Estamos vivendo em um mundo que será cada vez mais digitalizado. Transformações tecnológicas são uma constante e a descentralização da internet por meio da criptografia é a próxima grande revolução digital.
As pessoas têm sido exploradas por empresas de tecnologia. Essencialmente, estamos sendo enganados em fornecer dados valiosos com pouca ou nenhuma compensação das empresas que coletam e se beneficiam deles.
Gigantes da tecnologia como Google, Amazon, Netflix, Facebook e Microsoft são algumas das poucas empresas que atualmente obtêm um enorme lucro com os dados dos usuários. Entretanto, isso está prestes a mudar: com a Web 3.0, nós seremos recompensados por nosso tempo e dados.
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Estamos muito perto de ver a próxima — e atual, em alguns casos — geração da internet. Através dela, o poder, que antes se concentrava nas Big Techs, está passando para usuários individuais, como eu e você.
Web 1.0 e Web 2.0
O primeiro degrau
A internet nasceu construída sobre protocolos abertos, como HTTP, SMTP, SMS, FTP E IRC para sites, e-mail, mensagens, transferências de arquivos e bate papo.
A primeira versão da Internet — conhecida como Web 1.0 — chegou no final da década de 1990. A maioria dos sites eram páginas estáticas e era quase unânime que os usuários eram (apenas) consumidores, não produtores de conteúdo.
Os sites não eram particularmente interativos. Além disso, a maioria dos serviços eram pagos e controlados por meio de licenças.
Você não poderia fazer muito além de ler coisas e publicar conteúdo básico para outros lerem. Ou seja, não era possível opinar sobre um produto ou serviço, nem mesmo contribuir ou modificar seu conteúdo.
O degrau acima
Já a Web 2.0, difundida em 2004, é como, em maioria, conhecemos atualmente. Ou seja, baseada na ideia de “a web como plataforma”.
Tornou a internet um ambiente de cooperação e participação, com ampla liberdade de reutilizar conteúdo. Não existe uma autoridade central ditando regras específicas, mas sim uma inteligência coletiva não controlada.
Em outras palavras, ela permitiu que as pessoas comuns, como eu e você, saísse exclusivamente de consumidor de conteúdo para criador, podendo compartilhá-los livremente em blogs e mídias sociais, como Instagram, Twitter e Facebook, eliminando intermediários e sem custo adicional.
Comparação Web 1.0 x Web 2.0
Algumas pessoas também chamam a Web 2.0 como uma versão “leitura/gravação” da internet, em referência a um código de computador que permite abrir e editar arquivos de forma remota e com certa democracia, ao em vez de apenas visualizá-los.
Porém, para tornar as novas interações possíveis e customizáveis, as plataformas coletam os dados dos seus usuários. Quais? Todos que podem! Até mesmo os que não nos damos conta de que podem ser úteis para nos “manipular”, como o tempo que ficamos lendo a legenda de um post no Instagram!
Com o passar do tempo, a capacidade de coletar dados das pessoas cresceu tanto, que abriu um leque de possibilidades para as empresas — como dito anteriormente. Deste modo, conseguem não só melhorar nossas experiências nas plataformas como também gerar lucros estrondosos pelas — e com — as nossas informações. Afinal, acabam nos conhecendo melhores que nós mesmos.
Web 3.0
Também chamada de Web Semântica, a Web 3.0 é a nova era de internet.
Surgiu com o cofundador da Ethereum, Gavin Wood, em 2014 e não possui uma definição unânime. Porém, une a Web 1.0 com a Web 2.0 adicionando a inteligências das máquinas. Em outras palavras, está sendo construída sobre redes criptoeconômicas, como Bitcoin e Ethereum.
Nela, as máquinas se unem aos usuários na produção de conteúdo e tomada de decisões. Deste modo, a Web 3.0 é capaz de trazer para as duas frentes, pessoas e empresas, produtos com alto valor agregado.
Parece estranho e abstrato, mas a proposta é trazer uma nova forma de interação no meio digital, que incorpora a descentralização baseada em blockchains, o banco de dados público e distribuído.
Em outras palavras, em vez de os usuários apenas interagirem com plataformas “gratuitas” da internet em troca de dados, com a Web 3.0, também podem participar da governança e operação dos próprios projetos relacionados à tecnologia.
Agora, os dados ficarão atrelados diretamente às pessoas, a mesma coisa acontece com valores financeiros. O usuário pode levá-los para onde quiser, tendo controle total e portabilidade sobre eles.
Ser recompensado e não só usado. Já pensou?
Outro aspecto crucial é a interoperabilidade. O protocolo descentralizado SMTP (Simple Mail Transfer Protocol ou “Transferência de Correio), por exemplo, permite enviar um e-mail de um provedor para outro, sem qualquer atrito. Ou seja, torna possível enviar um e-mail do Gmail para o Hotmail e outros.
Além disso, a ideia central da Web 3.0 gira ao redor do consenso, com o aspecto financeiro embutido. Isso acontece porque, muitas vezes, os projetos como Theta (THETA) e o navegador de internet (browser) Brave, cujo token é o Basic Attention Token (BAT), incorporam tecnologias de várias criptomoedas e tokens não fungíveis (NFTs), recompensando seus usuários.
Isso significa que as pessoas podem se tornar participantes, ganhando por interagir — e não apenas por serem clientes ou produtos.
Nos exemplos acimas, o que temos é o seguinte:
- A plataforma descentralizada de vídeos, Theta (THETA), criada pelo cofundador do Youtube, Steve Chen, recompensa com seus token TFUEL quem cria e quem assiste vídeos na plataforma.
Ficou curioso? Confira aqui o THETA.Tv, o YouTube descentralizado.
- Já o navegador de internet Brave que, além de bloquear qualquer coleta de dados pelos sites e anúncios em vídeos de forma totalmente gratuita, remunera quem o utiliza com o seu token BAT.
Você pode baixar o navegador Brave por aqui. Possivelmente, depois de começar a usar, seu único arrependimento também vai ser não ter começado antes.
Abaixo, temos mais alguns outros exemplos de protocolos de temática Web 3.0:
Principais recursos da Web 3.0:
- Aberto – Por usar a blockchain, é feito com software de código aberto desenvolvido por uma comunidade e está disponível à vista do público.
- Sem confiança – Novamente, a “mágica do blockchain” sobressai. Com a tecnologia, a rede oferece liberdade aos usuários para interagir de modo privado e sem um intermediário . Portanto, sem “sem confiança”.
- Sem permissão – Qualquer pessoa, incluindo usuários e provedores, podem se envolver, sem precisar pedir permissão ou autorização, a uma entidade controladora.
- Ubíquo – “Ubíquo” significa onipresença. Ou seja, existe em toda parte, em qualquer local. Isso tornará a Internet disponível para todos nós, a qualquer hora e de qualquer lugar. Em algum momento, por causa da IoT (Internet das Coisas), a tecnologia permitirá o desenvolvimento de uma infinidade de novos tipos de dispositivos eletrônicos portáveis (gadgets) inteligentes, como a cafeteira ou o liquidificador.
Todos os dados serão acessíveis globalmente, mas os dados existentes não poderão ser editados ou alterados. Isso quer dizer, também, que os usuários irão poder enviar arquivos de maneira protegida contra cópia.
Também teremos uma ascensão de experiências hiperpersonalizadas, que mudam suas mensagens e seus formatos de mídia para cada visitante. Juntando com a tecnologia do machine learning (aprendizado automático de máquina), a capacidade da Web 3.0 de aprender e pensar enfatizará essa rica experiência para os usuários.
Com as características, fica claro que a Web3 nos leva em direção a propriedade de fato.
A imagem abaixo ilustra as principais características dessa nova tecnologia:
O futuro do mundo digital
O discurso da descentralização soa anárquico e anticapitalista. Porém, ao eliminar os atravessadores e intermediários, a busca é por agregar valor através de uma conexão direta entre fornecedores e consumidores.
A partir da hora que tudo que você publicar na internet for registrado no blockchain, em formato de token não-fungível (NFT), o autor passará a ter controle total sobre sua obra. Além de ter sua autoria sempre atrelada a ela, o usuário também terá o poder de autorizar qualquer uso dela.
Não é sobre tirar dinheiro do sistema, mas sim de mudar o sistema. A transferência do dinheiro para quem cria e quem consome otimiza os ganhos diretamente entre os contribuidores e os usuários.
Conclusão:
Em pouco tempo, a blockchain, Web 3.0 e os NFTs serão absorvidos e serão compreendidos de forma tão fácil quanto é a tecnologia de hoje. Não será preciso explicar os detalhes de funcionamento, igual como acontece com Instagram, um site de notícias ou o e-mail.
De fato, essa nova era da internet é uma uma possível solução para as preocupações sobre a centralização excessiva da internet em algumas empresas “Big Tech”.
Bobagem se preocupar? Não mesmo! Caso não se lembre, o Facebook, em particular, foi destaque inúmeras vezes por violar as leis de privacidade de dados e foi multado em US$ 5 bilhões em 2019 – a maior penalidade já emitida pela Federal Trade Commission (FTC).