos de criptomoedas. Gosta de cultura POP / Geek. Se não estiver escrevendo notícias relevantes, provavelmente está assistindo alguma série.

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